Smashing Pumpkins – Mellon Colie And the Infinity Sadness (1995)
O ano é 1995. O disco é singular, ou plural, depende muito do ponto de vista, afinal trata-se de um álbum duplo. Assim como outros diversos álbuns dos anos 90, esse carrega consigo uma marca muito importante: álbum duplo mais vendido de todos os tempos. Põe importante nisso, não? Afinal, qualquer marca alcançada por um disco – vendas no país natal, vendas na Europa, parada da Billboard, etc – logo já imaginamos que se trata de bandas como The Beatles, Led Zeppelin, Queen ou Nirvana. Mas não dessa vez meus caros leitores, o feito acima citado foi do Smashing Pumpkins com o álbum Mellon Colie And The Infinity Sadness.
Sobre a Banda
Pra quem é marinheiro de primeira viagem, meu nome é Denis Borges e hoje falarei sobre uma banda formada em Chicago – sim, na gélida Chicago também tem rock do bom -, mais precisamente de uma banda formada em 1988 por William Patrick Corgan ou apenas Billy Corgan (vocal, letras, baixo, guitarra, produção, bate o escanteio, faz o gol, etc) e James Iha (guitarra). Em 1991 já com o baixista D’arcy Wretzky e com o baterista Jimmy Chamberlain os Pumpkins lançam o médio Gish, seu primeiro álbum de estúdio. Em 1993 eles vão pra uma nova gravadora e são impulsionados pela abertura que o rock alternativo – vulgo grunge. Introduzidos no mainstream americano o Smashing Pumpkins lançam seu segundo disco, o ótimo Siamese Dream. Duas coisas sobre esse disco alias, Billy Corgan regravou praticamente todas as linhas de baixo e boa parte das guitarras do disco, evidenciando como era difícil manter uma relação amistosa com o metódico e perfeccionista vocalista. A segunda é a comparação que acontecia com todas as bandas de rock alternativo que faziam sucesso naquele período, tornando todas as bandas em Nirvanas e Pearl Jams.
Mellon Collie And The Infinity Sadness
Após o sucesso de Siamese Dream, já consolidados no mercado, o Smashing Pumpkins lança em outubro de 1995 o seu maior e mais ambicioso disco, Mellon Collie And The Infinity Sadness. Um disco duplo que gerou certa desconfiança em seu lançamento, muitos diziam que somente o egocentrismo de Corgan para lançar um disco em um formato praticamente extinto no mercado. Contendo 28 faixas – 14 representando o dia em “Dawn to Dusk” e mais 14 representando a noite em “Twilight to Starlight”. Escutando os dois discos você não encontra referência direta ao dia (leve) ou à noite (pesado). Todas as canções do disco parecem dispostas aleatoriamente, sem nenhuma conexão, pois saímos de músicas altamente líricas com arranjos simples porém bem trabalhados, para encarar guitarras altamente distorcidas e vocais dilacerantes. Lembro-me que a minha primeira vez com o disco foi confusa e cheia de questionamentos.
O álbum é de difícil entendimento no primeiro momento, mas depois de um tempo na companhia do mesmo você dificilmente irá se desfazer de alguma faixa. Tudo parece perfeito em sua desordem e o vasto conhecimento musical que a banda possui beira a perfeição. A transição entre ritmos, nuances, texturas, instrumentos utilizados, impossibilita você rotular o disco. Ora leve e simples, ora pesado e complexo, ora melancólico, ora psicodélico, Mellon Collie And The Infinity Sadness realmente é dia e noite ao mesmo tempo. Através da belíssima capa e de todo o material gráfico criado para o álbum, percebemos o cuidado que Corgan & Cia tiveram ao tentar transportar a pessoa que está segurando o encarte para dentro daquela obra de arte de quase duas horas de som fazendo uma amalgama de som e imagem.
Este álbum é simplesmente sensacional, clipes como “Tonight, Tonight” nos dá a sensação de ligação entre áudio, vídeo e imagem gráfica, tudo se completando em perfeita sintonia, criando uma ambientação própria, seu próprio mundo. Que viagem! Mas esse disco é isso, pelo menos é o que captei e venho captando a cada vez que o ouço.
Agora falarei brevemente das músicas que mais se destacaram comercialmente, afinal, teríamos parágrafos e mais parágrafos se eu fosse falar sobre as 28 canções do disco. No “Dawn to Dusk” começamos com a faixa que dá nome ao disco “Mellon Collie And The Infinity Sadness”, uma bela música/introdução que conta somente com um piano nos deliciando e nos levando até um dos maiores singles do disco e da banda, a já mencionada “Tonight, Tonight”, com sua linda melodia sendo amparada por uma orquestra e com uma linda mensagem de esperança (The impossible is possible, tonight/Believe in me as I believe in you, tonight). Temos a pesada e raivosa “Bullet With Buttrfly Wings” primeiro single a ser tocado nas rádios, faixa que soa totalmente diferente de “Tonight, Tonight”. Destaque também para a espetacular “Muzzle”. É difícil citar apenas três faixas tendo ainda músicas como: “Jellybelly”, “Love”, “Zero”, etc. Em “Twilight To Starlight” tocaram e passaram seus clipes em exaustão a belíssima “Thirty-Three” e a saudosa “1979”.
Sem dúvida, Mellon Colie And The Infinity Sadness é um disco onde podemos tirar o que há de melhor do Smashing Pumpkins, Corgan disse inúmeras vezes que este álbum seria o último como as pessoas veriam a banda, fechando assim um círculo perfeito. Hoje, após mais de 20 anos entendo o que Corgan quis dizer. Apesar de alguns outros bons trabalhos, nada se compara ao que a banda entregou em Mellon Colie And The Infinity Sadness. A diversidade encontrada beirava a prepotência e arrogância para alguns, mas, na verdade, essa diversidade só mostra o quão a banda conseguiu transformar os seus sentimentos em música, e música de altíssima qualidade.
Queria agradecer mais uma vez a você que ficou até o final dessa resenha, eu espero ter despertado ao menos uma fagulha de curiosidade para que você meu caro leitor ouça esse sensacional disco. Afinal, ser o álbum duplo mais vendido da história tem que gerar algum sentimento. Um abraço à todos e encontro vocês na próxima resenha aqui no blog A História do Disco.
Faixas do Disco
CD 1
1 – Mellon Collie And The Infinity Sadness
3 – Jellybelly
4 – Zero
5 – Here Is No Why
6 – Bullet With Butterfly Wings
7 – To Forgive
8 – An Ode To No One
9 – Love
10 – Cupid De Locke
11 – Galapogos
12 – Muzzle
13 – Porcelina Of The Vast Oceans
14 – Take Me Down
CD 2
1 – Where Boys Fear To Tread
3 – Thirty-Three
4 – In The Arms Of Sleep
5 – 1979
6 – Tales Of A Scorched Earth
7 – Thru The Eyes Of Ruby
8 – Stumbleine
9 – X.Y.U
10 – We Only Come Out At Night
11 – Beatiful
12 – Lily (My One And Only)
13 – By Starlight
14 – Farewell And Goodnight
Confira o videoclipe da faixa Tonight, Tonight