Pearl Jam – gigaton (2020)
Fala galera do A História do Disco! Como vocês estão nesses tempos estranhos, onde um vírus mudou a vida de todo um planeta? Espero que estejam todos seguros e bem. Em tempos como esse gostaria de ser um Renato Russo ou um Eddie Vedder e colocar todas as minhas angústias e anseios em letras e versos, mas como não faço parte desse time de pessoas especiais, venho aqui escrever para vocês – e para mim também – sobre mais um disco. Dessa forma alivio toda tensão que subconscientemente aflige-me em tempos de incertezas.
Para os que não me conhecem, sou o Denis Borges e estou escrevendo uma série de resenhas inspiradas nos meus anos de vida, nasci em 1981 estou fazendo uma resenha para cada ano de vida, essa seria a resenha do ano de 1986, disse seria porque sem perceber estava escrevendo uma resenha de um disco de 1987. Como meu processo de escrita envolve algum tipo de pesquisa, não me vejo apto para falar de algum disco de 1986 sem prévio conhecimento histórico e técnico, por isso e exatamente por isso – aqui é uma mentirinha leve – vou escrever sobre um disco que ando escutando bastante nos últimos dez, doze dias.
Entre meus amigos resenhistas do site sou conhecido como o Menino Grunge, acredito que não preciso explicar o porquê, mas a título de esclarecimento, grunge foi um movimento dado ao nome das bandas vindas de Seattle no final dos anos 80, início dos anos 90. Por ser um apreciador de todas essas bandas ganhei tal apelido, e para conseguir escrever algo para o site sem ao menos fazer uma previa pesquisa resolvi falar sobre o mais novo disco do Pearl Jam, banda de Seattle, lançado no dia 27 de março, Gigaton. O álbum já está disponível em todas as plataformas de streaming existentes.
gigaton – 2020
Gigaton é o primeiro trabalho de inéditas do Pearl Jam desde Lightning Bolt (2013), então temos um período sabático aí de sete anos. Para os fãs da banda – me incluo nesse grupo – foi um longo e angustiante período de espera. Gigaton é o primeiro disco de uma das bandas mais longevas em atividade do rock mundial. Relato isso porque uma das coisas que mais me chamaram a atenção em relação a esse disco foi a solida ação de marketing realizada sobre o álbum. O Pearl Jam ainda não tinha lançado nada nesse mais novo modelo de divulgação musical. Para nós compradores de vinil e posteriormente cd’s, escutar o novo álbum da nossa banda preferida à 0h01 de um dia especificado sem ao menos ir a uma loja física para garantir uma unidade física seja vinil ou cd é muito estranho para não escrever outra coisa. Desde o lançamento do primeiro single do novo álbum, Dance Of The Clairvoyants a banda faz um tipo diferente de divulgação. Com Dance Of The Clairvoyants foram lançados três clipes diferentes, sempre sobre a temática de conscientização e degradação do nosso meio ambiente, e em SuperBlood WolfMoon foi lançado um projeto de tecnologia de realidade aumentada. Por meio de um aplicativo, os fãs deveriam encontrar, com a ajuda da câmera do celular, a lua. Ao identificar a imagem do satélite natural, a plataforma direcionava para uma prévia da canção, além de oferecer a pré-venda do álbum. Esse tipo de ação feita por uma banda com quase 30 anos de estrada me chamou muito atenção, foi uma criativa forma de atrair os holofotes para algo que muita gente já esteva esperando há muito tempo. Outra ação massiva são os vários clipes que foram lançados, é sabido por todos que o Pearl Jam é uma banda avessa a vídeoclipes.
sobre o disco
Como disse anteriormente, o primeiro single a ser lançado pela banda foi “Dance Of The Clairvoyants”. Para ser sincero com vocês, à primeira “escutada” soou meio estranho, não ruim, estranho, era o PJ saindo da casinha. Baixão do Ament marcando o passo, bateria eletrônica, teclados, sintetizadores? Eddie cantando de uma forma diferente. Para muita gente – para mim também – me lembrou anos 80, Talking Heads, uma sonoridade bem diferente. Depois desse começo muitas coisas eram pensadas sobre o novo trabalho da banda. “Superblood Wolfmoon”, o segundo single a ser lançado, é mais Pearl Jam, a guitarra do Stone, o solo fodástico do Mike, os vocais do Vedder mais “normais” estão todos ali, essa é PJ sendo PJ, mas de uma forma boa, revigorante, pra cima. Em “Quick Escape” encontro a melhor música da banda em anos, uma letra dentro da temática do álbum, vocais perfeitos, rola até falsete do Vedder. Baixão presente, guitarras alucinantes, realmente alucinantes meio Led Zeppelin, o que mais me chama a atenção é a bateria do Matt no final da música em conjunto com os solos do Mike, que porradaria meus amigos!!! Em minha opinião a melhor música do Pearl Jam em anos!!
Após a análise mais minuciosa dos três primeiros singles farei uma análise mais superficial e pessoal faixa a faixa. Sabe aquele “achômetro” que todos temos? Então, seguirei por ele, mais emoção do que razão, afinal escutei o álbum no máximo umas 20 vezes, mas ainda estou aprendendo sobre, então o que escreverei serão as minhas impressões mais marcantes. A primeira faixa do álbum é “Who Ever Said”, após um começo diferente com “Dance Of The Clairvoyants” muito se especulou sobre como seria o disco. Posso dizer que o começo do disco é mais parecido com o Pearl Jam das antigas do que o Pearl Jam de “Dance Of The Clairvoyants”, a pegada, a levada, estão todas ali, mas alguns elementos eletrônicos também estão, coisas meio que imperceptíveis, mas que nunca estiveram ali agora estão, ótima abertura de disco. Em seguida vem “Superblood Wolfmoon” mais uma música com pegada de Pearl Jam, guitarras, solo fenomenal do Mike, etc. e tal, show de bola; “Dance Of The Clairvoyants” causou estranheza nas primeiras audições, mas hoje depois de escutar diversas vezes o álbum ela soa muito bem para uma banda que não precisaria sair da sua casinha para agradar ninguém; como disse anteriormente “Quick Escape”, para mim, é a cereja do bolo. Pegada alucinante, guitarras, baixo, bateria e Vedder mandando muito bem, a melhor do álbum e de anos. “Alright” é uma linda balada, sua introdução me lembra algo de Radiohead – lembrando que estou dando minhas primeiras opiniões – o teclado marcando o começo, a entonação do Eddie, depois analisando a letra chego à conclusão que é uma bela canção. “Seven O’Clock” mais uma bela balada com uma letra bem interessante e totalmente dentro do contexto do álbum. “Never Destination” e “Take The Long Way” segue Who Ever Said e Superblood Wolfmoon, PJ sendo PJ sem os tecladinhos. Em “Buckle Up” o álbum desacelera, mas gosto dessa sonoridade mais lenta, intimista e experimental. Em “Come Then Goes” temos aquela junção perfeita em voz de Vedder + violão, me lembra algo de Johnny Cash, mais outra bela canção. “Retrograde” é mais uma combinação de voz/violão com uma pegada mais folk que o Pearl Jam já vem fazendo faz um tempo. Para finalizar o álbum “River Cross” uma balada cheia de experimentalismo fecha muito bem o álbum.
Gigaton é o melhor Pearl Jam desde Binaural (2000), começa forte, um pouco diferente em relação à sonoridade, atravessa duas belas baladas, tem um mais do mesmo do meio para o final e finaliza muito bem. Encontramos um trabalho musical bem elaborado, com alguns ingredientes que não havíamos visto em álbuns anteriores, uma pegada musical que talvez uma banda com quase 30 anos de estrada não se sentiria necessitada a ter.
Como fã minha opinião sobre o disco só tem crescido ao longo do tempo e das “escutadas”, talvez se me perguntarem sobre o Gigaton daqui há um mês minha opinião tenha mudado em relação a algumas músicas. Gigaton não é o melhor álbum que o Pearl Jam já fez, mas é o melhor que o Pearl Jam pode entregar hoje. Fico feliz e satisfeito com isso. Lembrando às viúvas de Ten/Vs/Vitology que os tempos são outros, os integrantes já não são o que eram há 25, 30 atrás, então não há o porquê terem a mesma sonoridade.
Galera, vou ficando por aqui, peço a todos que sigam firmes e fortes, sigam estritamente as recomendações da OMS #FiqueEmCasa #StayHome, e se tiver que trabalhar as palavras são: cuidado e prevenção. Aos de fé confiem naquilo que acreditam, aos céticos, confiem na ciência e a todos nós saúde e paz. Um grande abraço e até a próxima resenha aqui no A História do Disco!
Faixas do Disco
1 – Who Ever Said
2 – Superblood Wolfmoon
3 – Dance Of The Clairvoyants
4 – Quick Scape
5 – Alright
6 – Seven O’Clock
7 – Never Destination
8 – Take The Long Way
9 – Buckle Up
10 – Come Then Goes