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Festival Punk – O Começo do Fim do Mundo (1982)

Festival Punk – O Começo do Fim do Mundo (1982)

Salve pessoal, sou a Janaína de Sousa e hoje trago para o blog A História do Disco um pouco da história de uma coletânea gravada nos dias 27 e 28 de novembro de 1982 no Sesc Pompéia em São Paulo. A coletânea foi gravada durante o festival ‘O Começo do Fim do Mundo’ e eu garanto à vocês, o sugestivo nome realmente define o que foi o festival.

Para entendermos como foi possível a gravação do álbum que seria lançado em 1983, é imprescindível que entendamos o que estava acontecendo em São Paulo naquele período e acredito que podemos resumir tudo em duas palavras: PUNK ROCK.  Pois é amiguinhos, em meio ao auge do neoliberalismo econômico e ao ambiente de repressão ditatorial (encosta na parede, que cabelo é esse espetado pra cima?, por quê essa calça colada e rasgada?, você é um perigo social!), uma molecada paulistana gastava o pouco troco que sobrava nos bolsos para comprar álbuns gringos de bandas como: The Stooges, Ramones, Sex Pistols, MC5 e The Clash. Esses álbuns chegavam em lotes na ‘Punk Rock Discos’ (emblemática loja da Galeria do Rock) e esgotavam rapidamente. A loja era um ponto de encontro e foi berço de bandas representativas para uma geração que crescia em meio ao caos de um futuro sem perspectivas. Umas minhas músicas favoritas do álbum diz respeito a isso, a faixa “Haverá Futuro” da banda Olho Seco é um hino de desencanto e deixa bem claro essas preocupações.

Apesar de parecer uma cena coesa – esteticamente falando –  o movimento punk brasileiro de 82 não era nada organizado. Estamos falando basicamente de jovens que tocavam instrumentos e que se encontravam em locais improvisados pra fazer um som, muitos dos registros que temos desse período foram fruto de persistência e criatividade de seus autores. Mas isso felizmente começou a mudar quando o escritor Antônio Bivar e o músico Callegari se juntaram e procuraram a diretoria do Sesc Pompéia. A ideia era celebrar no local recém inaugurado a cena punk paulistana, essa que foi consagrada com uma das mais férteis e criativas do mundo.

O registro de áudio dos dois dias de evento ficou por conta de Fábio Sampaio, dono da Punk Rock Discos e vocalista da banda Olho Seco. Remasterizado em 2013, ‘O Começo do Fim do Mundo’ conta com uma faixa extra das banda Ulster, em 1983 a banda preferiu que sua gravação não entrasse no disco por conta da má qualidade da mesma. Fabião (como era carinhosamente chamado) costumava gravar tudo o que ouvia em fita cassete, reprocessando os álbuns em estúdio em dois canais.

Em meio a muita tensão externa, opressão policial e ampla cobertura da mídia alternativa mundial – além é claro, dos olhares da vizinhança – o saldo dos dois dias de festival foi extremamente positivo para a música brasileira. O evento conseguiu juntar os punks da capital paulista e também do ABC, ou melhor ” as dezenas de gangues rivais” como os próprios punks costumam se referir a multidão reversa que , a seu modo, lutou e ainda luta contra sistemas econômicos , sociais e políticos injustos.

Não fosse o cenário punk brasileiro, muitas bandas do rock nacional sequer teriam surgido, portanto, não há problema algum em dizermos que a filosofia do “faça você mesmo” foi e continuará sendo muito bem representada por esse álbum agressivo, sujo e um tanto quanto cruel em sua contemporaneidade!

Divirtam-se e nunca se esqueçam: PUNKS NOT DEAD o/  Abraços 😉

Faixas do Disco

1 – Faces da Morte (Dose Brutal)

2 – 19 de Abril (M-19)

3 – Carecas (Neuróticos)

4 –  Salvem El Salvador (Inocentes)

5 – Papo Furado (Psykóze)

6 – Ratos de Esgoto (Fogo Cruzado)

7 – Liberdade (Juízo Final)

8 – Não Quero (Desertores)

9 – C.D.M.P (Cidade dos Meus Pesadelos) – (Cólera)

10 – Herói (Negligentes)

11 – Holocausto (Extermínio)

12 – Era Suburbanos (Suburbanos)

13 – Direito de Protestar (Passeatas)

14 – Punk! (Lixomania)

15 – Haverá Futuro? (Olho Seco)16 – Decadência Social (Decadência Social)

17 – Marginal (Estado de Coma)

18 – Novo Vietnã (Ratos de Porão)

19 – Desequilíbrio (Hino Mortal)

20 – Heresia (Ulster) – Bônus Track

Ouça o disco O Começo do Fim do Mundo completo.

Confira matéria do programa O Som do Vinil sobre o Festival Punk!

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ABBA – Arrival (1976)

ABBA – Arrival (1976)

Olá pessoal, aqui estou eu, Bruno Machado,  mais uma vez para lhes trazer uma nova resenha. Hoje vou falar de um grupo conhecido por ser extravagante, grupo que conquistou um público gigante no mundo todo, que conseguiu se aproximar (e muito) da popularidade dos Beatles, sim meus caros, hoje o blog A História do Disco celebrará o ABBA.

Primeiramente vamos a uma informação muito importante para a resenha de hoje: o ABBA não é uma banda formada por integrantes nascidos nos EUA, nem no Canadá e muito menos no Reino Unido. É meus caros, imagino que vocês estejam espantados com essa informação, os dois casais são suecos e iniciaram a carreira cantando em sueco mesmo, depois passaram a cantar em inglês para entrarem no mapa do pop.

Poucos sabem, mas no começo os homens do grupo achavam que não precisavam das mulheres, dessa forma eles tentaram e não conseguiram obter sucesso, mesmo sendo ótimos compositores e musicistas. Suas futuras esposas já participavam minimamente do projeto dos amigos, posteriormente os mesmos perceberam que as vozes delas seriam primordiais para um projeto de sucesso, esse projeto seria o ABBA. O nome foi criado a partir das iniciais do nome de cada integrante do grupo: Benny (teclado/vocais), Bjorn (guitarra/vocais) Agnetha (a loira) e Anni Frid (a ruiva) – mais conhecida como Frida.

O ABBA não teve uma carreira extensa, mas por outro lado ela foi muito frenética, o grupo durou quase uma década e neste período lançou vários singles, compactos e discos. Assim como outras grandes bandas de sucesso, o ABBA também tinha um elemento escondido atrás dos palcos, o produtor Stig. Este sempre caminhou junto com a banda e fez com que a mesma se tornasse um monstro no mundo pop.

Acredito que você caro leitor não deve se lembrar de nenhum disco de estúdio do ABBA por nome, mesmo porque estes discos não tiveram tanto destaque como as coletâneas lançadas pelo grupo: ABBA – Greatest Hits (1975), ABBA – Greatest Hits 2 (1979) e o glorioso ABBA Gold (1992). Quando este último citado foi lançado, a banda já tinha se separado há 10 anos, mesmo assim o disco teve o poder de recolocar o ABBA nas paradas. Aliás, eu cresci ouvindo esse ABBA Gold, meus pais gostavam demais da banda e este disco era acionado quase todo dia, o Boney M era uma banda que sempre tinha espaço no rádio de casa também. Assim como o ABBA, o Boney M ganhou espaço nas paradas quando ingresso no disco music, meu pai trabalhou em discoteca nas décadas de 80, por isso mesmo eu conheci cedo o ritmo e os conjuntos que fizeram sucesso na época.

Bom vamos falar agora do disco de estúdio que mudou a vida do quarteto sueco, o mesmo foi lançado em 1976. Nesta época o grupo já havia emplacado sucessos como: Ring Ring, Mama Mia e I Do, I Do, I Do, I Do. Outro ponto importante a ser citado é que Agnetha já era considerada uma sexy symbol e já chamava bastante a atenção por isso, mesmo usando roupas extravagantes. Aliás, este detalhe da roupa não poderia passar despercebido, mesmo porque todos os integrantes se vestiam de forma extravagante, o que chamava e muito a atenção.

Até o ano citado acima o ABBA já tinha ganho o mercado europeu, entretanto os suecos queriam mais e conceberam o disco Arrival (Chegada) que ilustrou muito bem o momento do grupo. A partir deste álbum os integrantes do grupo passaram a ser venerados no mundo pop, e não é pra menos, o disco lançou sucessos como Dancing Queen; Knowing Me, Knowing You e Money, Money, Money. Até então o grupo era conhecido por vender muitos compactos mas não um disco inteiro, Arrival mudou isso e fez com que o ABBA ganhasse terreno em países influentes na música. Ah e tem mais, venderam tanto disco que na época a imprensa publicou que o ABBA era maior que o Beatles.

Um dos maiores objetivos do grupo era levar sua música aos EUA, ser destaque nas paradas e também conquistar o coração dos Yankees. Até 1976 o ABBA já tinha conseguido obter sucessos em países como: Holanda, Austrália, Inglaterra e França. Com o lançamento do álbum Arrival as coisas mudaram, Dancing Queen se tornou um sucesso mundial e o grupo sueco virou sucesso na terra do Tio Sam.

Um ponto negativo em relação a este disco é que houve um desgaste muito grande entre os casais por conta do enorme número de shows. Mesmo com problemas a pegada continuou a mesma, e o grupo não mostrou esse desgaste ao público e muito menos a mídia, o ABBA ainda se mostrava um grupo extremamente harmonioso.

Há outro fato muito importante que ajudou mais ainda o ABBA a obter grande sucesso no ano de 1976, fazendo do mesmo um marco em sua carreira. O grupo lançava muitos compactos junto com os discos completos, junto ao Arrival foi gravado o compacto de ‘Fernando’ que se tornou um dos maiores sucessos do grupo, vale citar que a faixa apenas entrou no disco Arrival em seu relançamento em 2001.

Há uma faixa que traz consigo todo o clima do disco, ela se chama Tiger, ela mostra que o ABBA encontrou seu verdadeiro estilo entre o pop e o disco music. O piano de Benny é marcante e forte ao longo da música e  o videoclipe tem a cara dos anos 70, e ficou mais bacana com Agnetha dirigindo um carrão conversível com Frida ao seu lado, enquanto os homens estão atrás feito crianças.

Vamos para uma última informação muito bacana sobre o grupo, Benny e Bjorn sempre sonhavam em fazer um musical, mal sabiam eles que mais tarde o ABBA receberia uma grande homenagem através de um: Mamma Mia. O mesmo se tornou um sucesso no mundo tudo, e os grandes clássicos do ABBA desfilavam pelo musical e apaixonavam mais ainda velhas e novas gerações. Em 2008 foi lançado o filme Mamma Mia, baseado no musical, e a faixa voltou assim as paradas, as vezes temos a sensação de que as músicas do ABBA são imortais..acho que a cada dia tenho mais certeza disso.

Bom pessoal, essa foi a resenha de hoje, espero que vocês tenham gostado. Abraço e até a próxima 🙂

Faixas do Disco

1 – When A Kissed The Teacher

2 – Dancing Queen

3 – My Love, My Life

4 –  Dum Dum Diddle

5 – Knowing Me, Knowing You

6 – Money, Money, Money

7 – That’s Me

8 – Why Did It Have To Be Me?

9 – Tiger

10 – Arrival

Ouça o disco Arrival completo.

Confira trailer do filme Mama Mia.

ABBA irá se reunir em 2018!

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John Lennon – Plastic Ono Band (1970)

John Lennon – Plastic Ono Band (1970)

Olá pessoal, tudo bem com vocês? Eu sou o Flávio Oliveira e na matéria de hoje vou falar sobre um disco conceitual, com uma carga emocional imensa e que retrata o fim de uma era e o início de um ciclo. Hoje vou dissertar sobre um grande disco solo de meu beatle favorito, o senhor John Winston Lennon, mais conhecido como John Lennon, o famoso líder da banda The Beatles.

As razões pelas quais eu escolhi esse disco são várias, basta ouvi-lo e contemplá-lo faixa por faixa para perceber umbeatle revelando seus sentimentos mais reprimidos, como por exemplo, a perca da sua mãe – Julia Lennon – seu encontro com a religião, abordagens filosóficas sobre a vida, o amor e um novo momento com sua companheira Yoko Ono.

Explicação sobre o contexto do disco

Em 1969 tivemos o disco Abbey Road que marca o fim do Beatles e a imprensa em geral não esperava por essa triste notícia sobre o fim de um dos maiores grupos do século XX. Nesta época muitas pessoas questionavam o que seria de cada integrante da banda. Muitos não aceitaram o término da banda, como Paul McCartney que lutou até o último minuto para manter a banda junta, mas como se sabe de nada adiantou o esforço. O que podemos concluir brevemente sobre o término do Beatles é que cada um dos integrantes estava com foco em seus interesses: George Harrison estava se aprofundando na cultura indiana e se tornando um convicto religioso; tínhamos Ringo Starr que ficava a mercê das decisões da banda; Paul McCartney tentando tomar conta de tudo da banda e um Lennon já muito distante do grupo pois estava farto daquelas longas horas em estúdio no qual os quatro ficavam confinados. Sendo assim, fica claro que neste período os interesses dos quatro rapazes de Liverpool eram bem diferentes. Neste mesmo ano tivemos uma surpresa com o nascimento de uma nova banda, ou melhor, um supergrupo criado por John Lennon chamado Plastic Ono Band. Essa super banda era formada por amigos próximos de Lennon, como Eric Clapton, Klaus Voorman – este foi um dos amigos que o Beatles ganhou nos anos 60 em Hamburgo, o mesmo colaborou na criação da arte do disco Revolver de 1966 – , Ringo Starr e também George Harrison.

O projeto foi algo surpreendente e teve uma apresentação relâmpago em Toronto, o show foi registrado e no mesmo temos a banda tocando clássicos dos anos 50 como Blue Suede Shoes e também novas músicas de Lennon: Could Turkey, Give a Peace Chance e uma Jam ao vivo  – na qual eu acho fantástica. Pois bem, em dezembro de 1970 é lançado o primeiro disco de John Lennon com sua nova banda.

Comentários sobre o disco

Antes mesmo de entrarmos nos comentários do disco vale a pena ressaltar que no período de criação e produção deste álbum, Lennon passava por uma transformação em sua vida. É até bonito de se ver, uma atitude tão brusca de uma pessoa instável e cheia de problemas particulares como o nosso beatle. Os motivos para eu entrar nesse mérito estão relacionados aos momentos da vida de John que o marcaram para sempre. Um deles é a perca de sua mãe, Julia Lennon. É muito triste perder um ente querido, ainda mais a mãe e John tinha motivos de sobra para lamentar a perca de sua mãe. Com seus cinco anos, John era uma criança inocente, desprovida das “coisas da vida”e teve uma infância muito instável: seus pais se separaram, viveu em dois lares diferentes e teve que lidar com os problemas de seus pais. Mas por fim deu tudo certo, e quem acabou cuidando do pequeno John foi a tia Mimi. Mas você caro leitor deve estar se perguntando: o que isso tem haver com o disco? Tudo!

Antes da gravação deste disco John Lennon passou por diversas consultas com um psicólogo que ficou muito conhecido nos anos 60 por utilizar uma nova técnica. Esse médico chamava- se Dr. Arthur Janov e o mesmo criou uma nova forma de seus pacientes expelirem seus sentimentos mais reclusos através do grito, por isso essa terapia ficou conhecida como Grito Primal (The Primal Scream).

Em uma entrevista para um jornal brasileiro, o psicólogo disse que  viu tanta tristeza em uma pessoa’ se referindo a John Lennon – no final da resenha colocarei o link da matéria citada. Em suma, Lennon passou  por uma fase na qual teria que ‘pôr pra fora’ todos seus sentimentos reprimidos, como a perca da mãe, o fim dos Beatles e seu novo amor, Yoko Ono. Todo esse contexto foi muito interessante para o disco, pois em cada faixa percebemos o sentimento expresso por nosso querido John Lennon.

A primeira faixa do disco se chama Mother, uma música extremamente triste e que mostra nosso frontman totalmente diferente em relação as canções que o consagraram nos Beatles. No trecho “Mother, you had me, butI never had you/ I wanted you, but you didin’t want me” sentimos quanta tristeza a faixa carrega. John passou a acreditar logo cedo que todas as pessoas que ele amava, sempre fugiam dele, sua mãe é um grande exemplo. Vale ressaltar que é nessa faixa que percebemos um John Lennon triste colocando pra fora tudo que aprendei no The Primal Scream.

Bom, vamos para mais uma faixa desse disco, agora vou falar sobre a música ‘Working Class Hero’, a mesma parte para um tema com questões da política e também da sociedade. Um novo Lennon estava vindo com  ideias revolucionárias e naquele período o mundo estava passando por um processo de transformações na juventude. Para Paul McCartney, John nunca foi da ‘classe trabalhadora’ como ele sempre mencionou, mas sim um rapaz de classe média. Mas isso é o que menos importa, o que é válido é a aproximação que temos com as injustiças sociais, e Lennon fez parte de um processo histórico extremamente importante, no qual seu engajamento político ao lado de sua companheira foi fundamental para as mudanças no EUA.

E para encerrar a resenha de hoje comentarei sobre uma faixa que para mim é a melhor canção do disco. A música chamada ‘God’ é  um dos questionamentos mais filosóficos e mais interessantes que John Lennon levanta nesse disco. Como se sabe, os Beatles em um determinado momento na carreira passaram por uma mudança em seus comportamentos, no qual a religião passaria à influenciar todos na banda. A única pessoa que continuou seguindo o Hare Krishna e a cultura indiana foi George Harrison, o restante da banda não conseguiu dar continuidade no processo espiritual, e por isso Lennon faz um questionamento sobre o misticismo, a vida e a religião. Posso afirmar que essa é uma das músicas mais profundas que eu já ouvi, pois como na letra diz: ‘Deus é um conceito/Pelo qual medimos nossa dor’. Se realmente formos analisar, a religião ganha essa concepção na vida de cada um, ou seja, a fé está atrelada a alguma questão em cada e para Lennon todas as questões de religiosidade estão sendo expostas nesta canção. Como ele mesmo afirma na canção, ele não acredita em nada como as pessoas acreditam: Jesus, bíblia, Kennedy e outras formas de medir sua fé.

O que bem evidente é que ele não acredita em nada, apenas nele mesmo e que somos capazes de termos amo próprio! Quer algo mais profundo que isso? Nessa música também fica evidente o adeus aos Beatles, como ele afirma em um trecho: ‘I don’t believe in Beatles/ I just believe in me’. Eu acho isso um máximo e é uma letra  que mostra  como a juventude naquela época estava disposta a mudar o mundo!

Enfim, deixo aqui um disco delicioso de se ouvir, e afirmo: é muito raro encontrar algum artista que faça um disco de estreia tão bom quanto esse de Lennon. Abraço pessoal, e se deliciem com essa obra prima que é o Plastic Ono Band.

Faixas do Disco

1 – Mother

2 – Hold On

3 – I Found Out

4 – Working Class Hero
5 – Isolation

6 – Remember

7 – Love

8 – Well Well Well

9 – Look At Me

10 – God

11 – My Mummy’s Dead

12 –  Power To The People

13 – Do The Oz

Ouça o disco Ono Plastic Band completo.

Confira matéria sobre o psicólogo de John Lennon.

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Raimundos – Lavô Tá Novo (1995)

Raimundos – Lavô Tá Novo (1995)

Olá galera, eu Denis Borges estou eu de volta ao blog e na matéria de hoje nós continuaremos na década de 90 mas pra falar de uma grande banda brasileira. Em 1996 se vocês me perguntassem qual a melhor banda de rock nacional de todos os tempos, fatalmente ei iria lhes dizer: Raimundos! Tudo que um adolescente que gostava de rock nesta época queria ele encontrava no som que a banda brasiliense fazia. Letras escrachadas, som pesado e integrantes afinados com seu público alvo.

Como citado acima continuaremos na década de 90, com aquela nostalgia que nós do A História do Disco adoramos, dessa vez falarei sobre  a melhor de banda de rock nacional do período de 1993 a 2000, pelo menos na minha humilde opinião. Pra quem não sabe “os Raimundos” são de Brasília e banda tem esse nome  porque além deles serem fãs de Ramones , eles tinham familiares em estados da região nordeste, como a Paraíba por exemplo. Além de influenciar no nome da banda, a raiz  nordestina também era notada em suas músicas que misturavam hardcore, hard rock e uma pitada de forró, ficando conhecidos por tocarem “forrocore”. Era escutar um triângulo (instrumento típico do forró) junto com uma guitarra pesada que já sabíamos que era o som do Raimundos que tava rolando,  e detalhe: não precisava nem escutar a voz do Rodolfo (vocal) pra saber que era Raimundos que tava rolando.

A banda nasceu da amizade entre Digão (até então baterista) e Rodolfo (guitarra e vocal) lá em 1987. Carentes de um baixista, Rodolfo convida Canisso para entrar na banda. Depois de alguns shows aqui e ali ainda na cena brasiliense, cada um foi pro seu lado e o Raimundos ficou pra depois. Esse “depois” foi exatamente em 92, agora com Digão na guitarra e com um novo baterista, Fred, assim “os Raimundos” voltavam à ativa. Assim como a maioria das bandas, depois de muito tempo ralando os caras começaram a ganhar destaque no underground.

Uma coisa que me fez não gostar de Mamonas Assassinas era a comparação póstuma que faziam com o Raimundos. Musicalmente muito melhor, o Raimundos despontou antes do Mamonas Assassinas, quem escutava rock na época há de concordar comigo. Logo após o acidente que matou os integrantes do Mamonas suas viúvas mais pops esbravejam para todos os cantos que o Raimundos era uma banda oportunista. Eu, adolescente e já fã de Raimundos virei hater do Mamonas Assassinas de 90 rolava uma comparação póstuma muito grande entre Raimundos e Mamonas Assassinas. Mas vamos voltar a falar do Raimundos, depois de começar a se destacar na cena os “malucos de Brasília” receberam o convite para gravar seu primeiro disco pelo selo Banguela, este foi criado pela banda Titãs e pelo produtor musical Miranda. A mistura de hardcore e hard rock com influências nordestinas e letras repletas de palavrão começou a se espalhar, músicas como “Puteiro em João Pessoa, “Nega Jurema” e “Palhas do Coqueiro” começaram a chamar a tenção da molecada, mas as músicas citadas não tinham apelo comercial, sendo assim, coube a “Selim” ganhar as rádios, música que entrou no primeiro disco da banda aos 48 do segundo tempo.

A nossa resenha de hoje é sobre o segundo disco de estúdio Raimundos, o Lavô Tá Novo, de 1995. Nesta época a banda já era vista como promissora e esse segundo disco veio por uma grande gravadora, a Warner. Mesmo em uma grande gravadora as letras escrachadas e com duplo sentido ainda estavam presentes, contando com o peso do hard rock junto a velocidade do hardcore e de maneira mais sutil. Tudo isso ainda contando com aquela pitada de elementos nordestinos aliados a uma produção de banda gringa, e o resultado dessa equação foi o Raimundos fazendo grande sucesso.

Apesar de ainda novo, lembro bem daquela época e acredito que este disco deu o último grande fôlego para o rock nacional. Bandas que vieram depois do Raimundos beberam muito da fonte que os calangos lapidaram no meio dos anos 90. E já que citei o disco vale citar que o mesmo começa com uma pedrada a lá Raimundos: Tora Tora. São quase cinco minutos de hard rock dos bons. A segunda faixa seguramente tornou-se um hino do rock nacional, estou falando da faixa “Eu Quero Ver O Oco”, afinal, quem nunca tentou tocar a introdução desta música quando estava começando a tocar violão!? A letra é uma sátira de Canisso (baixista) referente a vez que estava ensinando Rodolfo (vocal) a dirigir, alias, o incidente ocorreu com Rodolfo dirigindo um fusca e sim, realmente teve um acidente.

A terceira faixa, “Opa!, Peraí, Caceta” não tinha como ser ruim, a mesma começava com o saudoso Costinha dizendo assim na introdução: Ela gosta de saco grande porque quando balança enche o cu de terra. O álbum Lavô Tá Novo ainda conta com mais estes clássicos da banda: O Pão da Minha Prima, Bestinha, Esporrei na Manivela e Sereia da Pedreira.

Pra fechar o disco e a resenha de hoje com chave de ouro vamos à mais um hino do rock nacional, afinal, quem nunca ficou curioso pra saber a tradução deste refrão: I Saw You Saying ( That You Say That You Saw). E o videoclipe dessa música passou muito na MTV Brasil, os integrantes do Raimundos todos vestidos de terno branco e com óculos escuros. Na época Rodolfo usava dreadlocks, Canisso e Fred eram cabeludos, e Digão tinha bastante cabelo ainda.

Bom galera, eu fico por aqui e prometo que logo mais estarei presente no blog com mais resenhas. Até a próxima 🙂

Faixas do Disco

1 – Tora Tora

2 – Eu Quero Ver o Oco

3 – Opa! Peraí, Caceta

4 – O Pão da Minha Prima

5 – Pitando no Kombão

6 – Bestinha

7 – Esporrei na Manivela

8 – Tá Querendo Desquitar (Ela tá Dando)

9 – Sereia da Pedreira

10 – I Saw You Saying (That You Say That You Saw)

12 –  Cabeça de Bode

13 – Herbocinética

Ouça o disco Lavô Ta Novo completo.

Confira o videoclipe de I Saw You Say (That Say That You Saw)

Assista a participação do Raimundos no VMB de 1996.

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Phil Collins – Serious Hits Live! (1990)

Phil Collins – Serious Hits Live! (1990)

Saaalve salve galera, hoje eu, Bruno Machado, vou falar de um cantor muito conceituado, um artista que sempre foi muito dedicado e que é multi-instrumentista, estou falando de nada mais nada menos que Phil Collins.

O britânico Phil Collins trilhou uma carreira fantástica, primeiramente foi baterista da banda Genesis e após a saída de Peter Gabriel, assumiu o vocal da banda. Phil sempre foi fascinado pela cultura musical negra, principalmente pela Motown Records, partindo dessa influência ele conseguiu levar o Gênesis de encontro ao pop, movimento que cresceu muito na época em que ele assumiu o vocal da banda. Em relação a qualidade da banda com Peter ou Collins eu prefiro não definir um ou outro como melhor, acredito que cada um tem sua qualidade e musicalidade, e que ambos contribuíram muito para que o Gênesis fosse uma banda bem sucedida.

No início da década de 80, Collins entrou em uma fase depressiva e muito difícil em seu casamento, com isso o compositor fez várias canções com referência a esta fase já em seu primeiro álbum solo. Basicamente o cantor britânico atravessou a década de 80 fabricando grandes álbuns e vários hits, ganhando assim muito prestígio e se tornando um dos grandes intérpretes de sua geração.

Agora vamos ao que interessa, falar sobre o primeiro registro ao vivo da carreira solo de Phil Collins, que na minha humilde opinião é um dos maiores álbuns ao vivo de todos os tempos. Parece exagero, admito, mas caro leitor quando você ouvir esse disco inteiro, sentir a vibração de um álbum bem produzido, com alta qualidade e instrumentos muito bem tocados, você entenderá toda essa euforia de minha parte. Meu primeiro contato com este álbum foi quando meu pai trouxe pra casa uma fita cassete referente ao mesmo, e me chamava muita a atenção a capa que era um carrossel, e o nome “Serious Hits Live!” com fontes garrafais, um fundo que parece até cartaz de “procura-se” do velho oeste e a cor preta contrastando com o vermelho.

Um ponto interessante é que na época citada acima eu nunca havia escutado uma música do Phil Collins, alias, nem sabia quem ele era, eu era muito novo (praticamente uma criança indefesa hahaha) e nessa época não ouvi a fita. Entretanto, anos depois eu me tornei músico, explorador musical e colecionador também. Então num belo dia exploração musical por uma loja eu encontrei este cd do Phil Collins e fiquei maravilhado, na ocasião eu já conhecia pelo menos umas seis músicas dele e não pensei nem duas vezes em comprar o disco. É importante citar que na ocasião eu quis comprar o disco para dar de presente para os meus pais, já que só estou hoje envolvido com a música por causa deles. Por fim, eu acabei pegando o disco pra mim, e criei uma paixão enorme pelo mesmo, e percebi que é um clássico, um álbum que nunca pode ser esquecido.

Que tal falarmos sobre as músicas do disco!? A faixa “Something Happened On The Way to Haven”, uma música pop/chiclete, com um refrão muito forte que anima qualquer pessoa, fora a marcação sensacional dos instrumentos de sopro no decorrer da música, começo extremamente empolgante como todo disco ao vivo  pede pra ser. A segunda faixa é mais romântica, “Against All Odds (Take Look at Me Now)” um grande clássico logo de cara, para mostrar que o registro realmente seria histórico.

Se você meu caro leitor quiser algo mais agitado pode ir para as faixas “Who Said I Would” ou “Don’t Lose My Number” que são balanços contagiantes e com grande participação dos backing vocals e dos instrumentos de sopro (dois trompetes, sax e trombone). É importante citar que esse álbum ao vivo foi produzido pelo próprio Phil Collins, acredito que o disco ficou realmente com a cara do vocalista.

Phil Collins tratou com muito carinho seus clássicos, inclusive “In The Air Tonight” (um de seus primeiros sucessos na carreira solo) ganhou uma versão estendida nesse ao vivo que é de arrepiar, música que conta com batera, guitarra e teclado bem marcantes (o próprio Phil Collins toca bateria nesta faixa). Voltando ao agito temos a faixa “Sussudio” sucesso do terceiro disco de estúdio do cantor – No Jacket Required – de 1985, alias, deste disco também temos a balada romântica “Two Hearts” e as outras duas canções que citei no parágrafo anterior.

Um fato interessante é que álbum foi gravado na Alemanha após a queda do Muro de Berlim, o que torna o disco mais especial ainda. No Brasil o disco é conhecido como “Carrossel” por conta do cenário exposto antes da entrada dos músicos no palco, é a foto do mesmo que está na capa do disco. É importante também citar que em 2003 foi lançado um DVD duplo referente a este show, com muito material bacana sobre toda a produção desse grande disco.

O cantor britânico chegou a gravar outro disco no mesmo estilo em 1997, desta vez em Paris, outra super produção, contando com grande número de músicos e palco redondo e giratório, jogo de luzes e a energia contagiante de sempre. Outro fato bacana de sua carreira é que ele compôs e interpretou a trilha sonora de dois grandes sucessos da Disney Pictures: Tarzan (1999) e Irmão Urso (2003). No Brasil as versões das músicas do filme Tarzan foram gravadas por Ed Motta, as versões das músicas do filme Irmão Urso ficaram por conta do cantor Paulo Ricardo (eterno vocalista do RPM).

Phill Collins chegou a ficar um tempo fora dos palcos e aparentemente está ensaiando um retorno, certo mesmo é que o cantor lançará uma autobiografia em outubro deste ano e pelo que li de algumas matérias na internet o conteúdo desse livro é espetacular.

Bom pessoal, espero que tenham gostado da matéria sobre o primeiro disco ao vivo do Phil Collins e também espero que vocês continuem acompanhando e compartilhando a ideia de nosso blog. Grande abraço e até a próxima 🙂

Faixas do Disco

1 – Something Happened On The Way To Heaven

2 – Against All Odds (Take Look Me Now)

3 – Who Said I Would

4 – One More Night

5 – Don’t Lose My Number

6 – Do You Remember?

7 – Another Day In Paradise

8 – Separates Lives

9 – In The Air Tonight

10 – You Can’t Hurry Love Perfeito

11 – Two Hearts

12 –  Sussudio

13 – A Groovy Kind Of Love

14 – Easy Lover

15 – Take Me Home

Ouça o disco Serious Hits Live completo.

Assista a performance de Phil Collins na faixa In The Air Tonight.

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Legião Urbana – O Descobrimento do Brasil (1993)

Legião Urbana – O Descobrimento do Brasil (1993)

Olá pessoal, tudo bem com vocês? Espero que sim, pois hoje a resenha é sobre um disco sensacional, na minha modéstia opinião é um dos melhores discos dos anos 90, SIM (com direito a letras garrafais). Eu, Flávio Oliveira, farei uma breve análise sobre esse grande disco da Legião Urbana: O Descobrimento do Brasil.O disco foi lançado em 1993 e pode ser considerado inovador, um recomeço (como uma descoberta de si mesmo) e também um legado deixado pelo nosso queridíssimo Renato Russo (aliás, sempre seremos gratos pela obra criada por você). Antes de adentramos ao disco irei fazer alguns comentários sobre à banda, ao cenário em que os integrantes da banda viviam, os problemas enfrentados por Renato quando o mesmo descobriu que portava o vírus do HIV, o problema com o alcoolismo e como ele tentou se “limpar” em meio ao caos que sua vida estava.  tudo bem com vocês?

Contextualizando a obra

O Brasil dos anos 90 ainda estava tentando se recuperar de todo o desgaste que sofrera com o sistema autoritário da ditadura militar que durou mais de 20 anos, ceifando vidas de vários jovens e adultos que lutaram dignamente por mais igualdade e liberdade de expressão na sociedade brasileira. Esse período também foi marcado pela posse do presidente Fernando Collor de Mello, conhecido midiaticamente na época como “caçador de marajás”. Mas o que tudo isso tem haver com o disco “O Descobrimento do Brasil” e com o rock nacional!? Tudo, primeiramente vamos à um breve comentário sobre o que o presidente Collor fez: o mesmo “sequestrou” toda a grana que a população guardava em poupança, levando assim várias famílias de trabalhadores à miséria. Com essa situação vários músicos da época foram influenciados, inclusive a Legião Urbana.

O ano de 1993 foi marcado como o “ano dos suicídios” (você caro leitor se lembra deste trecho: Vamos festejar a violência e esquecer a nossa gente, que trabalhou honestamente a vida inteira e agora não tem mais direito a nada), pois várias pessoas mediante a este caos, tiraram suas vidas. Em meio a esse caos na sociedade com vários civis sendo prejudicados, iniciam-se vários manifestos e protestos de vários setores da sociedade. Um deles foi liderado por jovens e foi conhecido como movimento dos “Caras Pintadas”, os mesmos lutaram pelo impeachment do presidente Collor. Por isso, fica óbvio o porquê do disco que vou comentar hoje ter uma carga ideológica bem presente em todas as faixas, bem como o mesmo fala também sobre coisas da vida. Bora falar do disco então o/

O Descobrimento do Brasil – O Disco

Lançado em novembro de 1993, O Descobrimento do Brasil é o sexto álbum de estúdio da Legião Urbana. Este disco, diferente de seu antecessor (V de 1991) é um disco mais leve, menos depressivo e que você pode ouvir sem ter pressa alguma de que ele acabe. Em suma, o disco sou como uma verdadeira música ambiente (entendedores entenderão o trocadilho hahaha). O álbum se concentra em torno das ideias renovadas de Renato, que depois do disco V (que é marcado pelos sons e letras obscuras) – tudo isso reflexo de seus problemas com álcool, drogas e também pelo seu enorme estado depressivo – passou por uma clínica de reabilitação, neste tempo o porta voz da Legião Urbana descobriu que era portador do vírus HIV. Foi na instituição com  “a primeira letra do alfabeto repetida duas vezes” (como ele bem mesmo disse na entrevista à Jô Soares no programa 11 e Meia, em 1994) que ele passou por um processo de reavaliação de todos os seus problemas pessoais, bem como um processo de autocrítica, coisa que convenhamos, é muito difícil de fazer. Essas questões em torno de sua vida estavam relacionadas ao fato de Renato ter se tornado pai e assim ter que dar o exemplo ao seu filho, e também claro, e também suas atitudes nos shows, que na última turnê anterior deixaram muito a desejar. Como Dado disse em seu livro (Memórias de um Legionário): Renato tinha se tornado um barril de pólvora, uma cara bipolar que não conseguia conter suas emoções

Contudo que contei acima, fica óbvio que se Renato não tomasse um rumo, as coisas iriam piorar. Por isso, reavaliou seus conceitos e foi em busca de tratamento e melhoras na sua vida. Isso se torna evidente no disco de hoje de nosso blog, depois de ficar alguns meses recluso e passando por um tratamento especializado em dependentes químicos, Renato passou a melhorar. Um adendo muito interessante: Para quem quiser se aprofundar e saber mais sobre este tratamento do Renato basta ler o livro “Só por hoje e para sempre”, escrito por Giuliano Manfredini – filho de Renato Russo – o livro contém escritos originais do cantor (isso mesmo, letras a próprio punho do Renato), que registrava todas as suas atividades com TO (Leia-se Terapia Ocupacional) e como era difícil esse processo de reabilitação vivido pelo legionário. Li o livro em um dia, é sensacional, mas como eu ia dizendo, nesse processo de reabilitação Renato se “limpou” e compôs uma séria de letras falando de sua vida, ressaltando momento nostálgicos e falando do seu recomeço. Por isso, vale a pena comentarmos sobre algumas faixas do disco O Descobrimento do Brasil.

Começamos pela belíssima música “Vinte e Nove”, Renato Russo inicia a canção com “Perdi vinte em vinte nove amizades/ Por conta de uma pedra em minhas mãos […]”, com essa abertura fica óbvio que seus problemas o levaram a nada, acarretando na perda de amizade e de pessoas bem próximas. Essa música tem uma letra bem marcante, muita gente questiona o porquê  do “vinte e nove”. Pois bem, vamos à explicação de Dado Villa Lobos em seu livro “Memórias de um Legionário” já citado acima, ele ressalta que relacionado com a astrologia mo qual Renato era vidrado, ou seja, no trecho em que o cantor diz:  “E aos vinte nove com retorno de Saturno, decidi começar a viver”, é neste momento de sua vida que seu signo retornado à Saturno indicava um começo, no qual coincidia com essa sua nova fase de sua vida. Também é bacana citar o formato desta música, algo marcante, faixa limpa, rápida e que não tem um refrão – assim como “Há tempos” no disco As Quatro Estações – e a mesma ganha características de um novo instrumento, no caso o bandolim, tocado por Dado.

Partindo para outra canção, podemos falar da segunda faixa , “A Fonte”, que é marcada por  Renato Russo questionando a si mesmo já no início da canção: “O que há de errado comigo, não consigo encontrar abrigo…” e percebam, essa música é marcada por várias vozes ao fundo com um Renato gritando  e fazendo vários questionamentos  da sua vida como “O que há de errado comigo, eu não sei nada e continuo limpo”, no qual nesse trecho marca os seus questionamentos levantados  em seu processo de reabilitação que é marcado por um grande processo de reavaliação. Pode-se dizer que essa música é bem forte no âmbito do cantor querer se renovar e “se libertar dessa culpa”. bro

Vamos agora para a terceira faixa, é interessante citar as primeiras músicas desse disco pois as mesmas abrem o álbum de uma maneira renovadora, com toques diferentes e sobretudo com as renovações em que Dado estava se pautando, alias, fica bem nítido  as suas inspirações utilizando guitarras bem sujas “à lá”  In Utero do Nirvana.  A faixa “Do Espírito” por exemplo é uma música que tem muito bem essas características, com um toque bem rock n’roll (sujo), nos levando ao clima grunge que estava se disseminando no país, pois nesse mesmo ano o Nirvana havia se apresentado no Rio de Janeiro e também em São Paulo, no famoso Hollywood Rock. As partes mais presentes na letra de “Do Espírito” são de um Renato bem raivoso e com o espirito rebelde do rock, que alias, se encaixa bem com a próxima música: Perfeição.

A faixa “Perfeição” tem toques eletrônicos  que foram compostos por Marcelo Bonfá junto as batidas ritmicas de sua bateria e que complementa as batidas ‘sampleadas‘. A letra dessa música segue parafraseada como se fosse um Hip Hop no qual se pauta em canção falada, ou seja, não é cantada melodicamente. Perfeição é uma canção-protesto na qual o compositor mostra toda sua indignação com nosso país, este que se encontrava desigual, miserável, e com muitas pessoas passando dificuldades (olhem só, de 1993 pra cá não há tanta diferença). A música segue o mesmo padrão da faixa “Vinte e Nove”, não tem a estrutura de uma canção comum que contém versos, refrão e assim por diante. Perfeição segue de uma maneira bem extensa e apensa no final a mesma nos remete a um refrão. Em uma edição do glorioso “Programa Livre” (que era exibido no SBT por Serginho Groisman) Renato canta com o encarte do cd na mão pois Perfeição é bem longa.

Vamos agora para uma música mais calma do disco, temos a canção título do álbum: O descobrimento do Brasil. Antes da faixa citada anteriormente temos uma outra faixa bem calma e que nos remete os tempos coloniais brasileiros. Como citado ao longo dessa matéria esse é um disco bem climático e que combina com um momento de relaxamento e uma excelente oportunidade para curtir os prazeres de um bom disco, pois bem, estou falando da canção “O Passeio da Boa Vista”.

Agora sim vamos para a faixa-título do disco, uma canção que retrata o cotidiano de muitas pessoas, sobretudo em tempo difíceis na sociedade brasileira que passava por um grande processo de recessão econômica. A faixa fala sobre um casal  de jovens que sonham e que anseiam uma vida melhor (ou até mesmo sossegada) tudo isso com toques eletrônicos dando cores à canção. Percebam meus caros leitores que nessa canção Renato Russo faz referência a três pessoas que fizeram parte de sua vida, me refiro a: Professora Adélia, Tia Edilamar  e a Tia Esperança. Em seu livro, Dado cita que a professora Adélia na época entrou em contato dizendo que era ela mesmo a professora que deu aulas à Renato, mas não obteve retorno da gravadora. Sendo assim, essa canção marca muito bem todo o carinho que Renato tinha com as pessoas que fizeram parte de sua vida e marca também uma canção que explora temas rotineiros e que também cita a nostalgia.

Vamos neste momento para a última faixa do disco, falarei sobre a canção que encerra este maravilhoso disco.  Encerro aqui essa troca de experiência com você caro leitor falando sobre a música “Só Por Hoje”, que contém uma letra totalmente diferente das outras e que mostra um Renato motivador. A canção “Só Por Hoje” é um retrato bem evidente da vontade de nosso cantor em querer aprender a viver ‘um dia de cada vez’. Tudo isso, resultado de seu processo de reavaliação da vida e o sentido da mesma. Sendo assim, quando ouvimos o trecho “aprendi a viver, um dia de cada vez”, percebemos a carga positiva que a letra carrega, a mesma chega a me emocionar, marcando essa canção como um relato de recuperação e superação do vocalista da Legião Urbana. Essa canção também é marcada pela utilização de um novo instrumento, a sítar, instrumento este tocado por Renato.

Em suma galera esse disco é um retrato bem profundo de nosso eterno legionário, Renato Russo, aquela mesma figura que compôs “Será”, que compunha canções bem marcantes, músicas que fizeram e ainda fazem parte do repertório de vários casais (como no meu namoro, o Descobrimento do Brasil é um disco marcante pra mim e minha namorada) ou fazem parte da vida de pessoas que admiraram a obra de Renato Russo. Recomendo e muito esse disco, pois além de ser um clássico,  é um disco que prova  que quando estamos perdidos somos capazes de nos superarmos. Esse disco transmite toda a energia alegre, viva, que sempre penso que devemos levar de Renato, letras profundas e positivas que sempre incentivam as pessoas a irem atras de seus sonhos. Valew galera, essa foi a resenha sobre o disco O Descobrimento do Brasil da Legião Urbana e logo mais, eu Flávio Oliveira estarei de volta 🙂

Dedico esta matéria ao meu amor, Marielda Romano, a qual esse disco sempre será marcado como ‘o nosso disco’. Por isso , todos os comentários aqui explicitados são reflexões feitas a dois, quando pegamos aquele bolação, botamos na vitrola e ficamos filosofando.

TE AMO. ‘ NOSSA ONDA DE AMOR NÃO HÁ QUEM CORTE’.

Faixas do Disco

1 – Vinte e Nove

2 – A Fonte


3 – Do Espírito

4 – Perfeição

5 – O Passeio a Boa Vista

6 – O Descobrimento do Brasil

7 – Os Barcos

8 – Vamos Fazer Um Filme

9 – Os Anjos

10 – Um Dia Perfeito

11 – Giz

12 –  Love In The Afternoon

13 – La Nuova Goiventú

14 – Só Por Hoje

Ouça o disco O Descobrimento do Brasil completo.

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Audioslave (2002)

Audioslave (2002)

Salve galera do A História do Disco, eu, Denis Borges estou de volta e hoje vou falar de uma banda que considero singular, não só pelo som que fizeram mas também pelos os integrantes que fizeram parte desse projeto. Hoje a matéria será sobre o Audioslave e sobre seu primeiro álbum.

Lembro ali no começo dos anos 2000 quando escutei que Chris Cornell, vocalista de uma das melhores bandas do grunge, o Soundgarden, e o integrantes do Rage Against the Machine, Tom Morello (guitarrista), Tim Commeford (baixo) e Brad Wilk (bateria) estavam se juntando para formar uma super banda chamada Audioslave.

Como grande fã do grunge peguei-me a pensar que raios Cornell estaria pensando quando aceitou se juntar com integrantes de uma banda que faziam um som totalmente diferente do que ele já havia feito em toda sua carreira. Vale lembrar que o Rage era uma banda que fazia uma mistura de rock pesado com um vocal falado, tendo influencias do rap e do hip hop, com letras contestadoras e com um forte viés político. Já o Soundgarden é uma banda grunge que tem seu som baseado no hard rock, no punk, no rock alternativo e ainda conta com todas as influencias que as bandas de Seattle tiveram.

A expectativa era grande, afinal, fazia algum tempo que  umas das melhores e mais potentes vozes do rock estava fora  de cena e a curiosidade em relação a que “cara” teria a banda era enorme. Afinal, qual influência teria maior peso na sonoridade da banda? Como Morello e cia iriam encaixar sua musicalidade à um vocalista mais melodioso? Essas perguntas foram respondidas na primeira música de trabalho da banda, Cochise. Lembro bem quando a ouvi e vi pela primeira vez, nesta época eu já morava em Taquaritinga e ainda não existia o streaming, sendo assim não havia como eu ouvir as rádios que eu acompanha quando morava na cidade de São Paulo. Deste modo a solução era aguardar o lançamento do videoclipe na MTV Brasil.

A espera valeu a pena, Cochise era uma puta música e de quebra tinha um clipe sensacional. Os caras utilizaram os riffs da introdução no início do clipe, enquanto isso,  Morello, Commeford e Wilk são levados na caçamba de uma camionete para uma estrutura metálica, onde em seu topo estava Cornell. Quando os integrantes começam a subir – de elevador – até o topo da estrutura, a bateria entra dando início a uma contagem regressiva e quando cada integrante chega ao topo da estrutura e pega seu instrumento, vem o clímax. Uma chuva de fogos de artifício inundam o céu e uma paulada sonora invade nossos ouvidos. Escutar a mistura da voz ímpar de Cornell com os riffs pesados de Morello e ver aquela chuva de fogos de artifício foi e até hoje é mágico. Uma vez li (infelizmente não recordo onde haha) que devido a quantidade de fogos de artifício, alguns vizinhos pensaram que estavam sob ataque terrorista.

Ouvindo o restante do álbum percebemos a influência bem administrada de ambos os estilos, tendo uma leve inclinada ao estilo de Morello e seus colegas de Rage Against the Machine, principalmente nas faixas: Light My Way, Set If Off e a ótima Show Me How to Live. O gostoso é presenciar disco a presença da voz de Cornell com o peso da guitarra de Morello e perceber que este, quando preciso, também sabe trabalhar músicas mais melódicas como Shadow On The Sun e Getaway Car.

Um dos destaques do disco é uma música melodicamente mais trabalhada, a faixa “Like a Stone” que talvez seja a música mais conhecida da banda, contando mais uma vez com boa performance de Cornell e Morello. Aliás, o disco se apoia muito nessa dupla, mesmo porque ambos estão entre os melhores naquilo que fazem. Cornell com uma voz única no rock está no meu Top Five de vocalistas, Morello tem estilo único e marcante, solos alucinantes e inimagináveis são a síntese do disco. Virei fã deste quando o vi solando com uma furadeira, ali ele ganhou meu respeito.

Tenho uma particularidade com discos e músicas em específico, sempre os associo a livros que estou lendo naquele determinado momento. É de meu costume ler e escutar música ao mesmo tempo, a música serve de pano de fundo para meu imaginário e me ajuda a entrar na história em questão. Com a faixa I Am the Highway – a minha preferida –  acontece exatamente isso. Quando descobri a Terra Média de Tolkien em o Senhor dos Anéis foi lançado o disco hoje citado em nosso blog. Então sempre que escuto a faixa citada acima, me lembro de Frodo caminhando pela Terra Média e se assistir ao filme ou mesmo ler algo relacionado ao mesmo me vem a música na cabeça, essa que tem uma letra profunda transformada em uma linda balada de acordes simples e calmos numa pegada mais Cornell, trazendo à tona um Morello mais sensível e melódico mas não menos genial.

Por fim, vou dar uma pincelada nos outros dois discos que a banda gravou.  O segundo disco intitulado Out of Exile (2005) é tão bom quanto o primeiro, mas com um diferencial: a evolução musical enquanto banda. É notório que o tempo que ficaram juntos fez com que a banda encontrasse seu estilo e se entrosasse, com isso o segundo disco produziu mais singles comerciais como: You Time Has Come, Be Yourself, Doens’t Remind Me e Out Of Exile (faixa que dá nome ao disco).

O terceiro disco, Revelations (2006), segue a mesma linha dos antecessores, mas com uma peculiaridade: não foi um disco “trabalhado”. Cornell saiu da banda pouco depois do lançamento e muitas músicas ficaram sem um registro ao vivo já que a banda não realizou shows após a gravação do disco. As faixas destaque do disco foram: Original Fires e Revelations (música que dá nome ao disco).

Alegando incompatibilidade de pensamentos e personalidades, Chris Cornell seguiu seu caminho em um projeto solo em 2007 Soundgarden onde está até hoje. Em 2007 Morello e Cia voltaram ao Rage Against The Machine, em 2008 se apresentaram brilhantemente no Lollapaloza em Chicago e em 2010 no SWU no Brasil, agora estão  lançando um projeto novo com os integrantes  do Public Enemy e do Cypress Hill. O projeto chama-se Prophets of Rage.

Como mencionei no início dessa resenha a diferença sonora entre Cornell e o restante da banda era enorme, não precisando ser um vidente para saber que essa união um dia teria fim. A parte boa é que a super banda nos deixou bons materiais: três álbuns de estúdio e shows ao vivo.

Audioslave – o primeiro disco do quarteto leva o nome da banda – é uma boa pedida pra quem quer escutar algo diferente que só a junção de duas grandes bandas do rock poderiam criar. Uma boa viagem ao que houve de melhor no rock no início dos anos 2000.

Faixas do Disco

1 – Cochise

2 – Show Me How to Live


3 – Gasoline

4 – What You Are

5 – Like a Stone

6 – Set it Off

7 – Shadow On the Sun

8 – I Am the Highway

9 – Exploder

10 – Hypnotize

11 – Bring em Back Alive

12 –  Light my Way

13 – Getaway Car

14 – The Last Remaining Light

Ouça o primeiro disco do Audioslave de 2002 completo.

Leia a entrevista de Chris Cornell falando sobre o Audioslave.

Assista ao videoclipe da faixa Cochise.

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Erasmo Carlos – Carlos, Erasmo (1971)

Erasmo Carlos – Carlos, Erasmo (1971)

Olá galera do blog A História do Disco, quanto tempo hein!? Pois é, já faz um tempo que eu, Flávio Oliveira, não escrevo para vocês e é em meio a esse clima de saudade que iremos saudar o nosso carismático e mulherengo do rock nacional, Erasmo Carlos.

Quando falamos sobre Erasmo Carlos automaticamente o associamos a Jovem Guarda, movimento esse que revolucionou vários conceitos da juventude dos anos 60 no Brasil. Nosso caro Erasmo fez parte de todo esse movimento que se estendeu até 1969, pouco antes da sua deflagração perante ao movimento tropicalista. Sendo assim, o disco que iremos comentar e degustar hoje (no bom sentido, é claro) faz parte deste contexto, em meio a essa mudança que o “Tremendão” teve que se submeter.

Antes de falar sobre o disco “Carlos, Erasmo”, vamos à uma pequena introdução sobre quem é Erasmo Carlos. Erasmo Esteves nasceu no dia 05 de Junho de 1941 e se tornou um dos expoentes da música brasileira nos anos 60, juntamente com seu parceiro e compositor, Roberto Carlos (Aliás, em breve teremos resenha do Rei aqui no A História do Disco). Os amigos compuseram várias canções que aplacaram sucesso e que tiravam o fôlego dos “brotinhos” da época, sucessos como: Quero que Vá tudo para o Inferno, Não serve pra Mim, Eu sou Terrível e Como é Grande o meu Amor por Você. Assim como Roberto, Erasmo também tinha uma carreira paralela e concebeu vários clássicos como: Sentado à Beira do Caminho, Mulher, Pega na Mentira e Vou ficar Nu para Chamar sua Atenção.

Data da foto: 1967 Erasmo Carlos e Roberto Carlos.

Pois é caro leitor, nosso companheiro teve vários sucessos e eu duvido que você nunca tenha ouvido pelo menos um deles. Mas vamos ao disco de hoje, “Carlos, Erasmo”, o mesmo foi uma ruptura no processo da carreira de Erasmo, foi um dos momentos em que ele teve que escolher qual caminho seguir. O caminho que ele escolheu foi o do rock n’ roll, diferentemente de seu parceiro Roberto, que nesse período preferiu ser mais romântico e religioso musicalmente. É neste ponto que Erasmo tem a oportunidade única de criar um disco fenomenal, inclusive é válido citar que nesta época (no caso, em 1971) não tínhamos mais a Jovem Guarda nas tardes de domingo. Logo após o término do programa e do movimento da Jovem Guarda, nosso cantor sai de férias pelo Rio de Janeiro. Neste período ele escuta uma música de Gilberto Gil – Aquele Abraço – e se convence que tem que voltar a compor.

Em 1971 é concebido o disco “Carlos, Erasmo”, este que é um clássico da música popular brasileira que conta com a velha parceria entre Erasmo e Roberto (Lennon e McCartney brasileiros haha) e também com alguns hits do momento: De Noite na Cama (Caetano Veloso), Dois Animais na Selva Suja da Rua (Taiguara) e Agora Ninguém Chora Mais (Jorge Ben). Vale citar também as músicas que foram compostas por Erasmo e Roberto:  É preciso Dar um Jeito Meu Amigo e Mundo Deserto.

Outra coisa muito bacana desse disco é o fato de termos qualidade melhor nas gravações de Erasmo, que na época de Jovem Guarda eram precárias e agora estavam excelentes. Também é válido citar  que o produtor do disco foi Manuel Barenbein, além de Nelson Motta (monstro da música brasileira) que produziu a faixa “Ciça, Cecília” e o responsáveis  pelos arranjos do disco foram Chiquinho de Moraes e Arthur Verocai.  Mais um fator que contribuiu para que o álbum tivesse uma qualidade melhor é que o mesmo foi o primeiro de Erasmo pelo selo Philips, o Tremendão estreou muito bem pela gravadora.

Muitas vezes o ouvinte não se interessa ou mesmo não consegue ter acesso a determinadas informações de um disco, como por exemplo os músicos que participaram da gravação do mesmo. Nós do blog A História do Disco gostamos de ceder este tipo de informação, mesmo porque deste modo valorizamos os profissionais da música. O destaque neste disco do Erasmo é a participação de Lanny Gordin, um dos maiores guitarristas de nosso país, músico que fez sucesso no cenário tropicalista tocando com vários artistas da cena e gravando com Gil, Caetano e Gal Costa. Pra fechar com chave de ouro, Lanny participou desse disco maravilhoso de Erasmo Carlos, que pra mim é um dos melhores discos do nosso querido “Tremendão”.

Assim eu, Flávio Oliveira, encerro minhas considerações sobre o disco, espero que você leitor tenha gostado da matéria e que aprecie sem moderação esse disco que é FODÁSTICO. Logo mais estarei de volta aqui no blog com mais música para a nossa alma. Abraços pessoal e até a próxima 🙂

Faixas do Disco

1 – De Noite na Cama

2 – Masculino, Feminino
3 – É preciso dar um Jeito, Meu Amigo
4 – Dois Animais na Selva Suja da Rua

5 – Gente Aberta

6 – Agora Ninguém Chora Mais

7 – Sodoma e Gomorra

8 – Mundo Deserto

9 – Não Te Quero Santa

10 – Ciça, Cecília

11 – Em Busca das Canções Perdidas N°2

12 –  26 Anos de Vida Normal

13 – Maria Joana

Ouça o disco Carlos, Erasmo de 1971 completo.

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Ira! – Entre Seus Rins (2001)

Ira! – Entre Seus Rins (2001)

Salve galera do blog A História do Disco, depois de um tempo, eu, Bruno Machado resolvi escrever sobre uma banda brasileira que gosto bastante, e aprendi a gostar mais dela depois que ouvi o disco “Entre Seus Rins”. Quis escrever sobre esse disco pois ele foi gravado após o Ao Vivo MTV e antecede o Acústico MTV (este que teve uma turnê de um ano e meio, chegando a incríveis 200 apresentações) ou seja, a banda havia acabado de gravar um disco com seus maiores sucessos e meteu a cara em um novo disco de estúdio.

Antes de começar a falar sobre o disco, vou citar algumas curiosidades sobre o Ira! que talvez você leitor nunca tenha ouvido falar. Poucos sabem mas Edgard Scandurra foi guitarrista da banda Ultraje a Rigor e inclusive foi ele que criou o riff inicial da música “Inútil”, posteriormente o guitarrista deu prioridade apenas para o projeto Ira!.  Outra curiosidade muito interessante é que Charles Gavin (muito conhecido por ter sido baterista do Titãs por mais de 20 anos) foi um dos primeiros bateristas do Ira!, o mesmo deu lugar posteriormente à André Jung, que coincidentemente foi um dos primeiros baterista do Titãs e chegou a gravar o primeiro disco de estúdio junto da banda em 1984.

O disco “Entre Seus Rins” é bem diferente dos outros já gravados pela banda paulistana,  este álbum traz uma mistura muito bacana entre pop e rock, o que na minha visão não é ruim já que o disco tem uma excelente qualidade. Particularmente eu não era muito fã do Ira!, me interessei pelo som da banda quando ouvi o Acústico MTV, disco aliás que foi lançado após este que estou falando no blog. E a partir do acústico eu procurei saber mais sobre a banda, li a biografia do icônico vocalista ( conhecido como Wolverine Valadão) e a cada dia fui tendo mais curiosidade sobre o quarteto paulistano que marcou e muito a década de 80.

Em relação ao disco “Entre Seus Rins”, como citado acima o mesmo contém uma mistura de rock e pop, diferente da maioria dos discos da banda paulistana. O Ira! grava este disco com seu quarteto clássico – Nasi  (Vocal), Edgard Scandurra (Guitarra),  Ricardo Gaspa (Baixo) e André Jung (Bateria), e o álbum tem como destaque as músicas: Milhas e Milhas, o Bom e Velho Rock ‘n Roll e Entre Seus Rins (música que dá nome ao álbum).

A faixa “Mistério” é um lado B muito bacana, que tem uma batida muito pop e que conta com a parceria forte de Nasi e Scandurra nas vozes,aliás, pra mim a principal marca do Ira! é como as vozes dos dois “casam bem”, quase como uma fórmula que dá cara à banda. Outra faixa interessante é “Naftalina”, a mesma conta com uma guitarra “bem suja”, baixo e batera alinhados, e também contém efeitos de sinalizador que lembram um pouco a banda RPM no começo da carreira. A música “Pecado” também tem essa mesma pegada rock, com Scandurra sempre se destacando com sua enorme criatividade.

Uma outra curiosidade do disco é que a faixa “Superficial (Como um Espinho)” foi gravada originalmente no Ao Vivo MTV (2000) e ganhou uma versão de estúdio no álbum “Entre Seus Rins”. Normalmente o que acontece é o inverso, a música é gravada em um determinado álbum de estúdio para depois ser regravada em um álbum ao vivo ou mesmo em um acústico.

Por fim vou falar das faixas que mais se destacaram neste disco: Entre Seus Rins e também Milhas e Milhas. A primeira é uma balada: instrumentos bem alinhados, Nasi dando um ar de romantismo com sua voz de radialista que faz programa de madrugada (calma galera, é zuera, eu gosto da voz do Nasi hahaha) e por fim, uma letra simples mas muito romântica. Aliás, não deixem de assistir o videoclipe da música “Entre seus Rins” pois vale muito a pena, principalmente pelo fato dos integrantes do Ira! terem sido representados por marionetes. Mas atenção galera, tirem as crianças da sala pois há algumas partes “picantes” no videoclipe.

E vamos à faixa “Milhas e Milhas”, pra mim é uma das melhores, senão, a melhor faixa do disco. É aquele tipo de música que você escuta pela primeira vez e tem a sensação de que ela já faz parte da sua vida ou mesmo da sua playlist. Traz consigo uma batida pop e que te envolve pelo fato de ser contagiante, mesmo tendo uma letra que fala sobre o fim de um relacionamento e o início de uma vida nova.

O último disco gravado pelo Ira! foi “Invisível DJ” em 2007, pouco tempo após o lançamento do disco a banda se separou por conta do excesso de brigas, a principal delas envolveu: o irmão de Nasi, este era empresário da banda, Edgard Scandurra e o próprio Nasi. O álbum ainda ganhou destaque com duas músicas, Mariana foi pro Mar e Eu vou Tentar.

Em 2013 Scandurra e Nasi voltaram a se falar (o Wolverine Valadão ligou para o guitarrista e o chamou para participar de um show beneficente), assim a volta do Ira! estava ensaiada. Quando de fato a volta ocorreu, Jung e Gaspa não voltam à banda. O primeiro não voltou pois traiu a confiança de Nasi, já o segundo por conta de problemas pessoais.

Em 2014 o Ira! voltou á ativa  com nova formação, além de Edgard e Nasi a banda foi completada com Daniel Scandurra no baixo (filho de Edgard), Evaristo Pádua na bateria (esse que acompanha Nasi em sua carreira solo) e Johnny Boy como músico de apoio, tocando teclado e violão (o músico teve grande participação nos discos do Ira! na década de 90).

Bom galera, essa foi a resenha de hoje e eu espero que vocês gostem. Grande abraço e até a próxima 🙂

Faixas do Disco

1 – O Bom e Velho Rock ‘n Roll

2 – Entre Seus Rins
3 – Milhas e Milhas

4 – Naftalina

5 – Superficial (Como um Espinho)

6 – Para ser Humano

7 – Homem de Neanderthal

8 – Um Homem Só

9 – Mistério

10 – Pecado

11 – O Tempo

12 – A Vida por um Fio

Ouça o disco Entre Seus Rins do Ira! completo.

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Red Hot Chili Peppers – Californication (1999)

Red Hot Chili Peppers – Californication (1999)

Fala galera do blog A História do Disco, depois de algum tempo longe, eu, Denis Borges estou de volta e hoje para falar de um disco que gosto demais e que foi muito importante para essa banda, costumo dizer que esse álbum foi um divisor de águas na carreira dos caras. Sim meus caros estou falando de Californication, um dos melhores discos de uma das melhores bandas de rock ainda na ativa, o Red Hot Chili Peppers.

Californication foi lançado em 1999 com Anthony Kiedis (vocal), Flea (baixo), John Frusciante (guitarra) e Chad Smith (bateria), a mesma formação que criou o melhor disco lançado pela banda até hoje, o Blood Sugar Sex Magic de 1991, pelo menos na minha opinião.

Pode-se dizer que o Red Hot é uma das bandas mais velhas que estão na ativa e gravando novos álbuns, são 33 anos e 11 discos de estúdio desde sua formação original lá em 1983. Sempre conhecidos pelo por sua energia e irreverencia nos palcos, os californianos tiveram uma carreira muito agitada e a medida que iam ganhando notoriedade na cena musical de Los Angeles os problemas iam aumentando na mesma proporção. Kiedis e Hiliel Slovak (guitarrista fundador da banda) começavam seu forte e mortal envolvimento com drogas pesadas. Em 88, logo após a turnê do terceiro disco da banda Slovak é encontrado morto, causa: overdose de heroína.

Abalados pela morte de Slovak, os caras dão um tempo e cada um segue seu caminho. Após esse hiato, Flea e Kiedis se reencontram e decidem que ali não era o fim do Red Hot Chili Peppers. A partir daí eles vão em busca de um novo baterista e um guitarrista a altura de Slovak. Depois de testar muita gente, Chad Smith assume as baquetas e um garoto de apenas 18 anos (que era muito fã do Red Hot) assume a guitarra, seu nome era John Frusciante. Era concebida a melhor formação que a banda teve até hoje.

Por conta da genialidade de Frusciante e sua idolatria pela banda, o entrosamento foi muito rápido e logo a banda lançou Mother’s Milk em 1989.  O disco se sai bem, o entrosamento dos quarteto aumenta e em 1991 eles lançam Blood Sugar Sex Magic, aliás,  meu disco preferido. O disco eleva o status do Chili Peppers para de super banda, que chega a marca de mais de  19 milhões de discos vendidos.

Tudo estava indo muito bem para o quarteto: turnê mundial, sucesso e mídia. Esse conjunto de fatores mexe de forma diferente com os integrantes, Kiedis, que nunca deixou o vício de lado, continua sua jornada atrás da heroína perfeita e Frusciante, que sempre foi um cara muito calado e introspectivo, começa a usar drogas para aliviar o peso do sucesso repentino, afinal, o guitarrista tinha apenas 20 e poucos anos. Daí, de uma hora pra outra ele resolve deixar a banda no meio da turnê. Sem conseguir convencer John a ficar, os caras contratam um guitarrista “tampão” e após a turnê convidam Dave Navarro ( ex Janes Addiction) para se juntar a banda. A interação entre Navarro e o restante da banda não acontece como planejado e isso se reflete no disco “One Hot Minute” de 1995. Após a turnê do disco, Navarro enxerga a incompatibilidade musical entre ele e o Red Hot e decide sair. O Red Hot Chili Peppers tem sua pior crise.

Estou contando um pouco sobre a história da banda para que você leitor consiga mensurar o tamanho da importância que o disco Californication teve para todos, não só na esfera musical como também na pessoal.

Mais um hiato e todas as incertezas conspirando contra a continuidade da banda. Kiedis, agora limpo, fala para Flea que sem Frusciante ele não acredita que conseguiriam voltar a ser o Chili Peppers de outrora. Flea então decide procurar John,  que havia passado por um processo de reabilitação. Alguns relatos afirmam que o guitarrista viveu em estado deplorável antes da internação. Com a constatação da melhora vista por Flea, veio o convite para que Frusciante voltasse ao Red Hot, convite que foi prontamente aceito e ali nascia o disco Californication.

A banda se reúne em 1998 para começar o trabalho de criação do novo disco, e diferentemente do que aconteceu com Navarro, o processo de criação acontece de maneira rápida e fluida. Kiedis, feliz pela volta de John, compunha letras mais profundas e reflexivas e Frusciante, sempre criativo, aparecia cheio de riffs e solos para dar vida às letras criadas por Kiedis. Isso tudo somado  a “cozinha” genial de Flea e Chad fez de Californication o disco mais vendido da banda, foram 33 milhões de cópias espalhadas por todo o globo.

A faixa Around The World abre o disco fazendo a gente pensar: Por que diabos Frusciante ficou tanto tempo longe do Red Hot!? Músicas como Get On Top, I Like Dirt e a empolgante Right On Time trazem aquela mistura de funk, punk, rap e rock característicos da banda. Por outro lado as faixas Porcelain, Savior e a bela Road Trippin’ trazem uma sonoridade diferente no disco.

É notável o amadurecimento musical e pessoal da banda ao longo dos 15 anos de estrada, esse amadurecimento fica claro nas três músicas de maior sucesso do disco: Scar Tissue, Otherside e Californication.

Kiedis é um compositor que fala muito sobre si e sobre as coisas ao seu redor em suas letras, é o que você leitor poderá perceber ao ouvir as três músicas citadas acima. Em Otherside, apesar de versos confusos e desconexos, supomos que ele fale sobre os altos e baixos de sua vida sempre ligada ao vício em heroína e afins. Californication é sobre o lado obscuro de viver em Hollywood, a obsessão das pessoas pelo dinheiro, pela fama, estando dispostas a tudo para ser uma celebridade. E chegamos a faixa Scar Tissue, a minha preferida alias, em que apresentarei palavras do próprio Kiedis sobre a mesma:

“..quando John começou a tocar um riff de guitarra eu soube imediatamente que seria ” a música”. A vibração era divertida, de quem estava feliz por estar vivo, de uma fênix que renascia das cinzas.”

O trecho acima foi retirado da autobiografia de Kiedis intitulada Scar Tissue. Você pode ler mais trechos da mesma através deste link:

www.universofrusciante.com/p/scar-tissue.html

Californication representou um recomeçou para os integrantes do Red Hot, principalmente para Kiedis e Frusciante que tiveram uma relação difícil com o vício. E pra mim Californication ser o “divisor de águas” fica bem claro quando olhamos os discos posteriores gravados pelo Red Hot Chili Peppers, temos o By The Way (2002), sucesso de público e crítica (inclusive merece uma resenha aqui no blog também hahaha) e o duplo Arcadium Stadium (2006), um disco alias que eu gosto muito, por ser um disco duplo contém mais faixas e assim encontramos muita coisa diferente e boa nele, uma volta as raízes com um Frusciante sempre genial e criativo.

Depois de férias mais que merecidas, em 2011 eles lançam I’m With You, novamente sem Frusciante. Como fã, gosto de tudo que os caras fazem, mas é nítida a falta que Frusciante faz. Josh Klinghoffer corresponde bem, afinal ele já tocava com a banda como guitarrista de apoio há alguns anos. Mas eu ainda como fã tenho em mente que os melhores trabalhos da banda foram concebidos com John Frusciante, infelizmente a comparação é inevitável e também desigual.

É importante citar também que mesmo com a mudança de músicos, altos e baixos, e o envolvimento de Kiedis com as drogas, o Red Hot sempre foi uma banda muito ativa, com excelentes apresentações cheias de energia e irreverencia que sempre foi o ponto alto do quarteto californiano.

Em junho desse ano (2016) a banda lançou o álbum The Getaway, isso após muito expectativa dos fãs. Após uma “primeira escutada” no disco, senti novamente a falta da guitarra de Frusciante, mas após “outras ouvidas” percebi quão bom é o disco, percebi também que Josh é Josh e não Frusciante e que agora ele está mais entrosado com o restante da banda. Desta forma o garoto vai escrevendo sua própria história como um Chili Peppers.

Agradeço novamente o espaço cedido aqui no blog a História do Disco e  desejo vida longa ao Red Hot Chili Peppers o/

Faixas do Disco

 
1 – Around The World
2 – Parallel Universe
3 – Scar Tissue

4 – Otherside

5 – Get On Top

6 – Californication
7 – Easily
8 – Porcelain
9 – Emit Remmus
10 – I Like Dirt
11 – This Velvet Glove