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Tame Impala – Lonerism (2012)

Tame Impala – Lonerism (2012)

Ola galera tudo bem? Espero que sim, que tal falarmos mais uma vez sobre boa música?  O disco de hoje é um pouco diferente de tudo que já trouxemos ao blog A História do Disco e eu, Flávio Oliveira vou procurar ser breve ao contar sobre como conheci a banda australiana Tame Impala. Tudo começou quando certa vez vi na MTV Brasil uma daquelas indicações de bandas novas no pedaço que estavam ganhando novos adeptos, a banda que estava sendo apresentada era o Tame Impala. Em primeira instância eu fiquei meio desconfiado pois se tratava de uma banda nova – e você caro leitor sabe como nós do blog A História do Disco somos quando se trata de bandas novas, nunca nos desapegamos dos clássicos, sobretudo discos que fazem a nossa mente ano após ano – mas se tratando do Tame eu deixei um pouco o ego de lado e fui procurar saber mais sobre a banda.

Como citado acima, eu estava assistindo a MTV Brasil quando me deparei com uma das indicações do Monkey Business no qual falava sobre essa banda australianaFiquei assistindo numa boa, mas quando eles anunciaram uma das músicas do disco “Lonerism” eu fiquei completamente anestesiado pela energia que a banda transmitia, sobretudo no que diz respeito aos efeitos psicodélicos e pela semelhança sonora em relação a bandas dos anos 1970, por isso, a banda foi me cativando cada vez mais e me deixando mais anestesiado. Ao fim da apresentação fiquei perplexo por dois motivos:

1° – A banda era muito boa, misturavam elementos atuais (sons eletrônicos e beats de Hip Hop) com elementos característicos dos anos 70, remetendo a sonoridade de discos clássicos como Revolver (The Beatles) e The Piper at the Gates of Down (Pink Floyd);

2° Porque o vocalista Kevin Parker tem uma voz que lembra muito a de John Lennon (principalmente na carreira solo), agora fica mais nítida a razão do imenso choque que tive quando ouvi o Tame Impala pela primeira vez.

Antes de embarcarmos nessa viagem que essa banda nos proporcionará vale a pena citarmos as raízes do Tame e seus integrantes.

Tame Impala – A Banda
 
O Tame Impala é uma banda formada em 2005 por Kevin Parker (vocal e guitarra principal), Cam Avery (baixo e vocais de apoio – compõem atualmente a banda), Dominic Simper (guitarra e sintetizador) Jay Watson (sintetizador, guitarra e vocais de apoio) e Julien Barbagallo (bateria e vocais de apoio). A banda é marcada pelo seu som alternativo que remete a bandas das décadas de 60 e 70 como Pink Floyd, The Beatles (em sua fase lisérgica) e Cream.

A banda vem ganhando destaque desde 2010 com o seu primeiro disco de estúdio, “Innerspeaker” que deixo claro a proposta dos integrantes e seus estilos, destaque também para o revival que a banda transmite. Vale citar que a banda tem este nome por conta da nacionalidade dos integrantes (todos australianos), e lá na Austrália “Impala” é o nome de um animal. Agora vamos falar do disco Lonerism!
Lonerism – O Disco
 
Lonerism é o segundo disco de estúdio do Tame Impala, o mesmo foi lançado em 05 de Outubro de 2012 pelo selo Modular Recordings. Esse álbum se destaca por ser ambicioso e menos tímido em relação ao primeiro da banda. Acredito que isso se deve ao fato da banda estar mais a vontade para gravar em estúdio e também por conta do vocalista Kevin Parker estar muito inspirado em suas composições.
O nome Lonerism remete a famosa expressão Carpe Diem (que aliás vem do latim e significa “aproveite o dia”) literalmente no sentido cru da expressão. As letras que compõem o disco e a carga psicodélica delas faz jus ao nome do álbum.

Agora vamos falar das faixas, começando pela “Be Above It”, nela sentimos a inspiração da banda com a psicodelia, o interlocutor fica sussurrando “Gotta Be Above It” repetidamente e ao passar da música a voz vai se perdendo em meio a vários sons (sintetizadores que ficam indo e voltando em sua mente) e conta também com a bateria que vai ritmando a canção. Caro leitor, esta faixa é uma pequena dose em relação ao restante do disco!

Dando continuidade as faixas do disco temos “Endors Toi” no qual Kevin Parker faz uma pequena homenagem à cantora Melody’s Echo que colaborou com este disco do Tame e também por Parker ter produzido um disco dela. Um detalhe importante de se citar é que Kevin não é apenas um músico bem requisitado, mas também um excelente produtor e o mesmo produziu Lonerism, que mostra o quão ativo é o vocalista do Tame Impala. Mas voltando a falar sobre a faixa citada acima, ela começa com uma guitarra completamente tomada por efeitos que nos remetem a sons envolventes e ainda conta com uma bateria caracterizada por batidas contínuas na caixa parecendo uma banda marcial.

Agora vamos falar brevemente da faixa “Apocalypse Dreams” que relata todo o sentimento de um relacionamento ou provavelmente um sonho que o vocalista teve. O que nos chama a atenção é o conjunto de sons que compõem a canção: música bem preenchida com órgãos, efeitos não só nos instrumentos mas também na voz de Kevin, e detalhe, a voz dele é muito parecida com a de John Lennon (como citei anteriormente). Essa música é bem caracterizada por seus efeitos e como os instrumentos se encaixam em perfeita sintonia, principalmente o som do baixo que inclusive é um Hofner igual ao que Paul McCartney usa, trazendo assim mais vivacidade ao som do instrumento.
Vamos agora à faixa “Feels Like We Only Go Backwards”. Essa canção traz um beat de Hip Hop com uma bateria completamente “enxugada”, contém também linhas de baixo que dão um perfeito acabamento na música e também os efeitos dos sintetizadores. O mais legal é que esta faixa não contém guitarra elétrica, mas mesmo assim nos remete os sons lisérgicos dos anos 70 e ouvindo ela parece que estamos ouvindo canções dos discos Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band ou Magical Mistery Tour. Posso afirmar que essa é uma das melhores músicas do disco, transparecendo a total sintonia da banda, o êxtase e o ápice do psicodelismo.
Para encerrar minha resenha sobre o Tame Impala falarei sobre minha música favorita do disco Lonerism, “Keep On Lying”. Essa canção nos traz uma letra bem triste que talvez narre uma paixão; o retrato da melancolia em relação a um amor não correspondido; desencargo de consciência ou mesmo uma pessoa arrependia por conta de se envolver em um “amor mentiroso”. Por isso como diz o título da canção: Continue mentindo! Essa música chama muita atenção pelo som psicodélico e por em um certo momento os sintetizadores um tanto quanto hipnóticos  a ganham companhia de risos aleatórios (várias pessoas dando gargalhadas), nos levando a entender que o narrador está em uma festa ou em um clima excitante, porém, quem ele realmente ama não o enxerga. Por isso essa música nos envolve em um clima hipnotizante e conta com vocais carregados de efeitos que nos levam à um jardim elétrico (sentimento que a música tenta retratar) e posteriormente à caminhos sem direção.
Bom é isso galera, eu recomendo este disco para quem está afim de ouvir um som bem diferente do que temos hoje em dia e também pelo fato deste álbum do Tame nos levar à uma grande viagem transcendental. Como disse anteriormente, esse disco é o ideal para quem busca psicodelismo, inclusive até mesmo a capa do disco nos chama muito a atenção pois é a imagem de um jardim localizado em Paris chamado Jardin Du Luxembourg, uma paisagem bem fria e obscura, características do ser humano que este disco tenta mostrar.

Agradeço muito a atenção de todos e espero que tenham curtido a resenha de hoje. Até a próxima!

Faixas do Disco
 
1 – Be Above It
2 – Endors Toi
3 – Apocalypse Dreams

4 – Mind Mischeif

5 – Music to Walk Home By

6 – Why Won’t They Talk to Me?
7 – Feel Like Me Only Go
8 – Keep on Lying
9 – Elephant
10 – She Just Won’t Believe Me
11 – Nothing That Has Happened So Far Has Been Anything We Could Control
12 – Sun’s Coming Up
Obs.: Todas as canções foram compostas por Kevin Parker, exceto Apocalypse Dreams e Elephant, que foram compostas pro Kevin Parker junto a Jay Watson.
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Planet Hemp – Usuário (1995)

Planet Hemp – Usuário (1995)

Salve galera do blog A História do Disco, depois de um tempo eu, Bruno Machado venho escrever uma nova resenha para vocês. A última foi criada pelo nosso brother Flávio Oliveira que iniciou os trabalhos escrevendo sobre o primeiro disco dobeatle Paul Mccartney.Como minha especialidade é o cenário nacional passaram pela minha cabeça vários discos, clássicos de 80 e 90, várias bandas consagradas e que estão em atividade. O que tenho a declarar de início é que essa banda é muito polêmica pelo tema que ela sempre abordou em todos seus discos, a História do Disco apresenta Usuário, primeiro álbum da banda Planet Hemp.

Sim meus caros, agora viajaremos diretamente a 1995 quando esse grande disco foi concebido, aos que são mais jovens eu jogo a questão: Se hoje falar sobre a legalização da maconha já é um tabu imaginem em 1995? Sim, era mil vezes pior, mas os caras do Planet Hemp enfrentaram todo o preconceito, lançaram o disco e realmente deram a cara pra bater.

Vale também citar que o disco contém críticas severas à polícia e também a questão da alienação da população, sendo assim o disco pode ser interpretado como de protesto,  não faz apologia à maconha, apenas cita a droga em grande parte das canções por conta do estilo de vida que os integrantes da banda viviam (ou ainda vivem), pelo menos esta é a minha opinião em relação ao contexto geral do disco.

Marcelo D2 e BNegão são os frontmen do Planet dividindo os vocais das músicas numa sintonia muito bacana, não à toa ambos são os nomes mais conhecidos da banda que contou também com a participação de Black Alien nos vocais do disco Usuário. Este que substituiria BNegão como vocalista no disco “Os Cães Ladram mas a Caravana não Para”.  Já que citei uma participação de peso no disco, vou citar mais uma, Marcelo Lobato da banda “O Rappa”que fez os teclados em várias músicas do disco e que inclusive foi empresário do Planet Hemp. É importante citar que o baterista deste primeiro disco é o Bacalhau (hoje baterista do Autoramas) e não o Pedrinho que entrou na banda apenas a partir do disco “A Invasão do Sagaz Homem Fumaça”. Fechando a trupe, tínhamos o baixista Formigão, que hoje em dia está participando da turnê de 30 anos do primeiro disco da Legião Urbana junto de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá.

Mas vamos falar sobre as faixas principais do disco como:  Mantenha o Respeito, Legalize Já, Dig Dig Dig (Hempa), A Culpa é de Quem? e Porcos Fardados. Para quem achava que todas as letras foram escritas pela dupla D2 e BNegão se engana, elas contaram sim com D2 mas fazendo parceria com Rafael Crespo, o guitarrista da banda. Talvez a música mais conhecida da banda seja “Mantenha o Respeito”, até mesmo quem não gosta do conjunto carioca conhece a música ou já ouviu ela pelo menos uma vez.

A MTV Brasil colaborou e muito para a consolidação do disco “Usuário” no cenário nacional, na década de 90 os artistas brasileiros enxergaram o valor da gravação e veiculação de um videoclipe e o Planet Hemp usou muito bem este artifício gravando os clipes de “Legalize Já” e “Dig Dig Dig (Hempa)” que sempre estavam na programação da emissora, eu Bruno Machado era muito fã dela.

Ao todo a banda gravou 4 discos de estúdio (Usuário, Os Cães Ladram mas a Caravana não Para, A Invasão do Sagaz Homem Fumaça e Happy New Year) e um Ao Vivo MTV (gravado em 2001), esse que foi o último disco gravado pela famosa “ex-quadrilha da fumaça”.  Depois a banda se separou, e Marcelo D2 e BNegão deram continuidade as carreiras solo que ambos já tinham, D2 chegou a gravar um bom Acústico MTV (gravado em 2004) e BNegão consolidou sua carreira solo com o grupo Seletores de Frequência.

Em 2010 a MTV Brasileira completou 20 anos e o Planet Hemp se juntou em um show  para comemorar o aniversário da emissora, que foi muito importante pra música brasileira principalmente na década de 90. Marcelo D2 na época alegou que era apenas uma reunião e não uma volta da banda carioca. Isso porque daí pra frente a banda se apresentou várias vezes, claro esporadicamente mas se apresentava, e sempre dizendo que não era uma volta definitiva.

Entretanto em 2015 ocorreu a tão sonhada volta da banda que os fãs tanto esperavam, principalmente os que nunca puderam ver um show do conjunto (eu me incluo nesse grupo rs).  Não gravaram álbum novo na volta, mas mostraram que a energia no palco continua a mesma, com uma pegada forte demonstrando que o Planet Hemp escreveu sim sua história na música brasileira.

Essa foi mais uma matéria do Blog a História do Disco, espero que vocês tenham gostado e que continuem nos acompanhando galera. Muito Obrigado J

Faixas do Disco

1 – Não Compre Plante

2 – Porcos Fardados

3 – Legalize Já

4 – Deisdazseis

5 – Phunky Buddha

6 – Maryjane

7 – Planet Hemp

8 – Fazendo a Cabeça

9 – Futuro do País

10 – Mantenha o Respeito

11 – P…Disfarçada

12 –  Speed Funk

13 – Muthafuckin’

14 – Dig Dig Dig (Hempa)

15 – Skunk

16 – A Culpa é de Quem?

17 – Bala Perdida

Assista ao clipe da faixa Legalize Já.

Assista ao clipe da faixa Dig Dig Dig (Hempa).

Ouça aqui o disco “Usuário” inteiro!

Leia matéria sobre foto que Marcelo D2 postou no Facebook, supostamente cercado por maconha.

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Walter Franco – Revolver (1975)

Walter Franco – Revolver (1975)

Introdução ao cantor Walter Franco

Walter Franco é infelizmente um artista brasileiro pouco lembrado, talvez por isso tenha recebido o esteriótipo de maldito da música popular brasileira.  O disco a ser analisado – Revolver de 1975 – é pautado na questão lírica, um tipo de composição totalmente contrária ao que estamos acostumados a ouvir. Digo isso no sentido de que sempre estamos acostumados a ouvir certos tipos de sons que tenham melodias  doces, letras bem nítidas e que não tenham tantos elementos complexos e de difícil compreensão, no qual surge o espanto e a não compreensão dos elementos expressados pelo artista.

A música popular brasileira é somente ligada a grandes nomes como: Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa. Muitas vezes as pessoas se esquecem de pesquisar ou procurar saber sobre outros artistas que colaboraram de alguma forma na projeção desse movimento da arte brasileira. Walter Franco se diferencia de muitos artistas pois ele nunca esteve envolvido com nenhum movimento artístico. Walter sempre se manteve na vanguarda com suas letras bem reflexivas, muito envolventes e muitas vezes hipnóticas.

Por que escolhi disco Revolver? Certo dia estava fazendo minhas pesquisas musicais e me deparei com a capa de um disco diferente (estranho aos meus olhos), de um artista brasileiro e com um nome que me remetia aos Beatles: Revolver. Logo fui saber do que se tratava aquele disco e recebi “uma pancada de mão cheia”. Trata-se de um disco viciante, cheio de letras bem feitas e que mostra a postura firme de um artista como um músico alternativo, em uma época de muita popularidade da MPB. Procurei me atentar em apenas comentar sobre o disco e não sobre a carreira em si do artista.

O foco desta matéria será exclusivamente o disco, com objetivo de fazer com que você leitor se sinta curioso em relação a carreira de Walter Franco e que busque maiores informações sobre este grande artista.

Revolver (1975)

Esse disco é recheado de melodias interessantes e que nos mostra o quanto ele esteve bem a frente de seu tempo. Começando pela faixa que abre o disco “Feito Gente” que já inicia o long play com uma “pedrada na cara do ouvinte”, com a letra “feito gente/feito fase/ eu te amei como eu pude” com uma voz carregada e que nos remete a pensar que o cantor esteja embriagado. Isso com um acompanhamento musical bem cadenciado, no ritmo de suas palavras meio moles e cadenciadas demonstra a interpretação de Walter, elementos que nos chama mais atenção nesse disco. Vale muito se atentar a qualidade sonora deste disco, com uma bateria bem ao fundo (se você ouvir de fone, perceberá melhor) que remete as gravações dos Beatles. Temos um piano que atua constantemente em todo o disco e que traz uma personalidade característica no álbum.

Outra canção que podemos destacar é o haicai “Eternamente” na qual Walter Franco brinca com as palavras e muda completamente seus significados a todo instante: Eternamente/ É ter na mente / Éter na mente / Eterna mente. Uma das características bem marcantes deste disco é o fato de Walter envolver os ouvinte, se você ouvir atentamente perceberá muitas falas que sincronizam com  a canção. “Eternamente” é uma brincadeira interessante e eu, Flávio Oliveira, cheguei a conclusão de que o cantor brinca com os sentidos das palavras, sobretudo com o ouvinte – se você ouvir esse disco de olhos fechados perceberá que é uma viagem.

Em 1975 Walter optou por não seguir linhas melódicas, artifício que vários artistas usavam na época assim como a mistura de guitarra elétrica e linha melódica, peculiaridade dos Mutantes no período. Fugindo da onda do momento e da padronização da música, ele procurou trazer vários elementos musicais para o disco Revolver de forma bem criativa e criando uma mistura interessante. Outra músico que destaco é “Partindo do Alto/ Animal Sentimental”onde percebemos novamente sua jogadas nas letras: Foi teu mestre/ Quem me ensinou / Foi meu mestre / Quem te ensinou / Foi teu mestre / Quem me ensinou.

A cada faixa que vai correndo o disco vai ficando mais interessante e instigante, se tornando um álbum viciante e que você quer ouvir a todo momento. O experimentalismo presente é,  de certa forma, de difícil compreensão para algumas pessoas, trazendo assim uma certa dúvida ou confusão na cabeça dos ouvintes.  Mas nada disso nos impede de ouvir o disco, na verdade desperta a curiosidade em que quem nunca o ouviu.

Revolver – que nada tem haver com o dos Beatles de 1966 – é a prova mais óbvia de que a música brasileira também passou por experimentalismos interessantes em um período em que vários artistas se concentravam em uma forma de compor muito peculiar, enquanto Walter Franco optava em seguir na contramão, usando a sua forma mesmo.

Eu me senti muito bem quando conheci esse disco e fiquei orgulhoso em saber que temos artistas brasileiros como Walter Franco que são da Vanguarda mas que também são alternativos. Finalizando essa matéria ressalto mais uma vez, que a proposta desta é mostrar aos seguidores/leitores do blog A História do Disco que a música brasileira, por mais que seja renegada por muitos contém infinitas qualidades, independentemente da década em que o disco tenha sido concebido.

Creio que muitos de vocês ficaram curiosos para saber mais sobre esse disco, não é?  Vou deixar a conclusão sobre o disco com vocês pessoal, espero que vocês o ouçam, e ouçam novamente e bora ser feliz o/

Faixas do Disco

 
1 – Feito Gente
2 – Eternamente
3 – Mamãe D’Água
4 – Partir do Alto / Animal Sentimental
5 – Um Pensamento
6 – Toque Frágil

7 – Nothing

8 – Arte e Manha

9 – Apesar de Tudo é Muito Leve

10 – Cachorro Babucho
11 – Bumbo do Mundo

12 – Pirâmides

13 – Cena Maravilhosa

14 – Revolver

Ouça o disco “Revolver” inteiro!

Assista uma entrevista de Walter Franco no Jô Soares em 1990.

 

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Johnny Cash at Folsom Prison (1968)

Johnny Cash at Folsom Prison  (1968)

Olá galera que curte o blog A História do Disco, me chamo Nelson Baldassarini, e assim como os idealizadores deste projeto eu também sou fascinado por música. Recebi o convite para escrever a resenha um artista que gosto muito que é o Johnny Cash, e aqui estou para apresentar à vocês um grande disco desse mito sagrado da música.

Hoje vamos falar de um disco histórico em vários sentidos, pois não se trata apenas de um disco ao vivo, aliás, está muito longe disso.  Pode parecer simples, mas é muito difícil escrever sobre um álbum, sobre um artista, ainda mais quando escrevemos sobre um gênio e um álbum diferenciado como esse. Hoje A História do Disco apresenta Johnny Cash at Folsom Prison.

Quando se fala em show logo se imagina o público indo de encontro ao artista e não o contrário, mas nesse caso Cash revolucionou e foi ao encontro de seu público, contra tudo e contra todos (principalmente sua gravadora) fez um show pra lá de histórico na penitenciária de Folsom Prison.

Johnny sempre teve uma ligação com “Folsom” pois quando serviu a Força Aérea ele assistiu um documentário sobre a prisão, logo em seguida compôs o sucesso Folsom Prison Blues lançado em 1955, no ano seguinte Cash apresentou a canção na própria prisão, fato que o aproximou dos detentos e que criou um laço com eles.

O cantor teve vários problemas com drogas ao longo de sua carreira, problemas aliás que o levaram à prisão algumas vezes, que somando com o visual sombrio (por se vestir apenas de preto) tornava Cash cada vez mais um Cowboy Fora da Lei. Depois de um tempo afastado dos palcos Johnny resolve voltar em grande estilo e lançando um álbum ao vivo. Até ai tudo maravilhoso, mas para desespero de sua gravadora ele quis registrar esse trabalho na penitenciária apenas para os detentos.

Como ninguém conseguiu mudar a ideia do Man in Black, ele e sua companheira (June) partiram para o show desafiador com algumas recomendações de não cantar músicas que remetessem aos presos a sensação de desconforto ou até mesmo que fizesse o local entrar em ebulição com uma possível desordem. Lógico que Cash ignorou toda e qualquer ordem e iniciou o show justamente com a faixa “Folsom Prison Blues”, ainda estiveram em seu repertório neste show “Cocaine Blues” e  “25 minutes to GO”, uma dispensa apresentações e a outra fala sobre os minutos finais de um condenado.

Esse álbum é tão importante na carreira de Cash que o filme ” Walk the Line” conhecido no Brasil como “Johnny e June” (lançado em 2005 pela Fox Filmes, e tendo como protagonista o ator Joaquin Phoenix) tem em seu início e também em seu fim menções ao histórico show citado hoje em nosso blog. Aliás, para quem não conhece o filme fica a dica, ótima oportunidade de conhecer mais a história do mito Johnny Cash.

Capa do Disco

Para finalizar Cash ainda fez uma surpresa à um dos detentos e cantou uma canção de autoria deste, o que levou o “público exclusivo” a um total delírio. Infelizmente não existe nenhum registro em vídeo desse show, apenas áudios e fotos. Depoimentos de quem esteve presente descrevem a noite em Folsom como inesquecível. Quem ouve o disco pode sentir um pouco do clima de euforia dos detentos e Cash talvez em sua melhor performance na carreira.

Enfim, quem conhece esse disco sabe do que estou falando e para quem não conhece, ótima oportunidade de ouvir e conhecer Johnny Cash, em minha opinião, um dos maiores cantores da história.

Abaixo minha tatuagem em homenagem à Johnny Cash:

Faixas do Disco

 
1 – Folsom Prison Blues
2 – Busted
3 – Dark as the Dungeon
4 – I Still Miss Someone
5 – Cocaine Blues
6 – 25 Minutes to GO

7 – Orange Blossom  Special

8 – The Long Black Viel

9 – Send a Picture of Mother

10 – The Wall
11 – Dirty Old Egg Sucking Dog
12 – Flushed from the Bathroom of Your Heart
13 – Joe Bean
14 – Jackson
15 – Give my Love to Rose

16 – I Got Stripes

17 – The Legend of John Henry’s Hammer

18 – Green, Green Grass of Home

19 – Greystone Chapel
Bom, isso é tudo pessoal! Espero que tenham gostado da resenha e agradeço a oportunidade de escrever nesse blog sensacional. Valeu Flávio e Bruno 🙂
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Paul Mccartney – I (1970)

Paul Mccartney – I (1970)

Olá pessoal, como vocês estão? Já faz um tempo que não escrevo nada por aqui, isso tudo devido ao tempo (infelizmente isso), na qual somos condicionados em submeter-se em fazer várias atividades e por conta disso, não temos tempo de fazermos o que realmente amamos. Por isso, aproveitando esse tempo favorável que vêm de encontro comigo, procurei voltar a escrever no Blog – até porque amo escrever sobre música e futuramente procurarei me especializar mais nela –, por isso voltando à tona a escrever vamos meter o pé e discorrer sobre um maravilhoso disco que é: PAUL MCCARTNEY – conhecido como MCCARTNEY I.

Contextualizando um pouco!

Antes de entrarmos no mérito desse primeiro disco solo do Paul, precisamos fazer uma contextualização básica, para assim nos situarmos de tudo que estava ocorrendo nessa época. Em 1969 os Beatles estavam declaradamente ‘separados’, isso tudo em decorrência de uma grande divergência que ocorria na banda: de um lado, tínhamos um John Lennon apaixonado e vivendo feliz os prazeres do amor (com a querida Yoko Ono), George Harrison se aprofundando cada vez mais nas questões espirituais e compondo freneticamente sobre espiritualidade e paz interior, temos também um Ringo Starr calmo, sereno e que coitado, as ‘broncas’ da banda sempre sobravam para ele, e por fim, temos um Paul McCartney à todo vapor querendo compor, produzir e gravar discos.

Juntando tudo isso, temos as divergências dos Beatles e assim consecutivamente, temos o desfecho de uma das maiores bandas que o mundo já conheceu. A última apresentação do Fab Four ocorreria nos telhados do Abbey Road, no dia 30 de janeiro de 1969. O desfecho da banda traria um choque imenso na vida do Paul, sendo que, depois da morte do empresário dos Beatles – Brian Epstein – Paul tomaria a frente de muitas coisas da banda (ele queria botar ordem na banda), ocasionando um conflito grande com o restante do grupo. Não podemos deixar de mencionar que, mesmo após a morte de Brian, Paul produziu e teve ideias geniais dentro dos Beatles, das quais podemos citar aqui como exemplos: a ideia central do disco Magical Mistery Tour, a ideia do disco Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band e o ‘fiasco’ em gravar como era o processo de criação dos Beatles, com o filme Let it Be. Sendo assim, dentro desses apontamentos que fiz, podemos sacar como o clima estava dentro do grupo e as desavenças que estavam acontecendo.

Em suma, depois da separação da banda, Paul viveu um período de reclusão em sua fazenda na Escócia juntamente com sua esposa Linda McCartney (foi esposa de Paulo de 1969 a 1998), deprimido por ter acabado a banda e sendo assim, ficou pessimista quanto a sua carreira. Mas é aí que a história muda completamente!

Produção do Disco e Paul Instrumentista

Depois dessa ‘maré brava’ levando Paul a beber várias doses de whisky e passando muito tempo solitário em sua fazenda, eis que Paul é motivado por sua esposa a produzir um disco em seu estúdio particular. Sendo assim, temos o início de um dos discos mais virtuoses de Paul.

É interessante ressaltar que este disco foi gravado inteiramente pelo próprio Paul – sim ele toca tudo mesmo, as guitarras, a bateria, os pianos, órgãos e toda a estrutura instrumental que compõem esse disco – e os vocais são feitos por sua esposa e ele. Nesse álbum, temos um apanhado de várias canções que o Paul compôs enquanto estava nos Beatles, canções como Junk e Teddy Boy, e temos também canções que foram feitas antes mesmo da banda fazer sucesso – na qual ele tinha recém entrado na banda de Lennon, The Quarrymen – a música que estou falando é Hot as Sun/Glasses, que segundo o próprio Paul foi composta em 1959.

Esse disco além de ter uma capa muito bem feita pela sua esposa, tem canções recheadas de musicalidade e excesso de criatividade, como o próprio Paul disse em várias entrevistas. McCartney I é um disco interessante pois ele é estruturado com várias músicas instrumentais, sendo assim, um disco completamente cheio de “JAMS DE UM HOMEM SÓ“. Não podemos deixar de comentar sobre a música mais linda do disco, e que possivelmente um dos maiores clássicos do Paul, que é Maybe I’m Amazed. Percebam amigos que nessa canção podemos reconhecer os mesmos timbres do último disco dos Beatles – Abbey Road – que a sonoridade dos instrumentos lembra muito Here Comes the Sun e You Never Give Your Money – bem bacana isso, quem puder comparar, manda bala!

Resumindo tudo isso – escrever sobre assuntos que envolvem os Beatles é a coisa mais gostosa do mundo para mim, por isso preciso impor limites, senão me empolgo –  esse é um disco que todos deveriam ouvir e não dar bola para o que os críticos tenham a dizer, acredito que devemos valorizar o trabalho do artista, dando apoio, admirando sua obra e incentivando o músico a crescer na carreira. Digo isso porque esse disco foi massacrado pela crítica na época, pois foi considerado “muito caseiro” aos padrões do mercado fonográfico. Ok, mas qual o problema em relação a isso? Na minha opinião quanto mais caseiro e cru, mais interessante fica o disco, por isso resolvi comentar brevemente sobre ele. É um disco que você escuta do começo ao fim, os dois lados (no caso do LP) ou continuamente (se tiver ouvindo em CD) e você nem vai perceber se parece ou não algo “muito caseiro”, pois a qualidade sonora de Paul é tão extrema que o disco chega a ser hipnótico. Digo isso por experiência própria, pois quando ouvi pela primeira vez, fiquei impressionado como Paul toca bem bateria e outros instrumentos.

Capa do Disco feita pela ex-esposa de Paul, Linda Mccartney

Pois bem, fica aqui a dica de um disco gostoso de se ouvir em qualquer dia, em qualquer momento e vale a pena também conhecer um pouco da carreira solo de um dos integrantes dos Beatles.

Valeu galera, se deliciem com o disco.  Até mais!

Faixas do Disco

1 –   The Lovely Linda

2 –   That Would Be Something

3 –   Valentine Day  – Instrumental

4 –   Every Night

5 –   Hot as Sun/Glasses

6 –   Junk

  • Originalmente escrita em 1968 durante a viagem dos Beatles à Índia
  1. -Man We Was Lonely

8 –   Oo You

9 –   Momma Miss America

10 – Teddy Boy

  • Originalmente escrita em 1968 durante a viagem dos Beatles à Índia

11 –  Singalong Junk

12 –  Maybe I’m Amazed

13 –  Kreen-Akrore

Obs.: Todas as canções foram compostas por Paul McCartney.

Ouça o disco Paul Mccartney – I completo!

Ouça a faixa destaque do disco, Maybe I ‘m Amazed.

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Engenheiros do Hawaii – Simples de Coração (1995)

Engenheiros do Hawaii – Simples de Coração (1995)

Olá galera do Blog A História do Disco,  estamos de volta para apresentar à vocês mais um maravilhoso álbum, depois de falar de várias bandas clássicas e de artistas muito conceituados, vamos resenhar sobre um disco um tanto quanto conceitual de uma banda que é caraterizada pelos limites, você a ama ou a odeia, é meus queridos, estamos descrevendo nada mais nada menos que a banda Engenheiros do Hawaii.

Vamos dissertar sobre o disco Simples de Coração, este foi gravado em 1995 e não continha mais a formação original (Gessinger, Licks e Maltz), entretanto um novo guitarrista estava a postos, e era nada menos que o caro Fernando Deluqui, ex integrante do RPM que havia se desfeito da banda após a gravação do péssimo disco Quatro Coiotes.

Você deve estar se perguntando: Poxa mais por quê a galera do blog não vai dissertar sobre um disco com a formação clássica do Engenheiros ao invés da formação do disco de 1995? Bom meus caros, na minha concepção, Simples de Coração foi um marco na carreira do Engenheiros, um divisor de águas, e mostrou todas as influências da banda, coisas que os outros discos escondiam, é um disco que dá para ouvir inteiro sem cansar, não há como não se apaixonar por ele.

Um ponto interessante desse disco é que a cultura do Rio Grande do Sul ainda se encontra muito presente, principalmente na faixa Ilex Paraguarienses. Nela você tem total visão sobre a cultura gaúcha, Gessinger nunca abriu mão disso nos discos do Engenheiros, mas em Simples de Coração chega a ser emblemático.

Quando falamos de Engenheiros do Hawaii pensamos automaticamente nas músicas temas do trio, O Papa é Pop, Pra Ser Sincero ou mesmo Era um Garoto que Como Eu, Amava os Beatles e os Rolling Stones. Mas nem só de hits se faz uma grande banda, o interessante é que o Engenheiros fez com que uma geração se apaixonasse pelo trabalho da banda, coisa que eu tenho em vista que somente a Legião Urbana conseguiu fazer de melhor forma. Ou seja, quem gostava/gosta da banda realmente seguia os passos da mesma e começando a partilhar de gostos da cultura gaúcha, como tomar o tererê por exemplo.

Voltando ao disco Simples de Coração, temos uma faixa muito bacana chamada Castelo dos Destinos Cruzados, essa é interpretada por Carlos Maltz, começa com um dedilhado sereno e do nada vira uma música bem pegada, com backing vocals muito bem encaixados de Humberto Gessinger. A faixa tem um ar medieval muito interessante, e a performance de Fernando Deluqui dá o ar da graça na música.

Tirando Simples de Coração que dá nome ao disco a outra faixa que se tornou hit radiofônico foi A Promessa, inclusive foi a primeira música do Engenheiros do Hawaii que eu Bruno Machado ouvi em minha vida.

Além de sair da formação trio clássica do Engenheiros e de contar com o guitarrista Fernando Deluqui, o disco Simples de Coração ainda contou com pelo menos dois excelentes músicos que fizeram uma grande diferença na qualidade sonora do mesmo: Ricardo Horn e Paolo Casarim. O primeiro gravou no disco bandolim, viola caipira, violão de XII cordas, guitarra e voz. Já o segundo gravou acordeon, gaita, piano e voz.

Ou seja meus queridos leitores, Simples de Coração reunia um time de peso nos instrumentos e nas vozes, contava com toda a tradição do Engenheiros e contava com canções absurdamente conceituais, vai de cultura gaúcha a indagação política. O álbum mostrou para os amantes da banda que ela não era boa apenas com o trio Gessinger, Licks e Malts, a mesma ainda tinha muito gás para produzir bons discos.

É importante citar que a segunda metade década de 90 não foi um mar de rosas para o rock nacional, afinal, o apogeu do estilo foi em 80, (inclusive quando o Engenheiros teve Terra de Gigantes tocada nas rádios, faixa do disco Revolta dos Dândis, gravado em 87) e as bandas tinham que se reinventar para continuar na mídia. Fora isso, um tal ritmo chamado axé estava sendo introduzido no mercado. Mesmo com todos estes fatores o Engenheiros conseguiu produzir um excelente disco sem mesmo ter a formação trio original que consagrou a banda entre o fim de 80 e o começo de 90. Discos como O Papa é Pop (1990) e Várias Variáveis (1991) introduziram a banda gaúcha na década de 90.

A História do Disco apresentou o álbum Simples de Coração de 1995 do Engenheiros do Hawaii, espero que vocês tenham gostado, até a próxima galera!

Faixas do Disco

1 – Hora do Mergulho

2 – A Perigo

3 – Simples de Coração

4 – Lance de Dados

5 – A Promessa

6 – Por Acaso

7 – Illex Paraguarienses

8 – O Castelo dos Destinos Cruzados

9 – Vícios de Linguagem

10 – Algo por Você

11 – Lado a Lado

Ouça o disco Simples de Coração completo!

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Lobão – Cena de Cinema (1982)

Lobão – Cena de Cinema (1982)

Olá pessoal, como vão vocês? Espero que bem e em meio a essa onda de conhecimentos novos musicais, eu Flávio Oliveira quero compartilhar com vocês o disco que é considerado “cult” pelo próprio artista e que para muitos é bem polêmico. Estamos falando de um grande disco, Cena de Cinema, de 1982, um belo disco de estreia de Lobão, que nesse período havia rompido com a Blitz (Claro, deixando todo mundo puto!!!) e partindo para fazer carreira solo.

Mas antes de entrarmos no mérito de comentarmos o disco, quero fazer um breve parêntese o sobre o artista Lobão.

João Luiz Woerdenbag Filho nascido no Rio de Janeiro em 11 de outubro de 1957 é um músico e compositor brasileiro (muito polêmico atualmente, mas não levaremos isso em consideração).

João Luiz (vou preferir chamá-lo de Lobão mais adiante) teve sua infância marcada por momentos de revelação musical e de muita opressão pelos pais, a partir daí entenderemos o porquê o nosso amigo Lobão irá ter uma posição bastante rebelde em sua vida.

Único filho do casal foi diagnosticado ainda criança com uma doença rara e que exigia muito cuidado, Lobão teve nefrose (uma inflamação nos rins) e por isso, a maior parte do seu tempo não teve uma infância normal como a de todos os moleques, fora poupado de atividades comuns que um menino poderia fazer. Por isso fora um garoto muito bem cuidado pela sua mãe, Dona Ruth, que por sua dedicação de mãe e toda a sua responsabilidade, Lobão aos 10 anos foi curado (um caso raro, pois o menino fora um dos primeiros casos de cura dessa doença), mas enfim, partindo desse leque de informações, podemos entender de onde surgiu esse interesse de Lobão pela música.

Suas férias no sítio da família em Rio da Pedra no Rio de Janeiro fizeram muito bem para ele, tendo tios com gostos refinados, ele aprendeu a ter um gosto excêntrico por música desde cedo e foi nessas festas familiares que o menino lobo descobre seu primeiro instrumento, que foi a bateria. O menino ganhará de sua avó a sua primeira bateria e partir desse momento, começa a tirar sons e ter uma capacidade musical incrível. Um detalhe bastante curioso, João Luiz, teve o apelido adotado por seus amigos pelo fato dele estar sempre com um macacão surrado e sempre com uma touca na cabeça, ganhando o apelido carinhosamente dado pelos amigos de Lobão e por isso ficou.

Foi na escola com cerca de 13 anos que começou a ter contato com amigos que partilhavam da mesma paixão e interesse pelo rock n’ roll, e existe uma passagem sua muito cômica, onde dois garotos mais velhos descobrem quem é o rapaz que faz um “barulho” na batera do apartamento próximo onde eles moravam e por isso resolvem marcar um som. No dia do tal som, a mãe do jovem Lobão não estava em casa, e o encontro rolou com várias músicas de rock n’ roll e a notícia se espalhou por todo colégio e fora marcado outro dia para um novo encontro. No outro dia o menino teve a infelicidade de ficar sabendo que sua mãe estava em casa e os jovens (que na mentalidade de sua mãe, eram delinquentes e marginais por gostarem de rock) foram descobertos e expulsos por Dona Ruth, deixando o menino muito frustrado e com muita vergonha.

A partir desse contexto que percebemos a tamanha repressão que Lobão sofria mediante aos pais, conservadores e com mentalidade muito atrasada para aquele tempo. Mas partindo um pouco mais afrente em sua história, o menino com seus 17 anos conhece o nosso saudoso Lulu Santos, que na época tinha a tal famosa banda carioca, Vímana, que Lobão tinha assistido com um amigo naquele tempo, e em meio a essa história um amigo dele que era bem próximo de Lulu descobre que a banda está sem baterista e resolve colocar ele para fazer um teste, lembrando que, a banda Vímana só tinha craques,  contando com: Ritchie (sim, aquele carinha que cantava Menina Veneno) e Lulu Santos.

Feito o teste, o garoto com seus 17 anos passa, mas fica inseguro por seus pais não o deixarem tocar em bandas de rock, segundo eles: músicos não tem futuro e sempre viveram em decadência usando drogas. Fica aí um pensamento conservador e muito moralista, mas em suma, o menino conseguira fazer parte da banda. Foi acompanhado por um responsável em todos os shows (que era nada menos que Nelson Motta) e a banda se apresentava em espetáculos da atriz Marília Pêra. Depois de um tempo o grupo começa a ter divergências, mais precisamente quando o músico Patrick Moraz (tecladista do YES) entra na banda e vem com novas modalidades para a banda, essas divergências ocasionariam a saída de Lulu e a banda ficaria na mesmice de querer fazer um som diferente, isso porque naquela época o rock progressivo perdera a força sucintamente. No final das contas Lobão acabou ficando com a mulher de Patrick e a banda terminara.

Em meio a essa turbulenta história, Lobão conhece o jovem Evandro Mesquita e os mesmos resolvem montar uma banda, aliás, toda a banda fora ideia de Lobão. A banda recebeu o nome de Blitz, só que existe um detalhe, em meio a essa ruptura de Vímana e a criação da Blitz, Lobão estava produzindo seu o disco, Cena de Cinema, que fora pago por seu amigo Ignácio e teve colaboração de todos os seus parceiros (como a cantora Marina, que contribuiu em composições e também com Lulu Santos, que ajudou com arranjos e solos em várias músicas). E é nesse momento na história de Lobão que a banda Blitz decola e começa o sucesso. Lobão começa a ser pressionado pelos integrantes da banda para deixar de lado o seu projeto solo e partir na banda (onde ele apenas tocava bateria), só que o rapaz não queria abandonar o esforço de todos seus amigos em ajuda-lo e resolveu dar uma “trapaceada” com na Blitz.

É nesse momento onde muitas pessoas acham que foi “cachorrada” do Lobão, mas eu, Flávio Oliveira, acredito que foi uma atitude espontânea e um meio de se autopromover. Lobão disse à banda que iria continuar na Blitz e que iria esquecer seu projeto solo e é nesse instante que a banda recebe um convite para ser capa de uma revista, cedendo entrevistas e contando as novidades da banda (que começara a alavancar sucessos nos anos 80). Pois bem, Lobão deu entrevistas (falando bem de si mesmo) e tirou fotos.

A revista saiu, Lobão a pegou e foi para uma gravadora (RCA VITOR), e conseguiu um contrato para poder lançar o seu disco, Cena de Cinema. Cachorrada? Pilantragem? Não podemos julgar o mesmo, o que podemos salientar é que o rapaz fora pressionado a esquecer de seu disco, que fora presenteado por um amigo e feita toda uma produção independente. Lobão considera essa atitude “Show Business” e tacou o “foda-se”. Conseguido o contrato começou então a odisseia de “Cena de Cinema”.

O disco em si tem várias composições muito bem feitas como a própria canção-titulo do disco, Cena de Cinema, essa que tem uma letra bem interessante de amor e sua suavidade na guitarra (nesse ponto Lobão começa a tocar guitarra). Temos também a faixa, Amor de Retrovisor, que posteriormente tornara-se um clássico dele, tocada em vários shows e também a música Love pras Dez. Um disco muito bom de ser ouvido e com canções marcantes, bateria com toques interessantes e mistura de vários elementos que ele transpôs em todo o disco.

Existe mais uma história polêmica desse disco que vale a pena comentar (brevemente, claro rs), que é a questão da briga entre Lobão e Herbert Vianna. Lobão guarda um certo ódio ainda, ressentido até os dias de hoje em relação ao frontman da banda Os Paralamas do Sucesso, o caso foi o seguinte: Lobão conhece Barone que dizia ser muito seu fã, por ter ouvido Cena de Cinema e explanando ressaltou que até nos ensaios da banda eles tocavam canções do disco do rapaz. Fora nesse momento em que Lobão conheceu Herbert em um hotel onde bandas da gravadora estavam reunidas e os dois começaram a mostrar canções um para o outro.

Passado isso, é lançado o primeiro disco dos Paralamas do Sucesso e é aí que vem a bomba do assunto. Um amigo de Lobão comprou o disco e percebeu certo tom de plágio da banda, onde se evidenciavam vários elementos e ideias de Lobão que em ocasiões passadas tinha sido mostrada para Herbert. Pois é caros leitores do blog A História do Disco, eu Flávio Oliveira fiz os testes e realmente tive a impressão de que as canções soam como o disco Cena de Cinema, os elementos da guitarra são bem parecidos e até uma música que é canção-título do disco ressalta o plágio, o disco dos Paralamas se chama “Cinema Mudo”, fica aí a questão em aberto e vocês pode tirar dúvidas, sendo que o disco de Lobão não teve tantas repercussões como o do Paralamas.  Mediante a essa história ardente de ódio, Lobão ficara puto e revoltado com a vida.

O disco em si fora pouco divulgado, acarretando em brigas de Lobão com a gravadora, inclusive havendo a quebra de várias partes da sede da mesma. Com isso, Cena de Cinema caiu no esquecimento e ficou por isso mesmo, como o próprio Lobão diz: Ficou na geladeira e se tornou um disco Cult.

Posteriormente Lobão se juntaria com amigos de colégio e assim formariam a banda Lobão e os Ronaldos, concebendo canções que fizeram sucesso e ainda hoje chamam a atenção dos ouvintes, como: Me Chama, Corações Psicodélicos e Décadénce Avec Élégance, mas isso é outra história. Por isso, ficam aqui minha dica e contribuição à vocês leitores do Blog, Cena de Cinema um disco Cult, polêmico e com muita pegada rock n’ roll dos anos 80, este que estava entrando no seu apogeu. Espero que gostem do disco de hoje! Abraço pessoal, até mais!

Faixas do Disco

LADO A

1 –  Cena de Cinema

2 – Amor de Retrovisor

3 – Love pras Dez

4 – O Homem Baile

5 – O Doce da Vida

LADO B

1 –  Stopim

2 – Squizotérica

3 – Sem Chance

4 –  Scaramuça

5 – Robô,Robôa

Obs.: Infelizmente não encontramos um link com o álbum Cena de Cinema inteiro com uma boa qualidade de áudio, mas abaixo segue algumas faixas separadas do disco com boa qualidade.

Ouça um dos destaques do Lado A de Cena de Cinema, a faixa Love pras Dez.

Assista ao videoclipe da faixa que dá nome ao 1° disco de Lobão, Cena de Cinema.

Compare a música Cinema Mudo dos Paralamas do Sucesso com o disco Cena de Cinema de Lobão.

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Queen – News of the World (1977)

Queen – News of the World (1977)

Olá galera que curte o blog A História do Disco, prazer enorme escrever pra vocês, depois de começarmos o ano com um ícone da MPB resolvemos falar sobre uma das bandas que transformaram o rock no mundo, principalmente na estética dos shows, estou falando de nada mais nada menos que a banda Queen.

Falar que o Queen é uma das maiores bandas que o mundo do rock já teve chega a ser pleonasmo, mas o que mais impressiona é a influência que esta banda britânica tem até hoje com vários clássicos relembrados em grandes eventos. Em meio a finais de jogos de vários esportes Will We Rock You sempre é cantada, assim como We are the Champions é praticamente um tema de vitória dedicada ao campeão de um torneio.

News of the World é o sexto disco de estúdio desta espetacular banda britânica, o disco tem um conceito muito amplo, não fica somente no melódico e nem no puro rock, tem pegadas com suingue que até lembram a Bossa Nova e acima de tudo tem a qualidade dos músicos que faziam parte do Queen.

Quis muito falar de um disco específico do Queen pois foi uma das primeiras bandas que meu pai me apresentou, quando eu era criança saia de carro com meu pai e ouvia muito as músicas do Queen com ele, mal sabia eu a importância dessa banda pro cenário da música mundial. Cenário que não seria o mesmo sem o Queen, principalmente quando falamos de apresentações ao vivo, essa era a carta na manga da banda, por isso mesmo é mais fácil ouvir comentários sobre os shows do Queen do que sobre seus discos de estúdio.

O Queen apenas ganhou expressão depois do seu terceiro disco de estúdio, o esplêndido A Night of the Opera de 1975, Love of my Life é a música que marca o disco, reza a lenda que o frontmanFreddie Mercury escreveu para si a música, não há dúvidas que ele realmente era incrível.

News of the World é um disco um tanto quanto clássico, você aí do outro lado pensaria que é um clássico por conta das músicas consideradas “Lado A”. Meu caro leitor é aí que você se engana. O quarteto formado por Freddie Mercury, Brian May, Roger Taylor e John Deacon provou que o Queen queria demonstrar toda sua qualidade neste disco. O lado b desse álbum é magnífico, é mistura de rock clássico, melódico e até faixa com alusão a Bossa Nova. Não falta piano, não falta baixo, não falta pegada de rock com a guitarra inconfundível de Bryan May, sobra estilo nas batidas de Roger Tylor e no vocal fodástico do Sr. Freddie Mercury. O psicodelismo chega a pairar nesse disco também.

É muito interessante esclarecer que shows com iluminação e dentro de estádios foram uma inovação que a banda britânica trouxe à tona, fora que as performances de Freddie Mercury eram um show à parte, isso porque fora dos palcos ele era tímido, mas a frente do público ele cantava, encantava e dava cara ao Queen.

Este disco foi importante para a carreira do Queen pois demonstrou a vasta quantidade de influências que a banda tinha, assim como citado no começo da matéria, tem um pouco de tudo no disco e duas faixas que se tornaram clássicos da música mundial.

We are the champions é uma delas, há rumores de que Freddie compôs esta canção com intuito de que ela fosse um hino voltado aos homossexuais, apesar que é muito válido lembrar que o vocalista era uma pessoa reservada fora dos palcos, não expunha sua vida pessoal dentro do Queen. Verdade ou não o fato é que a música se tornou um clássico, contemplada em finais de campeonatos de futebol pelos campeões.

We will rock you é a primeira faixa do disco, Roger Taylor e Bryan May fazem com que a música se torne espetacular, algo que parece tão simples do nada se torna uma canção gigante e que virou até tema de filme. Coração de Cavaleiro que tem como protagonista o ator Heath Ledger, se passa em uma época medieval onde acontece confrontos em arenas,  de fundo nada mais nada menos que We will rock you que engrandece o herói do filme.

Durante sua carreira a banda britânica não se cansou de lançar hits, Under Pressure, I Want Break Free, Radio Gaga, I Want It Wall, entre outros e isso com certeza fez com a banda nunca mais saísse de moda, fez a cabeça de várias gerações, inclusive da minha.

Voltando ao lado B desse maravilhoso disco, temos a faixa It’s Late, são quase sete minutos de pegada melódica, balada e incontestáveis atuações de Freddie Mercury e Brian May, esse último que em determinada fase da banda chegou a ficar internado, sua vontade era tanta de tocar que ele chegou a cogitar sair do hospital  e se juntar aos companheiros de banda, o mesmo achava que seria substituído, ainda bem que ele estava completamente enganado.

Spread your Wings é a faixa que contém mais instrumentos, conta com o piano de Mercury, violão e guitarra de May, linha incontestável de baixo de Deacon e conta com Taylor na bateria  dando a tônica a uma das faixas mais bonitas do disco.

Freddy Mercury faleceu no dia 24 de novembro de 1991 (intrigante saber que o líder de uma das bandas que eu mais gosto havia morrido enquanto eu tinha apenas 6 meses de vida), ele foi a primeira grande figura do rock a ser vítima da AIDS. A morte de Mercury se deu por broncopneumonia, causada por conta do cantor ter contraído o vírus.

Por hora o Queen havia acabado, tinha perdido seu frontman, Brian May sentiu e muito a morte do amigo. Depois de treze anos May e Taylor anunciaram uma turnê com Paul Rogers (esse que era vocalista do Bad Company) chamada Queen + Paul Rogers, claro que os fãs do Queen torceram e muito o nariz pra atitude, Freddie é o eterno vocalista da banda e não há como substituir ele.

Em 2014 foi anunciada uma nova turnê, agora com o cantor Adam Lambert, May admitiu que a escolha de Paul Rogers não tinha sido interessante apenas porque o vocalista não combinava com a sonoridade do Queen.

Em suma o Queen foi uma banda extraordinária, marcou época e foi muito importante pro rock mundial, espero que vocês tenham curtido a matéria e que continuem acessando o nosso blog. Valew galera, até a próxima.

Faixas do Disco

1 – We Will Rock You
2 – We Are The Champions
3 – Sheer Heart Attack
4 – All Dead, All Dead
5 – Spread Your Wings
6 – Fight From The Inside
7 – Get Down, Make Love
8 – Sleeping on the Sidewalk
9 – Who Needs You
10 – It’s Late
11 – My Melancholy Blues

Obs: Infelizmente não encontramos um link com boa qualidade de áudio no youtube com o álbum News of The World completo, pois isso vamos liberar algumas faixas separadas.

Assista ao comercial da marca Pepsi que tem como tema a faixa We Will Rock You.

Ouça a faixa It’s Late, música considerada lado B do disco News of The World.

Veja uma versão especial de We Will Rock You emendada com We Are The Champions! 

Ouça a faixa Spread Your Wings, também considera lado B do disco News of The World.

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Pearl Jam – Ten (1991)

Pearl Jam – Ten (1991)

Olá blogonautas do A História do Disco!

Prazer, me chamo Denis Borges e pedi licença ao meu amigo Bruno para falar um pouco sobre um dos motivos de eu ter escolhido o Rock como meu estilo musical. Tudo começou em uma cidade fria e úmida, mas de uma cena musical extremamente quente. Nomes como Ray Charles, Quincy Jones e um tal de Johnny Allen Hendrix, ou para nós meros mortais, Jimi Hendrix, precederam o que viria a ser a cereja do melhor bolo que Seattle já fez, o movimento Grunge. Sim, não apenas um nome ou uma banda,  mas todo cenário que em minha humilde opinião deu a última grande revolucionada sonora no rock ‘n roll. Meninos de classe média que não tinham o que fazer (em uma cidade em que guarda-chuva não é acessório e sim um item obrigatório) escutam hardcore, punk, heavy metal e indie rock. Ficavam em seus porões tocando suas guitarras cheias de distorções que produziam, e algumas ainda produzem, um som sujo, o “grunge” e letras repletas de sentimentos como apatia ou descontentamento social.

Esse novo estilo de fazer rock dominou a cena musical dos anos 90, nos agraciando com bandas do quilate de: Nirvana, Soundgarden, Alice in Chains e a minha preferida, o Pearl Jam. E é sobre o Pearl Jam que vou falar um pouco, mais precisamente sobre seu primeiro disco, o Ten.

Lançado em 27 de agosto de 1991, o disco não foi um estouro de imediato, ao contrário de Nevermind – do Nirvana – ele precisou de pelo menos um ano para se tornar realmente um sucesso, alcançando até os dias de hoje aproximadamente 10 milhões de discos vendidos somente nos EUA. O nome Ten, não é uma referência ao número de faixas contida no disco, que na verdade são 11, mas sim, ao número da camisa do jogador de basquete Mookie Blaylock, ex-armador doNew Jersey Nets e Atlanta Hawks. A título de curiosidade, o primeiro nome da banda era exatamente, Mookie Blaylock, só que futuros problemas comerciais com o jogador e também por não ser um nome nada comercial para uma banda de rock fizeram com que os integrantes mudassem o nome para Pearl Jam, que em tradução livre seria Geleia da Pérola, segundo Eddie Vedder, sua avó fazia uma geleia com ingredientes indígenas que eram alucinógenos. Existem outras teorias sobre o significado do nome, mas isso fica para uma próxima resenha, pois agora vamos falar um pouco sobre as faixas desse sensacional álbum.

Depois de uma breve introdução sobre Seattle, Grunge e Pearl Jam vamos ao que realmente interessa aqui, as músicas. Podemos destacar logo de cara os três singles que tocaram nas rádios, não são necessariamente as melhores ou de maior sucesso, mas acredito eu, as que representariam melhor o som da banda no momento. O primeiro single foi exatamente a primeira música do Pearl Jam que escutei, Alive.

Alive tem uma história singular, já que a música foi criada por Stone Gossard – guitarrista – antes de Vedder entrar para a banda. Aliás, a música foi a porta de entrada para Vedder. Ela chegou até ele através do então baterista do Red Hot Chilli Peppers, Jack Irons. A letra Vedder compôs logo em sequência, após uma manhã de surf. O resto virou história. Um outro dado curioso é que parte da letra conta a história de vida de Eddie Vedder, onde ele descobre que seu pai biológico não é o seu pai de criação, isso aconteceu quando ele tinha 17 anos. Musicalmente falando acho Alive uma música poderosa que começa bem, com um belo e marcante riff e termina melhor ainda, com um solo final sensacional.

A segunda música que destaco é Even Flow. Segundo single comercial da banda, alcançou um sucesso maior do que Alive. É unanime entre os músicos que era uma das músicas mais desafiadoras de se tocar, modificaram-na cerca de 70 vezes até achar o ponto. Segundo McCready – guitarra solo – até hoje, Stone Gossard, o outro guitarrista, ainda não encontrou a maneira perfeita de tocá-la. McCready fala também que ele praticamente plagiou tudo o que sabia sobre Stevie Ray Vaughan e mesmo assim não ficou bom. Imagina se tivesse ficado. A letra ficou a cargo de Eddie Vedder e retrata bem o Grunge. Fala de problemas sociais, sobre pessoas que moram nas ruas e o preconceito que elas sofrem.

Para fechar a trinca dos singles comerciais, o mais comercial de todos, Jeremy. Posso afirmar isso pelo sucesso que seu videoclipe fez e faz desde que foi lançado em 92. A saudosa MTV, passava exaustivamente na sua programação. O clipe ganhou quatro MTV Vídeo Music Awards em 93. Jeremy é uma história verídica de um menino que cometeu suicídio em plena sala de aula. Ela foi criada após Eddie ler a pequena notícia em um jornal. Ali ele decidiu que coisas desse tipo aconteciam frequentemente e tinha que fazer algo para que as pessoas começassem a pensar a respeito. Hoje o conceitual clipe de Jeremy quase não é mais exibido, sob a alegação que o videoclipe poderia estimular jovens a cometerem esse tipo de atrocidade.

Poderia escrever páginas e páginas sobre o álbum, até agora falei apenas de três músicas, apenas três. Mas para não ficar cansativo vou escrever brevemente o que acho relevante e curioso. E como diria o outro: vamos começar do começo. E o começo é Once. Três fatos curiosos sobre ela. O primeiro e que Alive, Once e Footsteps (essa última entrou no disco, Lost Dog) fazem parte de uma miniópera que é intitulada de Mamasan. Alive fala do filho que não é filho – Vedder. Once fala sobre a revolta que essa informação trouxe para esse garoto o transformando em um assassino, descontando toda a sua fúria no mundo – ficção ou o que realmente Vedder queria fazer naquele momento – e Footstep, finaliza a trilogia com a prisão e depois a morte desse adolescente. A segunda curiosidade é que a introdução de Once e o instrumental após o final de Release – última música do disco – se completam em um verdadeiro inicio e fim. E a última curiosidade é exatamente sobre Release. Única música composta por todos os integrantes. Mas para quem já a escutou, principalmente ao vivo, percebe a emoção com que Vedder canta. Vendo a tradução percebemos que ele a escreveu para o seu verdadeiro pai. Aquele que sua mãe lhe conta em Alive.

Pra quem pensou que tinha acabado por aqui, mero engano meus caros. Parafraseando o Zagalo: vocês vão ter que me engolir… só mais um pouquinho e é por um bom motivo, acreditem.

O disco é digno de uma banda que vem atravessando gerações e que juntamente com o U2, Metallica e Red Hot Chilli Peppers completa o grupo de bandas acima de 20 anos com maior relevância dentro do rock internacional e que ainda estão em atividade.

Vou falar da música que é a mais marcante pra mim nesse álbum, Black. Ela com toda a certeza é a minha balada rock ’n roll predileta de todos os tempos. Eddie conseguiu sintetizar nessa balada o verdadeiro significado de tomar um toco, ou um fora como dizem hoje em dia. Para se ter uma ideia do significado dessa música, ele vetou a gravadora de lançar Black como o quarto single comercial do disco. A gravadora falava que Black era maior que Alive e que Jeremy e que a faixa iria alavancar o grupo a nível de super banda. Ele, avesso à popularidade, falou que não queria macular o verdadeiro significado que ela tinha, transformando-a em algo comercial, banalizando seu significado. Recomendo vocês escutarem a versão do Acústico MTV (chamado de Unplugged na MTV Americana) de 92, onde no final ele, do nada, sem fazer parte da letra oficial ou do script, emenda um: We, we, we, we, we belong together! Together! Ou. Nós, nós, nós, nós, nós deveríamos ficar juntos! Juntos! Totalmente sensacional e arrepiante. Tentei descobrir quem é a mulher por trás da letra, mas ele é totalmente vago quando fala sobre ela.

Bom galera é só isso ou tudo isso…rs. Me desculpem por não ter feito algo menor, mais objetivo, mas quando falo de PJ me empolgo e aí já viu. Espero que apesar de tudo tenham gostado e pra quem ainda não conhece o álbum ou todas as suas músicas, escutem, é uma bela obra. Pra mim, a melhor banda que o Grunge de Seattle já produziu. Um abraço a todos e quem sabe se for bem aceita, volto para contar A História – de algum outro – Disco.

Não deixem de assistir o documentário DVD PJ TWENTY dirigido por  Cameron Crowe que conta os 20 anos de história do Pearl Jam.

Para quem quiser saber mais sobre o Grunge e Seattle podem procurar pelo  filme chamado Single – Vida de Solteiro, também dirigido por Cameron Crowe que retrata “a Seattle” do ínicio dos anos 90 e do grunge. Várias bandas aparecem no filme com destaque para o Alice in Chains. Vocês podem assistir também o documentário em forma de série que o Foo Fighters fez para a HBO, chamado Sonic Highways, que percorreu oito cidades com fortes influências na música norte americana. O sétimo episódio fala de Seattle, sobre grunge e acima de tudo sobre Nirvana e Kurt Cobain.

Faixas do Disco

1 – Once
2 – Even Flow
3 – Alive
4 – Why Go
5 – Black
6 – Jeremy
7 – Oceans
8 – Porch
9 – Garden
10 – Deep
11 – Release

Ouça aqui o álbum Ten completo!

Assista ao polêmico clip da faixa Jeremy.

Confira aqui o trailer do documentário PJ Twenty.

Um abraço a todos e até a próxima!

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Michael Jackson – Thriller (1982)

Michael Jackson – Thriller (1982)


Olá galera do Blog A História do Disco, eu estava com saudades de vocês, hoje o disco que está em destaque é Thriller, é isso mesmo, o pop também invadiu o nosso blog, assim como Michael Jackson invadiu o cenário da música mundialmente com seus espetaculares vídeo clipes, prepare-se para viajar direto para 1982.

Entre as décadas de 1970 e 1980, Pink Floyd e AC/DC lançaram The Dark Side of The Moon e Back in Black respectivamente, mas o Rei do Pop Michael Jackson com o seu sexto disco de estúdio, Thriller, deixou essas duas épicas bandas para trás em relação à venda de discos, e se consolidou de vez no cenário da música.

Para provar a importância deste disco no mundo da música, ele contou com duas participações mais que especiais: a de Eddie Van Halen em Beat It, e a de Paul McCartney em The Girl is Mine. Paul já tinha gravado anteriormente com Michael os singles The Man e Say Say Say, este último, rendeu um videoclipe muito bem interpretado por ambos.

Beat it foi o primeiro rock’n’roll gravado por Michael Jackson. O cantor compôs a música a pedido de Quincy Jones, produtor do disco, que queria ver seu pupilo se aventurar por um estilo inédito. Para atender ao mestre, Michael disse ter composto uma canção que ele compraria, caso fosse fã de rock.

Um fato importante na carreira de Michael Jackson foi o Jackson Five, grupo formado por ele e seus irmãos, logo cedo ele teve que encarar o fardo de ser o líder do grupo, era o mais novo de todos, mas era a estrela do conjunto. Seu pai era quem comandava a carreira dos filhos, e nesta época Michael sofreu muito com a rigidez do mesmo, o astro praticamente não teve infância, e na década de 1970 , ABC, era sucesso nas rádios americanas.

Thriller se tornou um disco conceitual não só pela qualidade musical Michael, mas sim pelas produções em torno dos videoclipes também, o Rei do Pop reinventou a maneira de se produzir um clip.

As músicas Billie Jean, Beat It e Thriller tinham extrema qualidade sonora, e ganharam mais ainda o público com seus clipes.  A primeira exibia os famosos “Paparazzi” que viviam no pé das celebridades. Já a segunda tinha como tema as gangues que existiam na década de 1980 nos bairros americanos, 80 componentes destas gangues participaram do clipe. E por último a faixa que dá nome ao disco, Thriller, megaprodução que até hoje é lembrada como uma das maiores já feitas em videoclipes e que tem coreografia imitada no filme, De Repente 30. Isso mesmo, coreografia, Michael Jackson, não tinha qualidade apenas como cantor, era um dançarino e tanto, suas performances  eram excepcionais e faziam com que tudo se unisse em uma forma só nas suas músicas: voz, instrumentos, coreografias e videoclipe.

Eu, Bruno Machado, cansei de ver na MTV (Music Television Brasileira, como diria o saudoso apresentador Cazé), especiais sobre a produção do videoclipe da músicaThriller, assim como nos especiais de fim de ano da emissora, que chegavam a passar clipes o dia todo, Billie Jean, Beat It e Thriller sempre estavam entre os tops do especial de fim de ano da emissora.

moonwalk,  famoso passo de dança eternizado por Michael Jackson, aparece pela primeira vez no clipe de Billie Jean. O vídeo foi dirigido por Steve Barron, que também trabalhou nos clipes deTake on me, do A-Ha, e em Money for Nothing, do Dire Straits.
E o mais interessante de tudo isso é que  nesta época videoclipes eram feitos pra somente um single de disco, mas o rei do pop engatou três clipes maravilhosos, as músicas bombaram, e o disco inteiro também.

Das nove faixas do disco, sete foram lançadas como singles e todas alcançaram o top 10 das paradas da Billboard americana. Depois de Michael Jackson, apenas dois outros artistas conseguiram emplacar sete músicas de trabalho de um mesmo álbum entre as dez mais dos Estados Unidos: Bruce Springsteen, com Born in the USA, em 1985, e a irmã do Rei do Pop Janet Jackson, com Rhythm Nation 1814 (1989).
Entretanto, nem tudo foi especial na vida de Michael, um dos fatos mais chocantes de sua carreira ocorreu em 1984, foi a gravação de um comercial para a marca de refrigerante Pepsi.  Em meia a gravação houve um erro de cálculo na hora de soltar os fogos para o take da cena, faíscas caíram na cabeça do astro, o cabelo de Michael pegou fogo. Ele sofreu queimaduras de segundo e terceiro grau, na cabeça e também no rosto.
O rei do pop passou por várias cirurgias, e tomava muito remédios que o acabavam dopando por conta das dores que sentia. Publicamente a mudança de cor de Michael também rendeu muito à mídia, que já considerava muito estranho o fato de que por conta de uma doença rara o artista tenha deixado sua verdadeira cor e cabelo pra trás, sendo agora branco e de cabelo liso.

Com o passar dos anos vieram polêmicas ligadas ao local onde Michael morava, que era um parque de diversão e a relação muito afetuosa que tinha com crianças neste parque. O Rei do Pop foi a julgamento sob acusação de pedofilia. Nesta época Michael saía na mídia mais por conta do que fazia fora do que em cima dos palcos, com a saúde debilitada, ele não fazia mais shows.

Um fator interessante e muito preponderante na nossa matéria de hoje é a morte do astro, muito mal explicada até hoje, não quero influenciar ninguém a achar nada, mas na minha humilde opinião o astro não está morto, abaixo vou explicar porque eu acho isso.

Ao contrário do que a imprensa e seu pai sabiam, foi assinado um contrato de cinquenta shows com a turnê This is It, e não de cinco como o próprio Michael também achava, ou seja, o astro com certeza não conseguiria cumprir com o acordo.  Nesta época todo o patrimônio que Michael Jackson tinha não tinha valor suficiente para sanar as dívidas do astro, enrolado com processos criminais e com os tratamentos e remédios que usava.

Até aí, tudo bem, mas a partir da morte do artista, tudo mudou, discos do Jackson Five começaram a vender novamente, assim como os mais antigos discos de Michael Jackson, ou seja, pelo fato dele ter morrido ele virava assunto da mídia e estava rendendo à gravadora muitos frutos. Mas se engana quem pensa que só a gravadora delirou com a morte do Rei do Pop, seu pai era quem administrava a bufunfa e com certeza adorou a suposta morte do filho.
Outra coisa muito interessante é o fato de o velório do astro ter acontecido em um ginásio em que foi cobrada uma fortuna para ver o caixão e a celebração do velório com homenagens de vários artistas ao cantor. O mais estranho é o fato de o caixão estar lacrado, ou seja, ninguém realmente sabia se havia corpo ali dentro e se Michael Jackson estava morto.  A certeza é de que lucro com certeza teve com a misteriosa morte do Rei do Pop. 

Eu acho Michael Jackson um artista completo e espetacular, pois o cara conseguiu ter recorde de venda de discos vivo e morto e em épocas totalmente diferentes, deixou seu legado, sua marca na história da música mundial.

Faixas do Disco

1 – Wanna Be Startin’ Somethin’

2 – Baby Be Mine

3 – The Girl Is Mine

4 – Thriller

5 – Beat It

6 – Billie Jean

7 – Human Nature

8 – P.Y.T. (Pretty Young Thing)

9 – The Lady In My Life


Confira o clipe de Bille Jean, um dos maiores sucessos da carreira de Michael Jackson.

Assista o clipe de Beat It, clipe que contou com a participação de integrantes de gangues dos bairros americanos, faixa gravada por Eddie Van Halen na guitarra.

Assista o clipe completo da música que dá nome ao disco, Thriller.

Ouça o álbum Thriller completo!