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Daniela Mercury – O Canto da Cidade (1992)

Daniela Mercury – O Canto da Cidade (1992)

Salve galera que curte o site AHD, aqui estou eu Bruno Machado para mais uma matéria. Venho pesquisando cada vez mais discos que eu nunca tive contato, principalmente de artistas que já me chamaram atenção mais de uma vez com diversas canções e também com sua força dentro do cenário musical. Como bom carnavalesco que sou me lembrei de que um disco de axé ainda não tinha vindo aqui pro nosso site, ai resolvi falar do estilo por uma das cantoras mais icônicas do mesmo. Bora resenhar sobre o segundo álbum de estúdio de Daniela Mercury.

Eu fiz questão de escolher este disco pois “um tal de Liminha” que produziu, aí eu não resisti e pulei de cabeça no axé e na carreira de Daniela. Inclusive minha mãe passava pelo meu quarto e falava: Uai, se virou “axézeiro” agora!? Eu ri é claro, mas confesso que apesar de ser um cara mais ligado ao rock e ao pop, admiro acima de tudo músicas de qualidade, independente do estilo. E lógico, gosto de carnaval, mesmo porquê toco em um bloco da minha cidade natal, Taquaritinga/SP, interior do estado de São Paulo.

A baiana Daniela Mercury começou sua carreira cedo, e antes de se firmar na carreira solo foi backing vocal de Gilberto Gil e também fez parte da Banda Eva – que ficou famosa posteriormente por ter Ivete Sangalo com vocalista. A partir daí as portas se abriram pra cantora que foi pra carreira solo e já brilhou em seu primeiro álbum com o sucesso da faixa Swing da Cor. A faixa Menino do Pelô também ganhou destaque.

A partir do disco O Canto da Cidade, Daniela obteve mais recursos para fazer um disco melhor que anterior que é praticamente independente. O movimento Axé Bahia vinha ganhando força, atingindo outras regiões do país, Liminha entendeu tudo isso e fez a cantora explodir com a canção Canto da Cidade, que aliás dá nome a este segundo álbum de estúdio da cantora. E nesse álbum sentimos um trabalho mais cuidadoso em relação ao instrumental, linhas de baixo, percussão sempre bem encaixado e teclados dando o ar da graça na maioria das faixas.

A canção Batuque também é um destaque desse álbum, um axezão raiz, percussão alá timbalada ou mesmo olodum, música muito bem swingada, pra você que gosta desse estilo ou mesmo de carnaval, vale muito a pena conferir essa faixa. Outra canção que merece destaque é Bandidos da América, mostrando que o axé também abordar temas como política e questões sociais.

Em uma determinada parte do álbum, o mesmo começa a pender para um lado mais mpb e pop, em Geração Perdida temos até a impressão de que há um flerte de Daniela em relação a voz de Gal Costa, faixa que também abordar questões sociais. Posteriormente vem a faixa Só Pra Te Mostrar, que conta com a participação de Herbert Vianna, guitarrista, cantor e compositor da banda Os Paralamas do Sucesso.

Antes de falar mais sobre o disco é muito válido citar que o movimento Axé Bahia teve muitos representantes, não só Daniela Mercury. Entre eles temos: Luiz Caldas, Ivete Sangalo (desde que era vocalista da Banda Eva), Chiclete com Banana, Carlinhos Brown (não sou fã do cara, mas temos que admitir que ele é um dos maiores compositores da música brasileira, e já fez parceria com outros grandes nomes da MPB como Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Herbert Vianna), Netinho, Araketu, Timbalada e Olodum. O movimento se fortaleceu muito durante os anos 90 e o começo dos anos 2000, e passou a integrar a playlist dos carnavais pelo país todo, não só na Bahia. Só espero que as marchinhas nunca sejam esquecidas, pois foi por elas que o Carnaval ganhou vida!

Bom, voltando ao álbum temos uma pegada olodum na faixa O Mais Belo dos Belos (A Verdade do Ilê/ O Charme da Liberdade, climão de carnaval mesmo, vocalizes deliciosos e Daniela com uma afinação absurda – pra mim uma das melhores cantoras do nosso país. Posteriormente temos Rosa Negra, outra grande canção de Daniela, mais vez Liminha faz o baixo se mostrar presente, assim como teclado e guitarra. Os mesmos adjetivos servem pra faixa Vem Morar Comigo, linda canção com mudanças interessantes de ritmo, e até uma distorção meio rock’and roll no fim da música, vale muito a pena conferir.

Por hoje é isso galera, acredito que consegui passar à vocês o significado do álbum, tanto pro movimento Axé Bahia como pra Daniela Mercury. E tenho o prazer de reiterar que música boa não está somente em um estilo musical, mas sim em todos, o Brasil é um país muito grande e que tem muitas culturas diferentes quando se diz respeito a música. Eu gosto muito de rock e pop, são os ritmos que me fizeram amar a música, mas tenho muito respeito por todos os outros estilos, e acima de tudo amo o carnaval, por isso resolvi trazer essa matéria aqui pro AHD. Espero que todos tenham gostado, valew pessoal e até a próxima.

Faixas do Disco

1 –  O Canto Da Cidade

2 – Batuque

3 – Você Não Entende Nada/ Cotidiano

4 –  Bandidos Da América

5 – Geração Perdida

6 – Só Pra Te Mostrar

7 – O Mais Belo Dos Belos (A Verdade Do Illê/ O Charme da Liberdade

8 – Rosa Negra

9 – Vem Morar Comigo

10 – Exótica Das Artes

11 – Rimas Irmãs

12 – Monumento Vivo

Curta o videoclipe do sucesso O Canto Da Cidade.

Ouça o álbum O Canto da Cidade na íntegra!

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Stone Temple Pilots – Core (1992)

Stone Temple Pilots – Core (1992)

Fala galera do blog A História do Disco! Aqui é o Denis Borges e hoje mais uma vez vou dissertar sobre um disco que gosto muito. Aliás, gosto muito do disco, da banda e de todos os seus outros discos. Na minha última resenha eu falei sobre o OK Computer, disco do Radiohead, que se tornou um clássico dos anos 90.

Para uma próxima resenha eu estava pensando em permanecer desse ou daquele lado do Atlântico – tudo depende de onde você caro leitor está localizado – a vontade era de falar de grandes discos compilados no velho continente, mais especificamente, discos britânicos. Depois de Seattle, a terra da rainha Elizabeth é o lugar do mundo que mais contém bandas que eu gosto. Depois da gravação do programa que leva o nome do blog (A História do Disco, que e é transmitido pela Planeta Verde na 104,9 FM), no qual homenageamos o lendário Chris Cornell, o cara que abriu as portas do mundo para o som de Seattle, e porque não dizer, que abriu as portas para a banda que falarei hoje também, eu pensei na banda referente a matéria de hoje. Aliás, o fato de soar como uma banda grunge nem sempre ajudou no reconhecimento dessa banda, e em 1991 tudo que soava parecido com Nirvana e Pearl Jam logo ganhava destaque, mas só aqueles que realmente tinham algum valor seguiram adiante. Esse é o caso do Stone Temple Pilots.

Ao contrário do que muitos pensavam à época, e que ainda pensam hoje em dia, O Stone Temple Pilots é uma banda vinda da Califórnia. Formada pelos irmãos Robert (baixo) e Dean DeLeo (guitarra) , Eric Kretz (bateria) e o saudoso e talentosíssimo Scott Weiland nos vocais.

Tudo começou quando Scott conheceu Robert em um show do Black Flag e desde então começaram a fazer um som juntos sem maiores pretensões. Com o tempo Eric Kretz começa a tocar com os caras junto com um guitarrista chamado Corey Hicock. Quando o negócio começa a ficar sério, Robert chama seu irmão Dean – um dos melhores guitarristas dos anos 90 – para entrar no lugar de Hicock. Estava formado o Stone Tem…Não pera! Estava formado o Might Joe Young. Tudo isso em 1990.

Já em 1991 com uma demo em mãos e fazendo shows pela região de San Diego, um empresário da Atlantic Records foi a um show dos caras e logo após fez uma proposta para a banda. Apesar de meio reticentes, os cara acabam fechando com a gravadora para lançar seu primeiro álbum. Como possuíam boa parte das músicas prontas, a produção do disco não demorou. O único entrave para o lançamento era o nome, pois é caro leitor, o nome Might Joe Young já era usado por um bluesman de 80 anos oriundo de Chicago. O grupo decidiu então mudar o nome para algo que caberia na sigla STP. Se você está pensando naquela marca de óleo que tem um adesivo de fundo vermelho com as letras brancas contornadas em azul, você acertou! Na década de 80 todo mundo tinha adesivo dessa marca de óleo colado no carro, e os caras do Stone Temple Pilots tiveram um lapso de marketing e aderiram a sigla. Eles pensaram em nomes como: Shirley Temple’s Pussy, Stinky Toilet Paper, ou ainda Stereo Temple Pirates, antes de optarem definitivamente por Stone Temple Pilots.

Problema do nome resolvido, então em setembro 1992 é lançado o Core, primeiro álbum de estúdio do Stone Temple Pilots. Aliás, Core é um daqueles primeiros discos que dificilmente a banda conseguiria fazer algo melhor, não por não ter tido sorte ou não ter capacidade, mas por sua qualidade musical, que alias nunca faltou à banda. Falo isso porque mesmo emplacando diversos singles e ganhando diversos prêmios com este primeiro álbum, o Stone Temple Pilots era sempre a banda que misturava Pearl Jam, Alice In Chains e alguma outra banda grunge. E como citei acima, toda banda boa de rock alternativo da época carregava esse estigma de ser influenciado pelo som de Seattle.

Mas vamos falar sobre o que importa, o disco! Ele começa com com a ótima faixa ‘Dead and Bloated’, que contém uma letra sombria e uma melodia pesada. O primeiro single e sucesso da banda foi a segunda faixa do disco, ‘Sex Type Thing’, porrada na orelha para embalar uma letra que fala de abuso de poder contras as mulheres, algo que com certeza ainda existe, infelizmente. A terceira faixa também foi um single deste álbum a estourar comercialmente, ‘Wicked Garden’ – outra pedrada. Até aqui citei três faixas que estão em qualquer coletânea da banda. A segunda música a tocar nas rádios foi a que consolidou, escancarou, que estabeleceu e que fez o mundo conhecer o Stone Temple Pilots, estou falando da faixa ‘Plush’. Essa é aquela música chiclete, com belos riffs , boa melodia e muita qualidade musical. Muitos comparam esse som ao do Pearl Jam, mas a verdade é que esse hino dos anos 90 comprova a imensa qualidade que o Stone Temple Pilots tem como banda.

O disco ainda tem a bela e calma canção ‘Creep’, outro sucesso da banda. Não poderia deixar de falar sobre ‘Crackerman’, gíria destinada a compradores de crack e heroína. E foi exatamente os vícios de Scott Weiland que fizeram com que o STP não fosse ainda maior. A maioria do tempo que a banda deveria ter passado em turnê ao longo da carreira foi utilizado por Scott na cadeia ou em rehabs.

Podemos dizer que quem comprou o primeiro álbum do STP pensando que a banda seria mais uma a surfar na onda de Nevermind e Ten teve uma grata surpresa ao perceber que a cada novo disco o Stone Temple Pilots trilhava seu próprio caminho com muita competência.

Gostaria aqui de citar o grande frontman que Scott Weiland foi, um cara carismático, extravagante e com uma qualidade vocal impressionante. A partir dos discos posteriores do STP vemos sua versatilidade nas mudanças de tom e  timbre, se distanciando cada vez mais de comparações com Eddie Vedder e Layne Staley. Sem dúvida alguma Dean DeLeo é ainda um dos melhores guitarristas que a safra de 90 produziu. Enfim, quando uma banda está pronta ela não precisa ser lançada na época certa, só precisa ser lançada.

Caros amigos, espero que vocês tenham gostado e que eu tenha despertado em vocês o interesse de conhecer o disco e a obra dessa grande banda da Califórnia. Nos vemos na próxima resenha, até mais!

Faixas do Disco

1 –  Dead & Bloated

2 – Sex Type Thing

3 – Wicked Garden

4 – No Memory 

5 –  Sin

6 – Naked Sunday

7 – Creep

8 – Piece of Pie

9 – Plush

10 – Wet My Bed

11 – Crackerman

12 – Where The River Goes

Ouça o álbum Core completo!

Assista o videoclipe da faixa Plush