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Roberto Carlos (1972)

Roberto Carlos (1972)

Olá pessoal, como estão vocês? Eu sou Flávio Oliveira e hoje falarei sobre um disco bem diferente dos já comentados até o presente momento em nosso blog. O motivo da escolha desse disco é simples: devemos celebrar esse grande artista da Música Popular Brasileira.

Falar de Roberto Carlos é simplesmente ver seus pais curtindo aquele som que serviu de base para os seus amores da juventude, mas que também embalou as suas desilusões e momentos épicos de nostalgia durante a vida. Sempre fui influenciado por minha mãe (Dona Rosa, aquele abraço!) e por minhas tias (Neuza, Orides e Maria – in memoriam) a ouvir Robertão desde pequeno. Poderia enumerar as diversas canções que fizeram e ainda fazem parte do patrimônio cultural brasileiro, tais como: Eu Te Darei o Céu, Garota Papo Firme, e Eu Sou Terrível. Mas nesta matéria, quero abordar um disco que retrata um Roberto Carlos mais maduro e adulto, e que retrata de forma bem realista as dificuldades da vida num tom bastante melancólico. Hoje minha resenha é sobre disco de 1972 do Rei Roberto Carlos (os discos do cantor não tinham título, exceto “Em Ritmo de Aventura”) e seus fãs sempre carregavam consigo um nome para cada disco do cantor, e o desse ano ficou conhecido como “A Janela”.

Como citado acima, o disco foi lançado em 1972, e Roberto sempre lançava seus discos no fim do ano, no dia do Natal. O álbum se mostra muito como biográfico, pois em várias canções há relatos da vida do cantor, tais como as dificuldades em um relacionamento com a chegada dos filhos (Quando as Crianças Saírem de Férias), a vontade de sair de casa e viver a liberdade (A Janela) e também o acidente ocorrido com o mesmo quando ele ainda era uma criança e que resultou na perda de sua perna direita.

As canções desse disco continuavam com uma determinada fórmula dos discos anteriores: a sólida parceria entre Roberto e Erasmo Carlos. O álbum trás uma sonoridade bem mais arranjada e marca o início de um novo modelo do cantor: mais romântico e introduzindo sua fé cristã em nas canções.

A primeira faixa do disco, que trás o nome do álbum (A Janela) marca o momento épico, pois é uma canção que retrata os momento de dificuldade da vida, na qual o jovem se presta a sair de casa para viver uma nova jornada. As melodias que seguem nesta canção são dignas de serem comentadas: orquestras que trazem uma climatização na canção e no roteiro da história, se misturam com as linhas de baixo de Paulo Cesar Barros (irmão de Renato, do grupo Renato e seus Blue Caps) e dão um toque de taciturnidade à canção. Seguindo, temos na próxima faixa a canção que foi sucesso na época “Como Vai Você”, do cantor Antônio Marcos.

As duas primeiras canções do disco se tornaram sucessos radiofônicos e serviram como motor para fazer o disco decolar nas paradas. A música “Como Vai Você” também ganhou notoriedade na voz de Antônio Marcos, que foi casado com Vanusa e que durante muito tempo (e acredito que até os dias atuais) cantou essa música em seus shows.

Outra canção que vale o destaque é ‘Você É linda’, que nos impõe um grande enigma até hoje. Nela fala-se sobre uma mulher desconhecida que está esperando um bebê, mas não sabemos quem é. Sendo assim, a canção pode nos trazer inimagináveis interpretações, mas isso eu deixo para vocês caros leitores.

O disco contém também uma canção que Roberto regravou do saudoso compositor Dorival Caymmi. A música tem um toque suavizado, mas que também é bem expressiva a melancolia do cantor. Outras faixas de sucesso deste disco foram ‘Por Amor’ e ‘A Distância’, canções bem representativas, afinal quem não se lembra daquele famoso verso, “Mas se não for por amor, me deixe aqui no chão”?, que expressa o sofrimento de um amor talvez não correspondido, ou que foi interpelado pela distância que castigava o coração do intérprete da canção. Já a faixa ‘A Montanha’ marca a introdução da fé cristã de Roberto Carlos em suas canções. Chega também a ser uma forma de agradecimento pelo sucesso que o rei fez com a música ‘Jesus Cristo.

Para finalizarmos, destaco a canção mais melancólica, ou melhor, a canção que é autobiográfica do cantor: O Divã. Essa canção chega a ser perturbante, podemos dizer que é o suprassumo da tristeza expressada nesse álbum. A capa do disco trás um Roberto Carlos com um olhar distante e a tristeza estampada em seu rosto angelical. Ainda sobre a canção citada acima, ela retrata a grande enfrentada por nosso intérprete e sua família em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo. Talvez essa canção seja um dos primeiros momentos da carreira do cantor em que ele relata como foi perder parte da perna direita em um acidente na linha do trem.

A música passa a impressão de que Roberto está conversando com um psicólogo no divã, porém, quem ouve esse desabafo em relação aos traumas enfrentados, porém superados, somos nós, ouvintes dessa belíssima obra do cantor e compositor Roberto Carlos.

Pode até parecer irônico, mas é a partir dessa tristeza estampada nas canções de Roberto e Erasmo Carlos, que percebemos como a melancolia pode transformar a dor em música, como pode exorcizar nossos problemas e por fim nos ajudar a superá-los.

Esse é um grande disco que recomendo à todos, valew pessoal!

Faixas do Disco

1 – A Janela

2 – Como Vai Você

3 – Você É Linda

4 – Negra

5 – Acalanto

6 – Por Amor

7 – A Distância

8 – A Montanha

9 – Você Já Me Esqueceu

10 – Quando as Crianças Saírem em Férias

11 – O Divã

12 – Agora Eu Sei

Ouça o disco de 1972 de Roberto Carlos completo!