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Raul Seixas – Krig-ha, Bandolo! (1973)

Raul Seixas – Krig-ha, Bandolo! (1973)

Olá amigos e amigas do blog AHD, tudo bem com vocês? (Faz um tempinho que não apareço por aqui, não!?) Isso mesmo meus queridos, eu Flávio Oliveira estou de volta e para falar de uma das obras mais importantes de um dos maiores – se não o maior – nome do rock nacional, uma figura que é lembrada até hoje por milhares de fãs em nosso país. Hoje temos o álbum Krig-ha Bandolo! de Raul Seixas.

O disco a ser comentando é uma das maiores obras de Raul e é seu primeiro disco como cantor. Na verdade, muito cedo Raulzito já quis se envolver com música, fã incondicional de Elvis Presley, o nosso querido baiano sempre almejou ser um grande astro do rock – percebam que hoje em dia a atual geração não tem isso como um sonho, os jovens de hoje querem seguir outros caminhos, é uma pena. Quando vivia na Bahia, o jovem Raul era fã de rock, mais precisamente de Elvis, sendo até membro de um fã clube organizado em sua cidade natal, Salvador.

O cantor fez parte de projetos interessantes durantes os anos 60 e que vale ser mencionado. O grupo Raulzito e os Panteras foi uma banda de destaque no cenário musical da Jovem Guarda e serviu de apoio para grandes nomes da época, como Jerry Adriani. Quem puder ouvir esse disco, vale muito a pena. Mas durante esse período nosso camarada sofreu com as coisas da vida, nesse momento de transição Raul se casa com Edith (a primeira de várias esposas que eu cantor teria) e consegue um trabalho como produtor da CBS. Nesse tempo que esteve como produtor ele se sentia enjoado com todo rumo que sua vida tinha tomado, pois na verdade o mesmo tinha como objetivo ser cantor de rock e um grande astro.

Durante o curto tempo como produtor Raul gravou um disco muito interessante, Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta a Sessão das Dez, que tinha uma proposta que poucos na época entenderam. O projeto foi mal sucedido, mas contou com parcerias incríveis para a música popular brasileira, nomes como: Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star. O disco envolve uma mistura de sons psicodélicos e duras críticas ao momento que os jovens viviam. Reza a lenda em torno desse disco que, Raul na condição de produtor bem sucedido chamou seus parceiros e fez toda a produção das 11 faixas a noite, tudo escondido, e por conta disso ele foi demitido – mas não temos fontes confiáveis pra dizer se a história é real ou não.

Mas deixando de lado os mitos, vamos ao que interessa que é o disco Krig-ha, Bandolo! Este LP é o primeiro solo da carreira de Raul Seixas e já nos privilegia com uma enxurrada de sucessos. O álbum começa com  a voz de um garoto desafinado cantando Elvis, e esse garoto nada mais era que Raul Seixas, a prova de que desde sempre o rapaz tinha vontade de ser cantor de rock’n roll. Após essa introdução de apenas 50 segundos seguimos com uma música que sempre será lembrada e é lembrada até hoje: Mosca na Sopa.  Essa canção merece alguns apontamentos, Raul sempre foi ambicioso em sua inclinações musicais, para mim Raul foi o precursor de muitas coisas na música brasileira, começando pela mistura rítmica em suas canções. A canção Let Me Sing por exemplo, que é composta por baião e rock, para mim foi um ato ambiciosíssimo, vivia-se numa época em que existiam contrastes para definir a sonoridade da música brasileira, vale ressaltar a problemática em torno da questão da guitarra elétrica na sonoridade Brasilis, acredito que no contexto geral foi mais ousado que o movimento Tropicalista, e ainda vale citar que Let Me Sing foi lançado como single em 1972, ou seja, pouco antes deste disco que estou esmerilhando pra você hoje meu caro leitor. Resumindo, a canção destacada veio quebrando padrões com uma mistura de ponto de umbanda, letra ácida e rock ‘n roll para abalar a cabeça dos ouvintes da época. Seguindo esta mesma linha  temos a canção Metamorfose Ambulante que é considerado um dos grandes clássicos do cantor.

Não se pode deixar de destacar a parceria mais famosa da música brasileira que se iniciava com a canção citada acima: Paulo Coelho e Raul Seixas. Raul conheceu Paulo através de suas publicações místicas, na qual distribuía de forma independente uma revista que chamou a atenção do baiano. Após conseguirem estreitar os laços de amizade, se tornaram parceiros na criação de letras e ambos se tornaram famosos. A canção Metamorfose Ambulante tem todo um olhar filosófico sobre todas as coisas, mudar e fugir de padrões que eram instituídos naquele período –  ah, já ia me esquecendo, vivia-se em  1973, época de chumbo da Ditadura Militar e o cara fazendo músicas que atacavam o sistema vigente. O que vem a seguir é puro concreto que pesava nas mentes puritanas da sociedade brasileira.

Vamos agora pra uma música envolvente, A Dentadura Postiça e que tem um coro de cantos que diz: “Vai cair, vai cair…” que nada mais é que uma mistura de várias críticas ao famoso Milagre Econômico que durante o regime autoritário  foi defendido por muitos como uma forma positiva do regime militar, enfim, a história está aí para nos mostrar que nada isso tudo não foi bom e eu nem vou me alongar nesse assunto pois ele não é o foco desta resenha.

O disco segue com vários clássicos como: As Minas do Rei Salomão, A Hora do Trem Passar, Al Capone e Ouro de Tolo. Todas essas canções foram bem recebidas na época, a última até sendo muito elogiada por Caetano Veloso. Mais uma informação importante meus caros, o nome que dá título ao disco vem de uma frase dos quadrinhos do Tarzan. Resumidamente, era um grito de guerra do personagem que significa “Cuidado, ao vem o Inimigo!”. Clara alusão ao regime militar, não acham?

Não poderíamos deixar de falar de duas canções extraordinárias que compõem este disco: Al Capone e Rockixe. Pra mim são duas faixas clássicas e que todo fã de Raul em qualquer bar do planeta vão pedir e isso ao longo dos anos se tornou muito natural. Al Capone tem uma letra bem interessante que leva o nome do famoso criminoso homônimo que foi um contrabandista  de bebidas, entre outras atividades ilegais. O mais bacana é que os compositores brincam com várias figuras históricas na música como: Lampião, Jimi Hendrix, Jesus Cristo, etc. Resumindo, Paulo Coelho e Raul Seixas fizeram uma analogia com grandes nomes da história que sempre desafiaram tudo e todos e que não tiveram um fim muito bom, no fim é ressaltado que não precisa ser astrólogo para saber tudo isso. Analisando a música, parece que os compositores embarcaram em uma viagem (pode ser no duplo sentido mesmo!) e voltaram no tempo para narrar fatos históricos.

Já a faixa Rockixe é uma música que vejo como um manifesto panfletário do rock – basicamente um deboche em relação a sociedade conservadora brasileira. Aquele letra do tipo “vocês vão ter que me aguentar”, porque quando todos querem todos podem fazer muitas coisas juntos. Acho essa letra bem rock ‘n roll em um tempo que a musicalidade brasileira estava se estruturando.

O disco é considerado como uma das melhores obras do cantor (desculpem fãs) e até hoje é listado como um dos grandes discos de rock brasileiro. Eu poderia escrever mais parágrafos e parágrafos sobre este disco, mas não quero transformar essa matéria em algo massante, espero que eu tenha abordado os principais pontos desta obra prima chamada Krig-ha, Bandolo! e que você caro leitor tenha gostado. Abaixo temos o link para você ouvir o álbum inteiro do nosso eterno Maluco Beleza, Raul Seixas.

Faixas do Disco

1 –  Introdução: Good Rockin’ Tonight

2 – Mosca Na Sopa

3 – Metamorfose Ambulante

4 – Dentadura Postiça

5 –  As Minas do Rei Salomão

6 – A Hora do Trem Passar

7 – Al Capone

8 – How Could I Know (Love Was To Go)

9 – Rockixe

10 – Cachorro-Urubú

11 – Ouro de Tolo

Ouça o álbum Krig-ha, Bandolo! na íntegra.

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Secos e Molhados (1973)

Secos e Molhados (1973)

Olá amigos e amigas do blog AHD, tudo bem com vocês? Espero que sim, hoje eu Flávio Oliveira, falarei um pouco sobre um dos maiores fenômenos da ‘Música Popular Brasileira’, que é o ‘Secos e Molhados’. Falar deste disco que abre a carreira do grupo é muito prazeroso, pois, além de estar inserido em um contexto histórico bem ‘barra pesada’ (por conta da Ditadura), o disco rompe com alguns conceitos conservadores impregnados na sociedade brasileira. Como vocês podem perceber esse álbum não é brincadeira, ele provocou alegrias  e também muitas reações adversas. Então, bora pro disco?

O que se pode afirmar antes do lançamento do disco da banda é que o contexto político-social no país era pesado. Em 1970 o Brasil passava por um dos momentos mais terríveis de sua história. A Ditadura Militar estava no auge em relação a censura (E há quem defenda esse regime!), perseguindo grupos políticos contrários ao pensamento vigente, bem como privando artistas em geral de expressarem sua arte (Lembra um pouco os dias de hoje!? Pensem nisso). Em meio a este desastre social, temos o jovem João Ricardo, rapaz lusitano que se erradicou no Brasil e que tinha em mente criar um projeto que buscasse expressar não só musicalidade, mas também poesia. Com a fusão destes elementos surgiria a essência do projeto Secos e Molhados, que estava prestes a surgir. João é filho do poeta João Apolinário, sendo essa uma das justificativas para suas inclinações poéticas, estas que fizeram com que seu caminho se cruzasse com o de Ney Matogrosso, a ponte entre os dois foi feita pela amiga Luhli. Nessa época  Ney vivia da arte, fazendo teatro e vendendo artesanato – atividades típicas dos jovens da época.

Com sua voz extremamente aguda e com uma belíssima atuação no palco, Ney Matogrosso agradou João Ricardo e ambos formaram um grupo no qual o lusitano já tinha todas as canções compostas. Vale citar que antes do encontro com Ney, João já havia tocado com diversos instrumentistas, mas a química só rolou mesmo com seu futuro parceiro de banda. E o nome Secos e Molhados foi dado por Ricardo, certo dia ele estava em Ubatuba e viu uma mercearia com o nome ‘Secos e Molhados’, a partir daí resolveu usar expressão como nome da banda. Usando suas próprias palavras o mesmo explicou: é um nome que não determina coisa alguma, que se abre para todos os gêneros.

Os novos colegas começaram a se apresentar em boates e eram acompanhados pelos músicos que posteriormente gravariam o primeiro disco do grupo junto com eles: Marcelo Frias na bateria, John Flavin na guitarra e Willi Verdaguer no baixo – músico argentino, e um dos melhores que ouvi até hoje. As apresentações começam a chamar a atenção do público em geral, atiçando mais a curiosidade de vários expectadores e por conta disso, o empresário Moacyr do Val resolve empresariá-los e apresenta a banda para a gravadora Continental.

Antes mesmo de entrarmos no mérito do disco, farei algumas observações sobre as pinturas que os integrantes do Secos e Molhados faziam no rosto antes de subir ao palco. Existe uma lenda em torno disso, muitos afirmam que as pinturas utilizadas pelo grupo influenciou a banda americana Kiss. Existem até depoimentos no Youtube no qual Zé Rodrix – que tocou piano na gravação do álbum do Secos e Molhados – afirma ter ouvido rumores sobre empresários americanos assistirem a apresentação da banda e gostarem da ideia das pinturas, e posteriormente tentaram levar essa ideia para o rock. Na minha concepção isso foi um mero mal entendido, pois analisando o contexto do rock, em meados dos anos 1960 havia um cantor chamado Arthur Brown que usava e abusava de performances artísticas no palco e também de pinturas em seu rosto como forma de expressar a sua arte – disponibilizarei ao fim desta matéria um link com uma performance de Arthur, ai você caro leitor poderá tirar suas próprias conclusões.

Mas deixando de lado as polêmicas, vamos ao que interessa. O primeiro álbum do grupo foi lançado em 1973 pela gravadora Continental, o disco é a união que envolve uma extensa qualidade musical aliada à poesia de Manuel Bandeira, João Apolinário, Vinícius de Moraes e também algumas canções folclóricas tradicionais das culturas portuguesa e brasileira. O disco começa com uma canção memorável que é lembrada até os dias de hoje, Sangue Latino – faixa aliás que ganhou homenagem do Titãs na música Eu Não Aguento -, que mesmo sendo uma música de curta duração, já deixa o ouvinte de cabelo em pé com a tamanha ousadia da voz de Ney aliada aos violões de doze cordas e as fortes batidas que envolvem a canção. Posteriormente temos a faixa, O Vira, mais um clássico, uma canção inocente e que não tem nada haver com homossexualidade como muitos presumem quando ouvem a música pela primeira vez. Os integrantes do grupo afirmam que a canção nada mais é que uma união dos elementos folclóricos lusitanos.

O que mais chama atenção em todo o álbum é a voz de Ney, com toda aquela entonação aguda espontânea, percebe-se que não é forçado, sendo assim uma das características que mais chamam atenção do ouvinte.

Outra faixa que merece destaque é Patrão Nosso de Cada Dia, que mostra a dura realidade dos trabalhadores brasileiros, que lutam por condições melhores de trabalho e que chegam ao ponto de doar a sua “alma” ao patrão – na época isso foi uma afronta para os militares, causando diversos desconfortos. E já que estamos falando do desconforto junto ao regime militar, vale citar que o fato da banda se vestir com trajes chamativos, meio andrógenos foi motivo de censura imediata dos órgãos da época. Vasculhando alguns vídeos na internet, encontrei um em que Ney Matogrosso fala das constantes ameaças que ele sofria durante a ditadura, os militares alegavam que o cantor era uma personalidade obscena para a família tradicional brasileira e que ia contra os valores morais cristãos. Portanto, perceba caro leitor, o quanto a liberdade de expressão era completamente afetada com esse tipo de governo.

Mais uma faixa que queria destacar é Assim Assado, uma canção que nitidamente aborda temas de preconceito racial, o guarda Belo é vangloriado ao querer o velho “assim assado”, pela sua cor etc. Isso é um retrato fiel do que a juventude brasileira vivia, por isso, considero esse disco como um patrimônio histórico de nosso país. E para encerrar, temos um dos momentos mais vibrantes e emocionantes do disco, a canção Rosa Hiroshima, que foi uma adaptação feita a partir de um poema de Vinícius de Moraes. Acho que não preciso falar mais sobre esse disco, não é!?

Vale muito a pena observar todo o conceito deste disco, desde a parte sonora da banda até a capa, aliás, a capa do disco nos mostra uma clara alusão ao regime militar, que ‘queria a cabeça de todos’, mostrando que o Brasil vivia tempos sombrios.

No Rock In Rio deste ano (2017), Ney voltou a participar do evento e sua apresentação foi junto a banda Nação Zumbi. Desde 1974, Ney evitava se envolver em qualquer tipo de evento que tivesse relação com o projeto ‘Secos e Molhados’ ou participar de algum revival no qual poderia ter a participação dos ex-integrantes da banda, João Ricardo e Gerson Conrad. Por conta de tudo isso, o palco Sunset recebeu uma das apresentações mais esperadas do Rock in Rio, com direito a ingressos esgotados, e em vários tabloides repórteres da área musical que cobriram o evento qualificaram o show como fantástico.

Eu recomendo esse álbum que é um dos melhores da MPB, um disco com conceito musical, com vocais extremamente ousados, com músicos de extrema virtuosidade e de um lirismo poético absurdamente genial. Quem ouvir com certeza não vai se arrepender.

Abraços pessoal, e até a próxima!

Faixas do Disco

1 –  Sangue Latino

2 – O Vira

3 – O Patrão Nosso de Cada Dia

4 – O Amor

5 –  Primavera nos Dentes

6 – Assim Assado

7 – Mulher Barriguda

8 – El Rey

9 – Rosa de Hiroshima

10 – Prece Cósmica

11- Rondó do Capitão

12 – As Andorinhas

13 – Fala

Ouça o primeiro álbum do Secos e Molhados na íntegra!

Assista Ney Matogrosso e Nação Zumbi interpretando a faixa ‘O Amor’ no Rock In Rio 2017

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Bob Marley & The Wailers – Catch a Fire (1973)

Bob Marley & The Wailers – Catch a Fire (1973)

Olá galera, tudo bem por aí? Eu, Janaína de Sousa trago hoje para o blog  A História do Disco, um álbum que é cultuado no mundo todo: “Catch a Fire”, o quinto álbum (e primeiro não compilado) da banda de reggae jamaicana  The Wailers.

Para entendermos a importância deste disco para a história da música, devemos compreender que, em meados de 1970 o reggae na Jamaica era registrado de forma compacta, em disquinhos de vinil de sete polegadas: uma música no lado A e sua versão instrumental (dub) no lado b. Todos os álbuns lançados por lá eram nada mais que coletâneas de singles. A ilha era comandada por um mercado fonográfico de produtores e donos de estúdios ‘meio picaretas’, que exploravam os músicos, ficando com quase todo o lucro dos discos vendidos.

Contudo, os ‘rastas’ possuem uma força que até hoje nos encanta, aquela fusão perfeita de religiosidade e luta contra as injustiças sociais. Em 1971, um destes ‘rastas’ um músico jamaicano chamado Bob Marley recebeu convite para viajar até a fria Suécia e compor a trilha sonora de um filme estrelado pelo cantor norte-americano Johnny Nash. O projeto de Nash infelizmente não saiu do papel, mas serviu de porta para que, por intermédio de um empresário, Marley mandasse buscar na Jamaica sua banda, o Wailers. A banda era composta por Marley, Peter Tosh, Bunny Wailer e também pelos irmãos Aston e Carlton Barret. Aproveitando a oportunidade única, eles fizeram uma mini turnê pela Europa, que aliás, não deu muito certo. Eles acabaram perdidos em Londres, sem dinheiro e sem ter como voltar pra casa.

Por uma destas armações do destino, Marley conseguiu marcar uma reunião com Chris Blackwell, um empresário inglês, criado na Jamaica, dono da gravadora Island Records.  Marley pegou uma demo com registros da banda e bateu na porta  do poderoso empresário. O vocalista prometeu à Blackwell um álbum completo e não apenas uma coletânea de singles, deste modo, os integrantes do Wailers voltaram para o sol da Jamaica com um adiantamento  de algumas milhares de libras.

No início de 1972, dentro de três estúdios de Kingston (na Jamaica), foram gravadas as faixas do álbum que seria denominado “Catch a Fire”, nada mais do que uma gíria jamaicana para “Pegando Fogo”.

O engenheiro de som, Sylan Morris, trabalhou as fitas-mestre das faixas – que contaram com a participação de diversos músicos parceiros da banda – e a entregou a Marley, que no fim de 1972 retornou a Londres.

Após uma batalha judicial com a CBS e a Sims (com quem a banda já tinha um contrato firmado), foram remixadas as faixas que tiveram acréscimos de alguns arranjos de músicos ingleses, encantados com o som do reggae.

Lançado mundialmente em 1973, o álbum trouxe fama internacional para a banda. Até hoje as faixas tocam em feridas abertas e falam sobre propósitos incontestáveis que fomentam a igualdade, a união, a liberdade, o amor, o fim do racismo e das injustiças políticas e sociais.

Relançado em 2001 em edição de luxo e, ainda contando com a icônica arte gráfica de capa (de Rod Dyer e Bob Weiner), “Catch a Fire” conta com faixas como ‘Concrete Jungle’ (e sua linha de baixo que é a própria essência do reggae), ‘Stir It Up'(com seus solos cheios de “wah-wah”, que embalam o amor de muita gente), e a maravilhosa ‘No More Trouble’ e seu chamado: Make love and not war!

Como sabemos, o mundo infelizmente não deixo de ter problemas,entretanto, por 39 minutos e 39 segundos nós temos ferramentas para buscarmos a paz que os Wailers pregavam virtuosamente há mais de 40 anos. E isso, como dizem os rastafáris, é um “Presente de Jah”.

Por isso, se possível, ouçam esse álbum por toda a vida. É sempre um prazer escreve para o blog A História do Disco o/

Um grande abraço e até a próxima 🙂

Faixas do Disco

1 – Concrete Jungle

2 – Slave Driver

3 – 400 Years

4 –  Stop That Train

5 – Baby We’ve Goat A Date

6 – Stir It Up

7 – Kinky Reggae

8 – No More Trouble

9 – Midnight Ravers

10 – High Tide Or Low Tide

11 – All Day All Night

Assista o documentário sobre a gravação do álbum ‘Catch a Fire’.

Confira Bob Marley e The Wailers tocando Stir It Up!

Clique aqui e ouça o disco ‘Catch A Fire’ completo!