Red Hot Chili Peppers – Californication (1999)
Fala galera do blog A História do Disco, depois de algum tempo longe, eu, Denis Borges estou de volta e hoje para falar de um disco que gosto demais e que foi muito importante para essa banda, costumo dizer que esse álbum foi um divisor de águas na carreira dos caras. Sim meus caros estou falando de Californication, um dos melhores discos de uma das melhores bandas de rock ainda na ativa, o Red Hot Chili Peppers.
Pode-se dizer que o Red Hot é uma das bandas mais velhas que estão na ativa e gravando novos álbuns, são 33 anos e 11 discos de estúdio desde sua formação original lá em 1983. Sempre conhecidos pelo por sua energia e irreverencia nos palcos, os californianos tiveram uma carreira muito agitada e a medida que iam ganhando notoriedade na cena musical de Los Angeles os problemas iam aumentando na mesma proporção. Kiedis e Hiliel Slovak (guitarrista fundador da banda) começavam seu forte e mortal envolvimento com drogas pesadas. Em 88, logo após a turnê do terceiro disco da banda Slovak é encontrado morto, causa: overdose de heroína.
Abalados pela morte de Slovak, os caras dão um tempo e cada um segue seu caminho. Após esse hiato, Flea e Kiedis se reencontram e decidem que ali não era o fim do Red Hot Chili Peppers. A partir daí eles vão em busca de um novo baterista e um guitarrista a altura de Slovak. Depois de testar muita gente, Chad Smith assume as baquetas e um garoto de apenas 18 anos (que era muito fã do Red Hot) assume a guitarra, seu nome era John Frusciante. Era concebida a melhor formação que a banda teve até hoje.
Por conta da genialidade de Frusciante e sua idolatria pela banda, o entrosamento foi muito rápido e logo a banda lançou Mother’s Milk em 1989. O disco se sai bem, o entrosamento dos quarteto aumenta e em 1991 eles lançam Blood Sugar Sex Magic, aliás, meu disco preferido. O disco eleva o status do Chili Peppers para de super banda, que chega a marca de mais de 19 milhões de discos vendidos.
Tudo estava indo muito bem para o quarteto: turnê mundial, sucesso e mídia. Esse conjunto de fatores mexe de forma diferente com os integrantes, Kiedis, que nunca deixou o vício de lado, continua sua jornada atrás da heroína perfeita e Frusciante, que sempre foi um cara muito calado e introspectivo, começa a usar drogas para aliviar o peso do sucesso repentino, afinal, o guitarrista tinha apenas 20 e poucos anos. Daí, de uma hora pra outra ele resolve deixar a banda no meio da turnê. Sem conseguir convencer John a ficar, os caras contratam um guitarrista “tampão” e após a turnê convidam Dave Navarro ( ex Janes Addiction) para se juntar a banda. A interação entre Navarro e o restante da banda não acontece como planejado e isso se reflete no disco “One Hot Minute” de 1995. Após a turnê do disco, Navarro enxerga a incompatibilidade musical entre ele e o Red Hot e decide sair. O Red Hot Chili Peppers tem sua pior crise.
Estou contando um pouco sobre a história da banda para que você leitor consiga mensurar o tamanho da importância que o disco Californication teve para todos, não só na esfera musical como também na pessoal.
Mais um hiato e todas as incertezas conspirando contra a continuidade da banda. Kiedis, agora limpo, fala para Flea que sem Frusciante ele não acredita que conseguiriam voltar a ser o Chili Peppers de outrora. Flea então decide procurar John, que havia passado por um processo de reabilitação. Alguns relatos afirmam que o guitarrista viveu em estado deplorável antes da internação. Com a constatação da melhora vista por Flea, veio o convite para que Frusciante voltasse ao Red Hot, convite que foi prontamente aceito e ali nascia o disco Californication.
A banda se reúne em 1998 para começar o trabalho de criação do novo disco, e diferentemente do que aconteceu com Navarro, o processo de criação acontece de maneira rápida e fluida. Kiedis, feliz pela volta de John, compunha letras mais profundas e reflexivas e Frusciante, sempre criativo, aparecia cheio de riffs e solos para dar vida às letras criadas por Kiedis. Isso tudo somado a “cozinha” genial de Flea e Chad fez de Californication o disco mais vendido da banda, foram 33 milhões de cópias espalhadas por todo o globo.
A faixa Around The World abre o disco fazendo a gente pensar: Por que diabos Frusciante ficou tanto tempo longe do Red Hot!? Músicas como Get On Top, I Like Dirt e a empolgante Right On Time trazem aquela mistura de funk, punk, rap e rock característicos da banda. Por outro lado as faixas Porcelain, Savior e a bela Road Trippin’ trazem uma sonoridade diferente no disco.
É notável o amadurecimento musical e pessoal da banda ao longo dos 15 anos de estrada, esse amadurecimento fica claro nas três músicas de maior sucesso do disco: Scar Tissue, Otherside e Californication.
Kiedis é um compositor que fala muito sobre si e sobre as coisas ao seu redor em suas letras, é o que você leitor poderá perceber ao ouvir as três músicas citadas acima. Em Otherside, apesar de versos confusos e desconexos, supomos que ele fale sobre os altos e baixos de sua vida sempre ligada ao vício em heroína e afins. Californication é sobre o lado obscuro de viver em Hollywood, a obsessão das pessoas pelo dinheiro, pela fama, estando dispostas a tudo para ser uma celebridade. E chegamos a faixa Scar Tissue, a minha preferida alias, em que apresentarei palavras do próprio Kiedis sobre a mesma:
“..quando John começou a tocar um riff de guitarra eu soube imediatamente que seria ” a música”. A vibração era divertida, de quem estava feliz por estar vivo, de uma fênix que renascia das cinzas.”
O trecho acima foi retirado da autobiografia de Kiedis intitulada Scar Tissue. Você pode ler mais trechos da mesma através deste link:
www.universofrusciante.com/p/scar-tissue.html
Californication representou um recomeçou para os integrantes do Red Hot, principalmente para Kiedis e Frusciante que tiveram uma relação difícil com o vício. E pra mim Californication ser o “divisor de águas” fica bem claro quando olhamos os discos posteriores gravados pelo Red Hot Chili Peppers, temos o By The Way (2002), sucesso de público e crítica (inclusive merece uma resenha aqui no blog também hahaha) e o duplo Arcadium Stadium (2006), um disco alias que eu gosto muito, por ser um disco duplo contém mais faixas e assim encontramos muita coisa diferente e boa nele, uma volta as raízes com um Frusciante sempre genial e criativo.
Depois de férias mais que merecidas, em 2011 eles lançam I’m With You, novamente sem Frusciante. Como fã, gosto de tudo que os caras fazem, mas é nítida a falta que Frusciante faz. Josh Klinghoffer corresponde bem, afinal ele já tocava com a banda como guitarrista de apoio há alguns anos. Mas eu ainda como fã tenho em mente que os melhores trabalhos da banda foram concebidos com John Frusciante, infelizmente a comparação é inevitável e também desigual.
É importante citar também que mesmo com a mudança de músicos, altos e baixos, e o envolvimento de Kiedis com as drogas, o Red Hot sempre foi uma banda muito ativa, com excelentes apresentações cheias de energia e irreverencia que sempre foi o ponto alto do quarteto californiano.
Em junho desse ano (2016) a banda lançou o álbum The Getaway, isso após muito expectativa dos fãs. Após uma “primeira escutada” no disco, senti novamente a falta da guitarra de Frusciante, mas após “outras ouvidas” percebi quão bom é o disco, percebi também que Josh é Josh e não Frusciante e que agora ele está mais entrosado com o restante da banda. Desta forma o garoto vai escrevendo sua própria história como um Chili Peppers.
Agradeço novamente o espaço cedido aqui no blog a História do Disco e desejo vida longa ao Red Hot Chili Peppers o/
Faixas do Disco
5 – Get On Top
13 – Purple Stain
14 – Right On Time
15 – Road Trippin’
Ouça o disco Californication do Red Hot Chili Peppers completo.
Confira a faixa Californication em uma super performance ao vivo do Red Hot em Slane Castle.