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Jorge Ben – Tábua de Esmeralda (1974)

Jorge Ben – Tábua de Esmeralda (1974)

Olá pessoal do Blog, já faz um tempo que não posto algo, é porque esses dias a vida anda corrida, pois, temos fazeres da faculdade (tanto meu parceiro Bruno Machado, como eu também), final de semestre é sempre todo “tumultuado”, provas finais, trabalhos e seminários a serem apresentados, sem contar também na pressão que ficamos quando chega essa época do ano. Pois bem, tudo isso passou e agora me sobrou um tempo para escrever sobre esse disco de Jorge Ben, Tábua de Esmeralda, um clássico dos anos 70, que na humilde opinião do nosso Jorge é um disco “muito importante” em sua carreira.

O Disco Tábua de Esmeralda (1974)

Há 40 anos, Jorge Ben (sem o “Jor” ainda), fez esse aclamado disco, trazendo toda a sua versatilidade e seus conhecimentos aprendidos em um seminário onde ele passou por dois anos, tendo como fundamentos Teologia e Filosofia Medieval, tudo isso foi essencial para mudança na carreira de nosso Jorge.  Não podemos deixar passar que em 1974 nosso país vivia momentos duros, com repressão na sociedade, tanto no cenário musical, como no cenário político e os artistas com seu arbítrio ferido e censurado, começaram a produzir neste momento vários discos com um “conceito” ao fundo, a fim de semear paz e liberdade, exemplo disso temos esse belíssimo disco de Jorge, Raul Seixas com Sociedade Alternativa e posteriormente Tim Maia com os conhecimentos do “Universo em Desencanto”, tudo isso fez de trilha para reproduzir a liberdade e quebrar esse clima temeroso que rondava o nosso país.

Antes de adentrarmos comentando sobre o disco, devemos falar um pouco sobre a importância de Jorge Ben na Música Popular Brasileira. Vejo o descaso de algumas pessoas em relação ao Jorge, é difícil encontrar pessoas jovens, que curtam esse som, sem contar que o nosso saudoso Jorge foi um dos primeiros a misturar ritmos africanos em músicas brasileiras, e utilizar guitarras em samba, por isso temos ele como o preconizador do Samba Rock, sendo muito cogitado pelos gringos como uma referência em música e o nosso povo não reconhecendo a importância desse artista.

Eu, Flávio Oliveira, comecei a conhecer mais a obra de Jorge agora, nesse momento, depois de adquirir o Box dele, com os discos feitos pela gravadora Philips. Mas não perdendo o foco de nosso assunto, quero apenas explanar mais um comentário antes de entrar no disco, que é a questão da influência de Jorge para os Tropicalistas, pois, em um determinado momento de sua carreira, muitos pensaram que ele tinha fracassado, com todo o seu estilo Bossa Nova, mas o que acontecia era que, Jorge Ben, influenciava os tropicalistas, com todo seu estilo e gingado.

Quando falamos de Jorge Ben, sempre vem em nossa mente o samba e todo o seu jeito diferente de tocar violão, e é claro essa é uma marca registrada do nosso mestre, em seus primeiros discos a roupagem era bem assim mesmo, violão, voz, baixo e alguns instrumentos de percussão (que por sinal, foi uma parceria com o Trio Mocotó), mas com o passar do tempo, essa roupagem começa a ganhar mais forma de banda, e uma pegada genial de nosso mestre Jorge. Um exemplo disso é o disco Tábua de Esmeralda, um disco todo místico, onde ele mistura elementos de alquimistas, conceitos de Tomás de Aquino, onde ele reflete explicitamente, mostrando todos os seus conhecimentos adquiridos, e os ensinamentos aprendidos de Teologia.

A capa desse disco é uma figura de Nicolas Flamel, mostrando os ensinamentos de Alquimia e a primeira lei da tábua de Esmeralda, sendo que Jorge Ben foi um estudioso e tanto de Alquimia, mas nunca praticou, contudo, sempre foi um grande estudioso nesse assunto, e nesse disco temos a prova disso, desde a capa com a primeira Lei na Tábua de Esmeralda, até as letras desse disco, onde adentra em todo o contexto apresentado por ele.

O mais interessante desse disco é que, todas as músicas apresentadas nele, tem haver com os estudos feitos por Jorge Bem Jor, da primeira a última faixa, tornando-se um disco conceitual.

A primeira música, Os Alquimistas estão Chegando (Que tem todo aquele dialogo dele, onde ele fala “Tem que dançar, dançando”, que para mim é a melhor parte!) Jorge retrata toda personalidade de um alquimista, todo seu trabalho como é feito e entoando sempre sobre os alquimistas, seguindo nessa mesma pegada temos a música, Homem da Gravata Florida, que por sinal, foi uma pessoa importante no ramo da alquimia, muitos não sabem, mas esse homem é o teórico Parecelso, que foi um importante teórico sobre Alquimia da época e é conhecido como um dos grandes alquimistas. Reza a lenda que quando Paracelso ia atender os seus clientes ele sempre iria com um echarpe colorido e na mente de Jorge ele imaginou esse echarpe como uma gravata florida, onde em todo esse conceito lírico ele desenvolveu uma linha musical perfeita.

Esse disco é marcado por esse lado místico apresentado por Jorge, vale lembrar que, temos a música, Menina Mulher da Pele Preta que é uma música romântica, e perfeita aos embalos de Jorge Ben, onde ele mostra todo o seu desejo pela mulher brasileira, sempre seguindo essa cadência perfeita, ele reproduz uma obra prima, tendo várias canções contemplando a alquimia e claro não podemos esquecer que ele semeava paz e amor, o exemplo disso é a música, Brother, com o seu inglês “macarrônico”, para muitos essa é a música mais fraca do disco, mas, para mim o disco todo, conceitual é perfeito, dando “liga” uma música após a outra. Esse disco também foi muito bem recebido, sendo muito contemplado por seus fãs e admiradores.

40 anos depois muitos fãs queriam um show com todas as músicas desse disco tocadas ao vivo, fato esse que foi atendido por Jorge, e vale lembrar que esse disco para o Jorge Ben Jor é seu preferido, o mais importante de sua carreira. Na minha visão, sem sombra de dúvida, de todos os seus discos, o melhor é esse, que depois foi dada continuidade no disco, Solta o Pavão de 1975, que para muitos é o vol.2 do disco Tábua de Esmeralda. Por isso, fica aqui a minha dica, se você procura um disco nacional, conceitual com um tema de fundo, recomendo esse, Tábua de Esmeralda, como já diz Jorge “É verdade sem mentira, certo muito verdadeiro”.

Faixas do Disco

Lado 1

     1-  Os Alquimistas estão Chegando

     2 –   O Homem da Gravata Florida

    3-   Errare Humanum Est

    4 –  Menina Mulher da Pele Preta

   5 –   Eu vou Torcer

   6 –   Magnólia

Lado 2

    1-  Minha Teimosia, uma Arma para te Conquistar

    2  – Zumbi

    3 –  Brother

    4  –  O Namorado da Viúva

   5 –    Hermes Tresmegisto e a sua Celeste Tábua de Esmeralda

   6 –   Cinco minutos (5 minutos)

Confira uma Playlist com todas as faixas do álbum Tábua de Esmeralda do mestre Jorge Ben!

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Tim Maia – 1970

Tim Maia – 1970

Eis que surge a inspiração para comentar o primeiro disco de um dos melhores artistas brasileiros, não é demagogia galera, Tim Maia ainda é uma grande referência para vários músicos experientes e para os iniciantes também!

Quem nunca ouviu as músicas do “gordinho” mais querido do Brasil? Músicas como, Azul da cor do mar, Chocolate, Primavera e Me dê motivo? São músicas desse gênero que incorporam multidões e que ainda permanecem nos ouvidos dos mais velhos (Minha mãe curte Tim pra caramba!) e dessa leva de jovens (que me enquadro também) que conhecem e curtem cada vez mais esse cara, que simplesmente tocou o coração de todos, com suas histórias loucas, suas músicas inspiradoras trazendo um novo estilo e um jeito diferente de se tocar no Brasil.

Portanto, tenho inúmeros motivos para trazer a vocês que acompanham o Blog “A História do Disco” a trajetória desse artista brasileiro, aquele cara que reclamava de tudo “MAIS GRAVE, MAIS AGUDO, MAIS TUDO!” (Como propriamente Nelson Motta comenta em seu livro sobre Tim).

Breve comentário sobre Sebastião ou Tião Marmiteiro.

Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, é lá em que Tim viveu sua infância, onde aprendera as suas primeiras tarefas musicais e lá que conheceu seus amigos que posteriormente se tornariam grandes ícones da música popular brasileira, amigos como: Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Jorge Ben Jor.

Sebastião Rodrigues Maia, um sujeito de personalidade forte, cara briguento, são essas as características que compõe o nosso saudoso Tim Maia, que na sua infância ajudava seus pais na pensão que mantinham que posteriormente virou uma casa onde se produzia marmitas. Adivinha quem era o encarregado de levar as comidas nas regiões? Tião! Sim, Tião como era conhecido, levava as marmitas para os clientes de seu pai, que de quebra era um excelente cozinheiro e que tinha uma fama muito boa na Tijuca. É dentro desse contexto que Tião ganha a sua fama de “Tião Marmiteiro” apelidado carinhosamente pelos seus amigos.

Tim era encarregado de levar as comidas para as famílias que acionavam seu pai e há muitas histórias de Sebastião onde no caminho comia uma coxinha, um pouco do arroz e saboreava um pouco da sobremesa, que tarefa complicada para esse nosso amigo!

Pois é, Sebastião foi crescendo e o interesse pela música começou a florescer em sua vida. O primeiro gênero musical a compor a sua vida foi o rock n roll, em meados dos anos 50 começava a surgir os primeiros hits do rock no Brasil, a rádio era um meio de comunicação muito utilizado na época e foi mergulhado nisso que Tim começou a gostar de música.

Na adolescência ganha seu primeiro instrumento, dado por seu irmão, um cara religioso e que tinha um grande afeto por Tim, presenteou com um violão que foi a alegria do menino, só que como Sebastião era um menino atrevido e nervoso, certo dia ficou tão nervoso com um de seus amigos, que em um dos ensaios acabou estourando o violão no chão (Eis a atenção, pois, começa aí a fúria de Tim!). Tendo contato com Erasmo, Tim Maia forma seu primeiro grupo de rock, Os Sputniks, esse nome escolhido por Tim, justamente nessa época a União Soviética enviara para o espaço as primeiras aeronaves espaciais, os sputniks é claro, Tim também era um cara muito fissurado por OVINI’S. A primeira banda era formada por Tim Maia, Erasmo Carlos e por nada mais nada menos que Roberto Carlos.

Um ensaio aqui, outro ensaio ali, foram saindo os primeiros sons de rock n roll entre amigos, e nesse clima eufórico, Os Sputniks conseguiram fazer um pequeno concerto em uma quermesse da igreja localizada no bairro onde os meninos moravam, igreja na qual Tim Maia fez parte do coral, cantando várias músicas e ganhando apoio dos padres. Só que nessa vida nada é um  mar de rosas, a banda acabou tendo um desfecho depois de consecutivas brigas entre Tim Maia e Roberto Carlos, brigas essas que eram marcadas por Tim falando “Você é um bosta cara, canta porra nenhuma, é um merda, eu canto melhor que você, seu bosta!”, é no meio desse clima tenso que a banda se desfez.

Roberto Carlos segue sua vida e Tim também, esse menino resolve então ir para os EUA, queria por que queria ir viajar para América. Contra a vontade de seus pais, Tim consegue ajuda dos padres e por teimosia viaja para a terra do Tio Sam lembrando que é nesses ares estadunidenses que Tim vai concluir seu estilo Funkeado com pitadas de Soul Music. Vive por 5 anos nos EUA, chega de supetão, sem avisar e fica instalado na casa da família dos conhecidos de seu pai.

Nesses 5 anos vividos nos EUA, morou em mais de 10 lugares nos diversos becos mais esquisitos dos ianques. Foi lá que Tim aprendera a ouvir a Motown Records, uma gravadora de som de peso, com ícones da música negra, ambiente esse que Tim se apaixonou e virou adepto aos estilos crescentes em território americano, enquanto isso, no Brasil, rolava o som da Bossa Nova, aquele som de boa, relax, numa tranquila e numa boa, que posteriormente iria ser um baque para todos quando Tim voltasse de lá e mais, foi lá que Tim aprendeu a usar os famosos Bauretes, isso mesmo, aquele baseado nervoso que ele fumava muito. Por fim, Tim, passou 5 anos nos EUA, aprendeu Soul, Funk e tudo que há de bom da Black Music, aprendeu a fumar maconha, chapar o globo e claro, foi preso por porte ilegal de drogas e foi deportado para o Brasil. É agora que o clima esquenta!

Tim de volta ao Brasil!

Pois é, Tião voltou para o Brasil em meados dos anos 60, não sabia nada do que se tinha ocorrido em seu país, muita coisa mudou depois de sua viagem ex-colegas de banda ficaram famosos.

Se tem uma coisa nesse mundo que deixou nosso querido Sebastião puto, foi em saber que seu amigo de juventude, Roberto Carlos estava famoso. Sabendo disso tudo, ele quis  de qualquer maneira mostrar para Roberto que ele poderia ser melhor que ele, e pôde! Da sua boca saia “Como pode, aquele filho da puta do Roberto ficar famoso e eu não? Eu canto muito mais que aquele filho da puta, eu vou matar ele”. É caro leitor, ele quis mesmo encontrar Roberto e matá-lo. As primeiras tentativas foram frustradas, mas foi tentando até conseguir os primeiros contatos. Consegue falar com Roberto, que despreza o nosso amigo Sebastião e recusa aceitar um trabalho dele, pois, nosso amigo estava na pior, sem um puto, sem nada. Mas posteriormente Robertão iria ajudar e muito nosso amigo.

Com a ajuda de alguns amigos, Tim fica hospedado na casa de seu amigo Fábio Stella, um cantor famoso paraguaio da época, foi esse cara que ajudou muito Tim Maia. É nesse momento em que Tim começa a compor os clássicos que fariam parte desse primeiro disco. Destaque para Azul da Cor do Mar, que todo mundo acha que é uma música triste e realmente é, essa música foi escrita em um momento difícil na vida do nosso camarada, época onde todo mundo estava se dando bem e ele ferrado. Seu amigo Fábio saia com todas as mulheres e ele, solitário. Foi nesse clima de “entra e sai” de seu amigo Fábio que Tim escreve esse clássico. Nesse período saíram várias canções boas, como a These are The Song, que futuramente iria inspirar Elis Regina a gravá-la acompanhada por Tim. (Um dueto de tirar o fôlego).

É em meio a esse clima que Tim consegue alguns bicos nas rádios da época onde ele cantava músicas, e foi lá que Tim conheceu a banda Os Mutantes (amigos logo de cara, e vários baseados queimados juntos!), essa banda que já tinha contrato com a Polydor, recomenda Tim para a gravadora, que o contrata.

Com suas músicas prontas, Tim despertara interesse de várias pessoas que eram do ramo musical, como no caso do produtor musical Nelson Motta (Que inclusive, se tornou um grande amigo pela vida toda, e que escreveu uma biografia e tanto sobre Tim Maia). Nelson chegou com uma música de Tim no estúdio, Primavera, e todos ficaram loucos e apoiaram esse novo artista que chegava no pedaço. É aí que Tim grava um dueto com Elis Regina cantando a música mencionada acima, These are the Song.

O primeiro disco do Tim saiu em 1970, seu disco de estreia arrebentou o público que adorou logo de cara, fato muito raro na música, um artista ser adorado logo de cara e ter uma aceitação imediata. Esse disco é importante na música brasileira, pois, essa obra contém estilos variados de ritmos, desde o funk com baião (Coroné Antonio Bento) até as baladas românticas (Que Tim chamava de Mela Cueca e Esquenta Suvaco).

Anteriormente Roberto Carlos tinha gravado em seu disco de 1969 a música, Não vou Ficar, de autoria de Tim, esse disco de Roberto estourara com essa música causando interesse e curiosidade de todos em querer saber quem era esse artista, por isso a aceitação de Tim foi imediata. Esse disco foi eleito pela revista Rolling Stone como melhor disco brasileiro de todos os tempos, tendo a posição de 25º, por isso a importância dessa obra prima. E por fim, esse disco consolidou a carreira de Tim, com clássicos como Primavera, Azul da Cor do Mar, Cristina (que tem duas versões) que vai do rock ao soul, que faria da carreira desse mestre fodástica, que traria discos conceituais posteriormente, mas isso é outra história que prometo contar em breve.
Um disco e tanto, que é dever de todos os bons ouvintes terem, um disco que recomendo e que não pode ser esquecido. Ainda mais porque que estreou o seu filme e eu estou louco para assistir!
Segue as provas de que eu Flávio Oliveira sou fã de Tim Maia:

Faixas do Disco

Lado 1

1 –  Coroné Antônio Bento

2 –   Cristina

3 –   Jurema

4 –   Padre Cícero

5 –   Flamengo

6 –  Você Fingiu

Lado 2

1 –   Eu amo Você

2 –   Primavera (Vai Chuva)

3 –   Risos

4 –   Azul da Cor do Mar

5 –    Cristina Nº2

6 – Tributo a Booker Pittman

     Ouça o 1° Disco de Tim Maia completo!

    Veja o trailer oficial do filme Tim Maia!

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Van Halen – 1984

Van Halen – 1984

E ai pessoal, assim como meu amigo de blog Flávio Oliveira eu também tenho minhas influências dentro da música internacional, e hoje eu vou falar um pouco sobre o disco1984, da banda Van Halen. Este foi o sexto disco de estúdio da banda norte-americana que foi fundada pelos irmãos Eddie e Alex Van Halen em 1974.

Eddie fazia aula de bateria e Alex de guitarra, isso mesmo, eles não iniciaram a carreira na música tocando os instrumentos que vos consagraria no futuro. Para nossa sorte eles trocaram, Alex foi para a bateria e Eddie se dedicou ao teclado e também a guitarra, tendo aulas com o virtuoso guitarrista Joe Satriani.

Em 1978 o Van Halen lança seu primeiro disco de estúdio, as faixas que se destacam sãoEruption Ain’t Talkin’ ‘Bout Love, a primeira fez com que Eddie Van Halen ganhasse destaque na mídia como guitarrista em ascensão. Em 1982 faz uma parceria com uma grande celebridade pop da época, Michael Jackson, gravando o solo da música Beat It,fato mais interessante ainda, o guitarrista não cobrou nada pelo trabalho, ele alega que a grana distorce o processo artístico.

Eddie Van Halen cresceu como guitarrista com proporções mundiais, ele não gostava do modelo Les Paul, afirmava não gostar do corpo da guitarra, e também de seu peso, Eddie gostava mesmo era de guitarras que tinham alavanca de trêmulo, que destacavam mais a sua habilidade tocando o instrumento. Um certo dia ele pegou uma de suas guitarras e resolveu customizar, assim nasceu a chamada Frankenstrat , que foi apelidada carinhosamente de My Baby por Eddie.

1984 tem como marca registrada o abuso de efeitos de teclado gravado por Eddie, para a década de 1980, foi uma novidade muito marcante, uma identidade muito forte criada peloVan Halen para este disco, tanto que eu duvido que você leitor do blog A História do Disco nunca ouviu a mais que famosa música chamada Jump. A faixa 1984 que é a primeira do disco também tem um ar psicodélico muito forte que já mostrava que o disco tinha tudo para colocar o Van Halen como uma das maiores bandas da década.

Hot for Teacher também é uma música marcante no disco, a performance  do baterista Alex Van Halen traz um algo a mais na canção que tem um clip um tanto quanto polêmico, com integrantes da banda fumando,  com gravação feita em sala de aula, quatro crianças interpretando os integrantes, fumando, fazendo pose com  instrumento e imitando o jeito marrento de cada integrante da banda no clip.

Michael Anthony, no baixo,  e David Lee Roth no vocal completam o time de peso da banda no disco 1984, disco que foi o último com o vocalista antes da entrada de Sammy Hagar.

Panama também foi uma faixa de muito destaque no disco e depois de mais de 20 anos, se tornou música tema do jogo Gran Turismo, isso fez com que novas gerações conhecessem uma das maiores bandas de rock de todos os tempos.

A capa do disco também chama muito a atenção, ela tem estampada uma criança com um cigarro entre seus dedos, e dois maços a sua frente, a capa não foi censurada, na época a cultura em relação a cigarro estava em alta, e não houve problema em relação a isso, se fosse nos dias de hoje a capa estaria envolvida em muitas polêmicas.

As diferenças entre a era David Lee Roth e Sammy Hagar são muito perceptíveis dentro do trabalho musical do Van Halen, enquanto o primeiro tinha altas performances em clips e shows, o segundo optava por canções amor, por ser um cara mais tímido em relação ao público, mas com uma potência de voz inigualável. É válido citar também que o Van Halen teve um terceiro vocalista, nada mais nada menos que Gary Cherone, este que era vocalista da banda Extreme, Gary gravou apenas o álbum Van Halen III, disco de 1998O álbum não caiu nas graças da mídia, não houve turnê de shows e a única música que se destacou foi Whithout You.

 

Hoje em dia Sammy Hagar está na banda Chikenfoot junto com Michael Anthony (ex-baixista doVan Halen), Joe Satriani e Chad Smith (baterista do Red Hot Chilli Peppers), e David Lee Roth voltou ao Van Halen.  Quem assumiu o baixo no Van Halen foi o filho de Eddie, Wolfgang Van Halen, do qual ele tem enorme orgulho.

Sem dúvida o disco 1984 foi um marco na carreira do Van Halen, deu a banda grande projeção e fez com que a mesma ganhasse força para gravar outros bons discos. Se você aprecia um bom disco de rock, ouça 1984 que você não vai se arrepender.

Faixas do Disco

1 – 1984

2 – Jump

3 – Panama

4 – Top Jimmy

5 – Drop Dead Legs

6 – Hot for Teacher

7 –  I’ll Wait

8 – Girl Gone Bad

9 – House of Pain

Veja o clip da música Hot for Teacher!

Ouça o álbum 1984 completo!

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Os Mutantes – A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (1970)

Os Mutantes – A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (1970)

Os Mutantes- A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (1970)

É de extrema importância sabermos quais são os discos que formaram totalmente a nossa personalidade no rock n roll.

Falarmos de bandas com grande importância do nosso cenário musical é bastante abrangente e intrigante, apesar de lidarmos com uma  geração que nem conhece ou sequer nem sabem da existência de bandas desse tipo.

Em suma, em meu post anterior, comentei sobre um disco muito importante na música pop internacional, e agora me passou pela cabeça falar sobre um disco de banda nacional, que teve uma contribuição imensa para o nosso rock n roll e que nada mais é que um fruto das experiências dos Beatles. Quero falar sobre Os Mutantes, isso mesmo, aquela banda que poucos conhecem, ou os mais “velhos” sabem do que eu estou falando, e vejo a necessidade de comentar e abrir espaço para essa banda que marcou muito o rock nacional e que usou e abusou de seus efeitos anárquicos na música, balançando o ego dos elitistas nacionalistas da Bossa Nova, causando pequenos conflitos e se tornando uma das bandas mais comentadas dos anos 1960.

Um breve comentário sobre a Banda.

1970, vivíamos em um momento de extrema repressão social, com várias perseguições policiais, em busca da subversão em prol da segurança nacional! A juventude vivia em meio ao caos, tendo a sua liberdade privada e não podendo falar tudo o que queria a melhor forma encontrada para algumas pessoas era cantando suas músicas. Diante deste cenário macabro surgiram vários compositores de extrema importância, desde os mais radicais até os mais moderados, mas que mesmo assim, curtiam cutucar o Estado.

Nesse momento é que entramos com a banda Os Mutantes, que teve êxito com os Tropicalistas, ganhou seu espaço e foi fazendo várias participações com artistas (exemplo disso é a participação com Caetano Veloso, no disco ao vivo no Clube da Sucata), posteriormente vieram seus discos com trabalho próprio, discos com melodias psicodélicas e letras até em francês, coisa nova em nosso país. Mas a banda começou a ganhar as devidas atenções depois da apresentação de 1967, com Gilberto Gil, cantando a música “Domingo no Parque” uma história de amor com muito sangue e tragédia.

Os Mutantes no ano de 1967 teve uma importância interessante na sociedade porque até o momento tínhamos apenas conhecimento do rock rebelde com a “juventude perdida” da Jovem Guarda que era ingênua aos olhos dos Mutantes, esses que por sua vez, eram extravagantes e ousados com o visual.

Um fato novo na história da nossa música foi a ousadia de  Gilberto Gil ao misturar orquestra com guitarra elétrica, baixo, bateria e até mesmo um berimbau, causando assim um tremendo espanto para todo o público, que receberam com vaias e insultos no festival de 67. Lembrando que, as guitarras elétricas eram vistas com horror pelos brasileiros, pois o instrumento era a introdução de um produto ianque imperialista em nossos trópicos, isso mesmo, pode até parecer bizarro, mas foram feitas até passeatas em prol da Bossa Nova e retirada das guitarras elétricas, passeata essa liderada por “Elis Regina, Nara Leão e Cia.” Enfim, em meio a esse ciclo de parceria entre Gil e Mutantes, chamou-se a atenção do público porque não se tinha bandas de rock no Brasil tocando o seu próprio estilo, pois, todos no momento que faziam rock eram cópias de rock italianos (as famosas versões), e jogados aqui para o público.  É nesse momento em que Os Mutantes começam a chamar a atenção de todos.

Em meio a esse festival, a banda consegue gravar seus primeiros discos, o primeiro disco da banda “Os Mutantes de 1968” com canções inovadoras e músicas de raízes brasileiras (o caso da música Adeus, Maria Fulo), com instrumentos diferentes em que Rita Lee tocava sutilmente,  dando mais brilho as músicas. A banda até o momento era formada pelos irmãos Baptista (Arnaldo e Sérgio) e Rita Lee, foi nessa formação que vieram frutos de 3 discos sensacionais que inclui o disco que irei comentar a seguir.

São comentários breves da banda, pequenos acontecimentos que tiveram uma extrema importância na história da música brasileira, e que deve ser comentado por todos, pois, não podemos deixar essas histórias ficarem no esquecimento.

A DIVINA COMÉDIA OU ANDO MEIO DESLIGADO (1970)

Depois de 1968 com seu primeiro disco e 1969 com seu segundo disco, contendo canções psicodélicas e sempre com um tom humorístico ácido característico da banda surge o disco em que comentarei. A Divina Comédia ou Ando Meio desligado, é um disco onde são abertas as portas das viagens ou a abertura das “portas das percepções”. A loucura das viagens de ácidos começaram a invadir o Brasil, dando um toque mais hábil para música. É nesse disco onde eles abusam nas composições, criticando os “Playboys da Rua Augusta” com a música Hey Boy (Rua que antigamente era o palco ondes os “playboys” exibiam seus carros e garotas), uma pequena sátira a Roberto Carlos.

A canção famosa que é titulo do disco Ando Meio Desligado é retrato disfarçado de uma viagem de ácido “Ando, meio desligado, eu nem sinto, os meus pés no chão…”

Canções essas que fazem parte de um trabalho muito bem produzido, que para espanto de todos, foi produzido por Arnaldo Saccomani, o sujeito chato pra caralho que faz participações nos programas do SBT, com cantores e tal, um fato que até eu pessoalmente, me espantou, mas enfim, voltando ao foco esse disco tem uma importância muito grande em nossa música, porque ele foi o primeiro (no quesito estúdio) a ter técnicas de som, o que era uma novidade, pois o modo de gravação da época ainda era tosco. A arte da capa do disco (que é uma das partes que eu mais curto) é algo fascinante, além da qualidade das faixas. A capa retrata o Inferno do livro de Dante, e foi encenada pelos três integrantes da banda no jardim da casa de Arnaldo Baptista e a contracapa tinha a fotos dos três integrantes na cama. Agora imagine uma mulher com dois homens na cama em um período de Ditadura, pois é, foram massacrados, mas isso fazia parte da crítica ao sistema.

Mais um ponto interessante, foi a música Quem tem Medo de Brincar de Amor que é uma crítica as famílias da época que  não falavam com suas filhas sobre virgindade, pois é, um assunto muito comum de se falar nos dias de hoje antigamente era um tabu extremo, fruto do conservadorismo e do cristianismo das famílias tradicionais. Essa canção abusa dos efeitos, com apitos, risos, uma baderna de mão cheia que no fundo é estampado pela letra que diz: “Ah, deixa pra lá meu amor, vem comigo (yeahh!). Ih esquece esse drama ou que for, sem sentir eu!”, fato na época que passou despercebido, mas perceba uma coisa, em meio a um regime ditatorial eles conseguiam burlar os ouvintes da censura, que não percebiam essas alfinetadas na sociedade e deixavam passar (COISA RARA ISSO!), é em meio a esses tipos de letras com um toque sútil da anarquia musical, que se encaixa todo esse disco, que para mim é o clássico da banda, sem desmerecer os outros como: Jardim Elétrico, Tecnicolor e Os Mutantes e seus Cometas no País dos Baurets.

E só mais um detalhe de uma música, que é Chão de Estrelas, uma música elitista, que os nacionalistas enalteciam e amavam, e para Os Mutantes foi um prato cheio para gozar na cara desses nacionalistas, essa música se você ouvir a original é uma música calma, triste e romântica ao fundo, mas, que na mão de Sérgio, Arnaldo e Rita se tornou uma música zoada e irônica, causando fúria nos nacionalistas, pois foram incluídos efeitos sonoros, como rasgos de roupas, portas batendo e uma orquestra muito irada, regida por um importante músico de nosso país, Rogério Duprat, fazendo todo a composição dessa anarquia musical, é isso que me chama atenção dessa banda brasileira, a criatividade e a arte do insulto, sem deixar o humor de lado, dentro de um período que ainda deixa marcas nas pessoas.

E por fim, fecho essa discussão trazendo à você, amigo ouvinte de boa música, essa pérola da nossa música, sendo que essa banda caiu no esquecimento, são pouquíssimas as pessoas jovens (por exemplo) da minha idade que conhecem ou que querem conhecer essa banda, que lá fora, em outros países é amada e idolatrada pelos gringos, até mesmo Kurt Cobain quando veio ao Brasil em 1993 quis conversar com Arnaldo Baptista, mandando-lhe cartas e mais cartas, até mesmo o filho de John Lennon, Sean Lennon, é um grande amigo de Arnaldo.

É caro leitor, por isso a importância de conhecermos bandas assim, pois é uma pena ver uma banda tão requintada e com tanto talento ser esquecida por essa nova geração, que só pensa em dinheiro, carro e ostentação, e não prezando esses valores culturais que são nossos, fruto do nosso país, isso é para ser mostrado para aquelas pessoas que sempre dizem: “NOSSO PAÍS NÃO TEM NADA QUE PRESTA”, é só pegar e pesquisar que conhecerás várias bandas que tiveram uma imensa importância dentro da nossa história musical.

Fica aí minha dica, espero que gostem, ouçam, ouçam de novo e riam da comédia que é esse disco, que é para se ouvir do começo ao fim sem parar!

Esses são os discos que fazem parte do box que tenho, abaixo está estampada minha paixão pela banda Os Mutantes:

DADOS DO DISCO.

A divina Comédia ou Ando meio Desligado, é o terceiro disco da banda Os Mutantes, lançado em 1970.

Músicas:

  1. Ando Meio Desligado
  1. Quem Tem Medo de Brincar de Amor
  1. Ave, Lucífer
  1. Desculpe, babe
  1. Meu Refrigerador Não Funciona
  1. Hey Boy
  1. Preciso Urgentemente Encontrar Um Amigo
  1. Chão de Estrelas
  1. Jogo de Calçada
  1. Haleluia
  1. Oh! Mulher Infiel

Músicos:

Arnaldo Baptista- baixo teclados e vocais.

Rita Lee- vocal, percussões e efeitos

 

Sérgio Dias- guitarras, baixo e vocais.

Ouça o álbum A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado completo!

Eu sou Flávio Oliveira e este é o blog A História do Disco.