Os Paralamas do sucesso – o passo do lui (1984)
Fala galera! Denis Borges na área para falar de mais um disco daquela série, saga, missão ou qualquer outro nome que queiram dar. Hoje falaremos sobre o ano de 1984 e uma banda que considero pioneira do tão falado “Rock de Brasília” que começou lá nos, hoje, nostálgicos anos 80 e adentrou os anos 90 com boas bandas como Raimundos e Natiruts. Não que essas duas últimas bandas faziam o mesmo tipo ou foram influenciadas pelo som que esses caras faziam e ainda fazem, mas com toda certeza o carro abre-alas – ou um dos carros abre-alas – de Brasília foi o Paralamas do Sucesso. Pra quem viveu aquela época ou pra mim que vim uma geração depois, sabemos da importância dessa banda para a música brasileira. Hoje minha motivação para escrever sobre o ano de 1984 são essas palavras, importância e reconhecimento, acredito que é o mínimo que devemos para Herbert Vianna, João Barone e Bi Ribeiro, três excelentes músicos que formaram um dos melhores Power Trios brasileiros.
Depois dessa introdução, muitos de vocês – conhecedores da banda – podem estar questionando: Mas a banda não foi formada no Rio de Janeiro!? Claro, meus queridos blogonautas, Os Paralamas do Sucesso é uma banda formada no Rio de Janeiro, mais precisamente na cidade de Seropédica, no ano de 1982, mas, graças a Deus, ou a qualquer outro “ser astral” que vocês gostem, Herbert sempre manteve suas raízes e amizades em sua terra natal, dando uma mãozinha para bandas como a Legião Urbana, como podemos ver no filme, Somos Tão Jovens (2013, direção de Antônio Carlos da Fontoura).
A Legião Urbana terá seu próprio capítulo mais para a frente aqui nessa série que estou fazendo. Na verdade, o rock brasileiro dos anos 80 terá um bom destaque nessas próximas resenhas, afinal, caro leitor, foram os nossos anos dourados do rock nacional, quantas bandas boas tínhamos? Material pra canções nossos governantes nos proporcionam a rodo desde a invenção da roda, mas naquela época nossos músicos sabiam transformar questionamentos em canções, mas também sabiam transformar assuntos pueris, relacionados ao cotidiano e questionamentos da juventude oitentista em boas canções. Esse disco sobre o qual começarei a falar agora é uma prova ainda viva, pulsante e, por que não, atual desses assuntos pueris. Sem mais delongas vamos adentrar no segundo disco dessa banda que é imensa em sua rica trajetória, falaremos hoje sobre O Passo do Lui, Paralamas do Sucesso.
O álbum O Passo do Lui foi lançado em agosto de 1984, um ano após o ótimo disco de estreia da banda carioca, Cinema Mudo. Sempre se espera algo de bom de uma banda que acaba de vir de um bom álbum de estreia e O Passo do Lui foi tudo aquilo que podia-se imaginar de um segundo ótimo disco de uma banda que estava se projetando como expoente no ótimo cenário oitentista. Como nosso querido amigo, Flávio Oliveira, intitula a banda: “ The Police Brasileiro”, no caso do Flavinho não foi um linguajar pejorativo, muito pelo contrário, naquele momento musical a banda do Sting era o que melhor se apresentava no Pop Mundial, prova disso é que minha última crítica – do ano de 83 – foi sobre um disco do Police. Influenciados ou não, O Passo do Lui é um disco mais rock, mais ska, mais pessoal, mais Paralamas do Sucesso que seu antecessor. Herbert Viana com ótimas letras que expressavam os pensamentos pós-adolescentes daquela década, Bi e Barone desenvolvendo cada vez mais aquela “cozinha” sensacional que todos conhecemos, enfim, falar desse disco é chover no molhado. Como digo em off, é um disco atemporal, é uma coletânea em forma de disco, você tornar oito de dez músicas de um álbum em singles é algo que não consigo me lembrar na história da música. O disco começa com a clássica “Óculos”, seguida da não menos clássica “Meu erro”, dá continuidade em “Fui Eu”, trafega pela balada “Romance Ideal”, literalmente faz uma homenagem ao ritmo que leva o nome da música em “Ska”, nos brinda com a ótima sinergia de “Mensagem de Amor”, que solo no final, que solo, aquele flerte que todo mundo queria ter/fazer/participar em “Me Liga”, uma das minhas preferidas, visitando novamente o ska em “Assaltaram a Gramática”, mais uma simbiose de ritmos em “Menino e Menina” e pra fechar esse clássico atemporal dos anos 80 a música que leva o nome do disco “O Passo do Lui”, mais uma influenciada pelo ska, o Lui do disco e da música é Luis Antônio Alves, conhecido dançarino de ska.
Resumindo tudo o que foi relatado, O Passo do Lui foi e é um disco imbatível que aliou qualidade, popularidade, identidade temporal e sucesso em vendas. Realmente é um marco do rock nacional dos anos 80. Dentre os vários ótimos discos da década O Passo do Lui, com toda certeza, é um superlativo de sua época. Vida longa aos Paralamas do Sucesso.
Antes “de me ir”, convido vocês blogonautas… blogonautas não! Somos site agora, Denis Borges! Às vezes me esqueço disso. Falha minha! Convido vocês, leitores do A História do Disco, à assistir ou escutar – virou CD em 2007 – o show emblemático, com certeza um dos melhores shows já feitos por uma banda no Rock In Rio, que Os Paralamas do Sucesso fizeram em 1985, no primeira edição do festival brasileiro. Um show S E N S A C I O N A L para uma banda que estava ainda em seu segundo disco, em um festival de tamanha magnitude mundial e que, para nós brasileiros, advindos de ditadura militar, reunir tantos nomes grandiosos da música e do rock mundial em um formato inédito no país era algo inimaginável, realmente o primogênito dos Rock In Rio foi algo impensável, realmente inimaginável para 99,99% da população, menos para o empresário – João Fortes – um dos caras que convenceu o Medina a convidar a banda para participar do evento. Enfim, devido ao grande sucesso de O Passo do Lui, Os Paralamas do Sucesso participaram desse marco histórico que foi o primeiro Rock In Rio e representaram muito bem as cores canarinhas. Mal sabiam eles que aquela apresentação ajudaria a banda a se consolidar como uma das maiores no cenário nacional até hoje.
“Batemos o recorde do Roberto Carlos. (…) Uma loucura, ‘culpa’ do Rock in Rio!”. Fala de Bi Ribeiro, baixista do Paralamas sobre a repercussão do festival.
Vou ficando por aqui, terminando com aquele velho chavão: “espero que tenham gostado”. O disco é um clássico dos anos 80 que representa bem o que significaram essas maravilhosas bandas que nasceram nessa década impar para a musica brasileira. Um grande abraço a todos e até a próxima resenha aqui no A História do Disco!
Faixas do Disco
1 – Óculos
2 – Meu Erro
3 – Fui Eu
4 – Romance Ideal
5 – Ska
6 – Mensagem de Amor
7 – Me Liga
8 – Assaltaram A Gramática
9 – Menino E Menina
10 – O Passo Do Lui