Ramones (1976)
Olá pessoal, tudo bem com vocês? Aqui é o Flávio Oliveira e hoje vou destacar um dos maiores marcos da música na década de 70, que não só realizou uma mudança radical na estética musical, mas também culminou na essência de um dos movimentos mais influenciadores e sólidos da música, o movimento punk.
O presente texto tem como objetivo apontar o movimento punk, bem como citar a importância que o primeiro disco do Ramones teve para várias bandas que surgiram após os anos 70.
Eu reservei um bom tempo para poder escrever sobre o Ramones pois não basta apenas comentar sobre o disco, é preciso destacar as causas que levaram os jovens da região de Nova Iorque a se organizarem e fazerem música. Em meados dos anos 70 a indústria fonográfica passava por algumas modificações que afetariam os consumidores de música da época. A música hippie que nos anos 60 eclodiu com os movimentos sociais e a luta pelos direitos civis perdera a sua essência, encorporando outras tendências no seio cultura. O rock tomou diferentes direções na qual a música ganhara toda uma complexidade, deixando as letras de paz e amor secundárias para aderir canções extensas, com solos imensos e absortos com as alucinações psicodélicas.
Grandes bandas tiveram importância considerável no rock progressivo, tais como: Emerson, Lake and Palmer; King Crimson e Yes. Vários jovens tiveram simpatia pelo novo gênero, enquanto outros não se identificavam com o mesmo. Também é importante ressaltar que, posterior ao período chamado de ‘verão do amor’ alguns ícones do movimento continuaram na ativa, como Lou Reed (que deixara o Velvet Underground) e também David Bowie. E também surgiram outros como: Marc Bolan e T-Rex, Iggy Pop and The Stooges, MC5 e New York Dolls.
Muito se comenta sobre o início do punk rock, e que o movimento nasceu na Inglaterra. Pois bem, essa mudança no rock já vinha ocorrendo nos anos 70 com as bandas citadas acima, por isso, os jovens do Queens (famoso bairro de Nova Iorque) foram influenciados por essa nova tendência que vários autores derem o nome de Proto-Punk. Esse embrião do punk, teve papel super importante na maneira de compor e tocar para os jovens Douglas Colvin, Jeffrey Hyman, John Cummings e Thomas Ederlyi.
Bandas como o New York Dolls tinham uma sonoridade que esses jovens procuravam: músicas pesadas com letras simples que abordavam o amor e fatos do cotidiano. Como o próprio Johnny Ramone comenta no documentário ‘End of The Century: The Story of The Ramones’, com solos muito complexos e com duração de mais de 20 minutos, eles iriam demorar anos para aprender a teoria toda daquilo, por isso a busca pela simplicidade foi um dos pontos importantes para a diferença musical do Ramones.
Voltando a polêmica do surgimento do movimento, podemos enfim concluir que, o punk surgiu nos EUA em meados dos anos 70 e imigrou na Inglaterra posteriormente graças ao Ramones que fez um show no Roundhouse. O show serviu de inspiração aos jovens ingleses que posteriormente iriam se consagrar na cena punk com algumas bandas como: The Clash e Sex Pistols.
Os futuros integrantes do Ramones foram influenciados pelo bom e velho rock ‘n roll e pela grande paixão em comum, que era a música, e decidiram formar uma banda. Joey Ramone iria assumir a bateria – pois é, aquele cara de dois metros de altura tocando deveria ser cômico -, Johnny Ramone na guitarra e Dee Dee no baixo e também na voz. Até ai tudo bem, se não fosse o fato de que Dee Dee não conseguia tocar e cantar ao mesmo tempo, e deste modo a banda não conseguia ir pra frente. Tommy ou Thomas era parceiro dos rapazes e dava vários conselhos à eles, e em uma tarde exaustiva de de audição de bateristas eis que o mesmo senta em frente ao instrumento e faz um som: aí surge a ideia de Thomas assumir a bateria e se tornar Tommy Ramone. A partir desta mudança a formação do Ramones ficou assim: Johnny na guitarra, Dee Dee apenas no baixo, Joey no vocal e Tommy na bateria.
O Ramones surgiu como qualquer banda iniciante: escassez de instrumentos, falta de espaço para ensaios e dificuldades em montar repertório, mesmo porque nenhum deles era músico. A partir dessas dificuldades, surge a ideia dos quatro se unirem para compor canções. A banda se consagraria com apresentações memoráveis no bar CBGB, localizado em Nova Iorque. Aliás, várias bandas passaram por este temático bar e alavancaram suas carreiras. Muitas pessoas presenciaram neste bar uma banda com muita adrenalina no palco, viam os quatro rapazes brigando e sendo selvagens em sua apresentação.
Com as apresentações se tornando frequentes, eis que surge a oportunidade da banda ter um empresário, que seria Danny Fields. Já em 1976 o Ramones entram em estúdio e lançam seu primeiro disco, que para muitos (inclusive pra mim) é um dos melhores discos dos anos 70. A capa do disco é muito emblemática, sendo considerada uma das mais importantes da história do rock. Quem nunca viu a famosa foto de quatro rapazes com calças surradas e rasgadas, cabelo estilo The Beatles e com jaquetas de couro encostados em um muro sujo, com pichações que retratam a margem da sociedade? Esta foto é a marca registrada da banda que influenciou muitas pessoas e também a moda na fabricação de calças com rasgos pré-fabricados.
É importante ressaltar que o nome Ramones veio de uma sacada dos rapazes. Paul McCartney no início dos Beatles, mais precisamente quando ingressou com a banda na Alemanha, se registrava nos hotéis com um nome diferente, Paul Ramón. Os rapazes viram a utilização do sobrenome em cada integrante como uma forma de solidificar a banda e também se tornar uma família.
O disco começa com um dos hinos do Ramones no qual muita gente acredita que o refrão é o nome da música: Hey! Ho! Let’s Go! – quem nunca ouviu isso!? Na verdade a música se chama Blitzkreig Bop. Cada música de todo o disco tem no máximo dois minutos, sem solos mas com uma intensidade muito forte. Seus shows em média duravam meia hora, ou seja, a banda tocava uma música atrás da outra, sem pausa e sem corpo mole. Essa característica aliás chamava a atenção de quem frequentava os shows da banda.
O disco é recheado de canções que retratavam o cotidiano dos jovens estadunidenses da época: tensão pós Guerra Fria, pobreza e banalização dos jovens. Por ser um disco memorável, vale muito a pena ser comentado e apreciado por todos que curtem um bom som.
Bom pessoal essa foi a minha matéria sobre um belíssimo disco que influenciou (e ainda influencia) várias bandas que queriam fazer um som do seu jeito: simples, agressivo e que retratasse aquilo que pensavam. Ou como a própria filosofia do movimento pregava: Do it yourself, ou seja, Faça você mesmo!
Valeu pessoal, até a próxima 🙂
Faixas do Disco
1 – Blitzkrieg Bop
3 – I Wanna Be Your Boyfriend
4 – Chain Saw
6 – I Don’t Wanna Go Down To The Basement
7 – Loudmouth
8 – Havana Affair
9 – Listen To My Heart Walled World
10 – 53rd & 3rd
11 – Let’s Dance
12 – I Don’t Wanna Walk Around With You
13 – Today Your Love, Tomorrow The World