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Silverchair – Freak Show (1997)

Silverchair – Freak SHow (1997)

Olá amigas e amigos do site A História do Disco, tudo bem com vocês? Espero que sim. Meu nome é Flávio Oliveira e venho aqui para bater um papo sobre mais um disco. Hoje vamos falar de uma banda que remete aquele saudosismo da MTV que nos marcou durante os anos 2000. Quem viveu essa época sabe muito bem do que estamos falando. Vários programas interessantes sobre bandas, videoclipes, humor com Hermes e Renato e o programa mais esperado do ano: a premiação do VMB. A MTV de 2019 não passa de um canal que reproduz um emaranhado de séries que quem não teve contato com o canal na época que me referi, vai associar ao canal VH1 da vida. Mas deixando de lado o saudosismo, vamos ao que interessa. Hoje vamos falar sobre um disco que marcou os anos 90 Pós Nirvana. O site AHD trás o disco Freak Show de 1997 da banda Silverchair.

O álbum Freak Show é o segundo da carreira da banda que é formada por Daniel Johns, Chris Joannou e Ben Gillies. O Silverchair surgiu em 1992 com os amigos da escola, durante a passagem dos integrantes pelo ensino fundamental. No começo a banda despontou com uma sonoridade grunge – algo bem normal pra época. O grupo de Daniels passou por diversas transformações ao longo da carreira, a cada álbum isso ficava mais explícito. No início o Silverchair era um quarteto e os rapazes faziam covers do Black Sabbath, Led Zeppelin e afins. Nesta época eles haviam formado o Innocent Criminals, tempos depois Tobin Finnane mudou-se do país por conta do trabalho de seu pai e assim a banda virou um Power Trio organizado da seguinte forma: Daniel Johns (guitarra e vocais), Bem Gillies (bateria) e Chris Joannou (baixo). A banda chamou atenção de alguns jornais locais e os integrantes começam a compor suas próprias canções. A popularização da banda trouxe resultados positivos: um contrato com uma gravadora, a Sony Music. Por isso em 1995 a banda lança seu álbum de estreia, o Frogstomp, álbum que tem um sapinho na capa. Vale ainda ressaltar que antes da fama a banda vinha se destacando em festivais locais, ganhando prêmios e também mostrando que eles não vinham para brincadeira. Outra coisa que merece ser mencionada é como surgiu o nome da banda. Por muitos anos o nome do grupo veio sendo associado a erro com a escrita da escrita “Silver Chair” retirada da canção Sliver do Nirnava e Berlin Chair do You I Am. Em 2007 os integrantes assumiram de onde realmente veio o nome do grupo. O nome veio da banda veio do livro de C.S. Lewis, As Crônicas de Nárnia, a cadeira de prata do original: The Chronicles Of Narnia: The Silver Chair.

O primeiro álbum do Silvechair teve uma boa recepção do público e alcançou sucesso, mas hoje no AHD vamos falar sobre o segundo álbum da banda. Com o sucesso do primeiro álbum ainda na sombra dos rapazes, eles decidiram gravar seu segundo disco, que levaria o nome Freak Show. O título é bem peculiar e sugestivo, pois nos lembra aqueles espetáculos de horrores circenses que datam fins do século XIX e início do século XX. Com temas que abordam raiva e distanciamento que a banda queria do primeiro disco, Freak Show recebeu disco de platina nos Estados Unidos e conseguiu colocar quatro compactos nas 10 Mais da Austrália com as canções: Freak, Abuse Me e Cemetery. O compacto The Door ficou na 25ª colocação.

O disco começa com uma pegada pesada que já mostra a banda com uma sonoridade bem agressiva. A sensação no início do álbum é que você está ouvindo um disco inédito do Nirvana, seja pela agressividade dos três integrantes ou pelas melodias que seguem quase que um padrão “Kurt Cobain”. Esse quase padrão fica mais nítido quando ouvimos a canção Lie To Me que é parecidíssima com Territorial Pissings do álbum Nevermind. Canções como Abuse Me e Freak são bem conhecidas do álbum. Em minha opinião, vejo a banda em excelente estado de espírito, no qual a química é notada a cada faixa. Depois do término do Nirvana, ficou um vácuo muito grande, mas aí veio o Silverchair e mostrou que outras bandas vinham para quebrar tudo.

A origem da capa desse disco também é bem macabra! A foto de um menino inocente e fofinho é originalmente de uma atração de circo real! O garoto da capa Grady Franklin Stiles Jr., nascido em 18 de Julho de 1937. Ele sofria de uma doença conhecida como ectrodactilia, que consistia na má formação dos dedos dos pés e das mãos. Quem nascia com essa deformação era chamado de homem lagosta. Não podemos deixar de mencionar a série norte-americana American Horror History, na temporada que aborda estes espetáculos bizarros. A quarta temporada de AHS apresenta a história ambientada em Júpiter, Flórida nos EUA e tem como temática central um dos poucos shows de aberrações que datam o ano de 1952, e na qual os donos desses espetáculos mantém seus conflitos entre os circenses e as “forças do mal”. Bom, quem tiver curiosidade vai perceber que existem várias referências na série, inclusive o ator Evans Peters sendo o homem lagosta, o personagem Jimmy Darling.

Pessoal, só para finalizarmos, o Silverchair evoluiu musicalmente e meio que acabou transformando seu modo de tocar. Os álbuns posteriores, Neon Ballroom de 1999, Diorama de 2002 e Young Modern de 2007 evidenciam muito essas transformações. Em suma, a banda é odiada por alguns e amada por outros, fica aí uma questão que envolve afinidades pessoais. Particularmente, eu acho que a banda evoluiu e partiu para composições um pouco mais complexas , deixando de lado riffs pesados e procurando explorar músicas que envolvessem maior complexidade e o uso de outros instrumentos – como uma orquestra. A criação nunca deve ser julgada, pois é fruto de um processo individual e intimista que é reflexo do que o seu autor no momento da criação. E se tratando de música, sempre vai ter uma galera que vai curtir e outra que não, algo totalmente natural. Hoje a banda vive uma pausa longa e cada um de seus integrantes tem seus próprios projetos . Daniel Johns, vocalista da banda, tem um projeto musical envolvendo música eletrônica e o meio musical pop. Mudanças radicais não é meus amigos?

Galera, espero que tenham gostado da resenha e que vocês ouçam esse disco. Vale a pena, pois além de fazer a gente lembrar um pouquinho da MTV, nos faz repensar de década de 1990, na qual pensamos que depois de 1994 e com o pós-Nirvana, o mundo musical teria acabado; a resenha deste álbum mostra o contrário, não é? Um forte abraço galera,  até mais!

Faixas do Disco

1 –  Slave

2 – Freak

3 – Abuse Me

4 – Lie To Me

5 – No Association

6 – Cemetery

7 – The Door

8 – Pop Song For Us Rejects

9 – Learn To Hate

10 – Petrol & Chlorine

11 – Roses

12 – Nobody Came

13 – The Closing

Ouça o álbum Freak Show na íntegra!

Confira o trailer da 4ª Temporada de AHS.

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Radiohead – OK Computer (1997)

Radiohead – OK Computer (1997)

Olá galera do blog A História do Disco! Aqui é o Denis Borges novamente, bora pra mais uma resenha? A de hoje é especial, um disco épico, singular e aclamado por todos. Então sem mais delongas, vamos à ele.

O disco OK Computer (1997) é um grande álbum, a obra-prima do Radiohead, que sempre marca presença em listas sobre os melhores álbuns de rock dos anos 90, e já foi considerado várias vezes como o melhor disco de todos os tempos. Sem entrar em méritos, se você não conhece o disco ou o histórico da banda e de seus mais recentes trabalhos, segue uma dica: antes de ouvir, abra sua mente, caso não o fizer você pode não estar preparado para o encontro. Definitivamente se você não é fã da banda de Oxford, mas está disposto a trafegar por esta sinuosa, surpreendente e ás vezes, nebulosa estrada, passear somente uma vez pela obra não fará você decorar o caminho de volta ou perceber as nuances do trajeto.

Hoje, olhando para o distante Pablo Honey, primeiro disco lançado pela banda em 93, e escutando A Moon Shaped Pool, último disco lançado em 2016, podemos afirmar que o Radiohead é a banda em atividade que mais evolui musicalmente , fazendo dos seus nove discos obras singulares e independentes uma das outras. A busca por novas sonoridades é o que torna o Radiohead uma banda única e admirada. É perceptível a forma conceitual com que a banda trabalha seus álbuns, OK Computer talvez seja o melhor exemplo disso. E muitas bandas beberam de sua fonte – Muse, Coldplay, Travis -, mas nenhuma alcançou a excelência dos caras.

Falando sobre o álbum, OK Computer (1997) é o terceiro disco do Radiohead, vindo após dois bons trabalhos: Pablo Honey(1993) e The Bends (1995). Como o nome sugere, umas das temáticas do disco é sobre como o ser humano interage com a tecnologia,  e também a clara insatisfação com o modo de vida que o homem já levava no final do século passado.

Com uma visão sempre crítica das coisas, Thom Yorke já enxergava a forma exacerbada como o mundo consumia tecnologia. A tão sonhada evolução de automatizar a nossa vida, deixando-a mais funcional, acaba sendo sufocada pelo uso excessivo e descontrolado da tecnologia, tornando raros os momentos de efetiva integração social. Hoje em dia é normal ouvir bandas relatando a falta de conexão que os celulares causam entre elas e o público. O simples ato de assistir um show acompanhado de seus amigos e torná-lo um momento único, se transforma em um mar de fotos, vídeos e likes. Posteriormente as pessoas apenas conseguem se lembrar desse “momento épico” que mal foi aproveitado, recorrendo a memória de seus celulares. Todas as músicas do álbum, de certa forma, nos levam a este tipo de questionamento. Thom Yorke ‘didatiza’ esse tema, transformando OK Computer em um disco conceito.

Em relação a sonoridade o álbum é totalmente fiel ao tema proposto. Uma mistura de rock com experimentos eletrônicos diversos, presentes em praticamente todas as músicas. Ao longo do disco percebemos as várias facetas de Thom Yorke com sua voz. A faixa, Filter Happier, é o melhor delas, na qual Thom emula sua voz feito a de uma máquina (computador), recitando um emaranhado de sugestões para se viver melhor.

O disco OK Computer começa com a enigmática Airbag, com seus efeitos eletrônicos disformes e assíncronos ao fundo. Yorke revela a aversão que possui por carros, e na letra ele relata um possível acidente sofrido onde ele foi salvo por um airbag. Logo em seguida temos a melhor faixa do disco, Paranoid Android, com seis minutos e vinte e sete segundos de diversas reviravoltas sonoras mesclando rock, um quase punk em alguns momentos, com eletrônico na sua melhor simbiose. Os vocais vão do sussurro aos gritos, para mim é uma obra perfeita.

A faixa, Subterranean Homesick Alien, começa calma e mantem-se em uma bela linha harmoniosa até o seu fim. As letras são carregadas de indagações como: Eu gostaria que eles descessem em meu caminho/ Tarde da noite quando estou dirigindo/ Embarcassem-me em sua linda nave/ E me mostrassem o mundo como eu gostaria de vê-lo. E essas indagações dão o tom de indignação do disco. A música mais lenta e melancólica do disco é Exit Music, algo que Thom Yorke sabe criar como poucos.

Let Down é mais uma bela e doce melodia onde Yorke despeja toda sua melancolia. Karma Police, um dos singles comerciais do disco, tem uma base simples de piano e violão onde, assim como em Creep (Pablo Honey), Yorke fala sobre o estranho, o esquisito, aquele que não se enquadra em nenhum lugar. Fitter Happier não chega a ser uma música, está mais para um texto narrado. Electioneering  é a mais popzinha do disco, mas nem por isso a menos interessante e vem cheia de riffs.

Clibimg  Up The Walls é um antônimo da  faixa anterior, mais calma, sombria e com um vocal distorcido, quase um lamurio, eu gosto muito do solo e do seu final. Outro single tocado nas rádios foi No Surprisesmelodia minimalista com letra que pode representar qualquer pessoa em um dia de questionamentos internos.

Uma de minhas faixas preferidas é Lucky que é extremamente bela em sua simplicidade, é uma faixa lenta, envolvente, bonita e ascendente.  A faixa The Tourist é mais limpa, lenta e hipnotizante, um belo fechamento para essa obra-prima que o Radiohead criou há quase 20 anos.

Um disco tão emblemático e único, gera uma certa preocupação ao tentarmos traduzi-lo em palavras, ainda mais quando você não as possui. Transformar sentimentos em palavras não é meu forte, ao contrário do compositor e vocalista, Thom Yorke.

Após OK Computer (1997) o Radiohead lançou Kid A (2000) e Amnesiac (2001), discos totalmente experimentais, onde predomina os elementos eletrônicos. Posteriormente a banda faz uma mescla de tudo que já haviam criado, com o disco Hall to the Tief (2003). Após um hiato de quatro anos eles lançam In Rainbows (2007), disco sensacional e com algumas particularidades, e que é merecedor de uma resenha própria. Já em 2011 lançam King of Limbs, outro bom disco. E em 2016 sai o último disco da banda até o momento, A Moon Shapad Pool, outro ótimo disco que ainda degusto quase que diariamente.

Eu, Denis Borges, acompanho a banda desde o seu segundo disco, The Bends (1994), e uma coisa eu posso dizer: experimentar, ousar, buscar o novo, isso é Radiohead! Espero que tenham gostado da matéria, e que ela tenha despertado em você caro leitor a vontade de ouvir este disco e consequentemente os outros álbuns da banda. Um forte abraço e até a próxima resenha, aqui no A História do Disco.

Faixas do Disco

1 – Airbag

2 – Paranoid Android

3 – Subterranean Homesick Alien

4 – Exit Music (For a Film) 

5 – Let Down

6 – Karma Police

7 – Fitter Happier

8 – Electioneering

9 – Climbing Up The Walls

10 – No Surprises

11 – Lucky

12 – The Tourist

Clique aqui e ouça o disco OK Computer completo!