Pearl Jam – Ten (1991)
Olá blogonautas do A História do Disco!
Prazer, me chamo Denis Borges e pedi licença ao meu amigo Bruno para falar um pouco sobre um dos motivos de eu ter escolhido o Rock como meu estilo musical. Tudo começou em uma cidade fria e úmida, mas de uma cena musical extremamente quente. Nomes como Ray Charles, Quincy Jones e um tal de Johnny Allen Hendrix, ou para nós meros mortais, Jimi Hendrix, precederam o que viria a ser a cereja do melhor bolo que Seattle já fez, o movimento Grunge. Sim, não apenas um nome ou uma banda, mas todo cenário que em minha humilde opinião deu a última grande revolucionada sonora no rock ‘n roll. Meninos de classe média que não tinham o que fazer (em uma cidade em que guarda-chuva não é acessório e sim um item obrigatório) escutam hardcore, punk, heavy metal e indie rock. Ficavam em seus porões tocando suas guitarras cheias de distorções que produziam, e algumas ainda produzem, um som sujo, o “grunge” e letras repletas de sentimentos como apatia ou descontentamento social.
Esse novo estilo de fazer rock dominou a cena musical dos anos 90, nos agraciando com bandas do quilate de: Nirvana, Soundgarden, Alice in Chains e a minha preferida, o Pearl Jam. E é sobre o Pearl Jam que vou falar um pouco, mais precisamente sobre seu primeiro disco, o Ten.
Lançado em 27 de agosto de 1991, o disco não foi um estouro de imediato, ao contrário de Nevermind – do Nirvana – ele precisou de pelo menos um ano para se tornar realmente um sucesso, alcançando até os dias de hoje aproximadamente 10 milhões de discos vendidos somente nos EUA. O nome Ten, não é uma referência ao número de faixas contida no disco, que na verdade são 11, mas sim, ao número da camisa do jogador de basquete Mookie Blaylock, ex-armador doNew Jersey Nets e Atlanta Hawks. A título de curiosidade, o primeiro nome da banda era exatamente, Mookie Blaylock, só que futuros problemas comerciais com o jogador e também por não ser um nome nada comercial para uma banda de rock fizeram com que os integrantes mudassem o nome para Pearl Jam, que em tradução livre seria Geleia da Pérola, segundo Eddie Vedder, sua avó fazia uma geleia com ingredientes indígenas que eram alucinógenos. Existem outras teorias sobre o significado do nome, mas isso fica para uma próxima resenha, pois agora vamos falar um pouco sobre as faixas desse sensacional álbum.
Depois de uma breve introdução sobre Seattle, Grunge e Pearl Jam vamos ao que realmente interessa aqui, as músicas. Podemos destacar logo de cara os três singles que tocaram nas rádios, não são necessariamente as melhores ou de maior sucesso, mas acredito eu, as que representariam melhor o som da banda no momento. O primeiro single foi exatamente a primeira música do Pearl Jam que escutei, Alive.
Alive tem uma história singular, já que a música foi criada por Stone Gossard – guitarrista – antes de Vedder entrar para a banda. Aliás, a música foi a porta de entrada para Vedder. Ela chegou até ele através do então baterista do Red Hot Chilli Peppers, Jack Irons. A letra Vedder compôs logo em sequência, após uma manhã de surf. O resto virou história. Um outro dado curioso é que parte da letra conta a história de vida de Eddie Vedder, onde ele descobre que seu pai biológico não é o seu pai de criação, isso aconteceu quando ele tinha 17 anos. Musicalmente falando acho Alive uma música poderosa que começa bem, com um belo e marcante riff e termina melhor ainda, com um solo final sensacional.
A segunda música que destaco é Even Flow. Segundo single comercial da banda, alcançou um sucesso maior do que Alive. É unanime entre os músicos que era uma das músicas mais desafiadoras de se tocar, modificaram-na cerca de 70 vezes até achar o ponto. Segundo McCready – guitarra solo – até hoje, Stone Gossard, o outro guitarrista, ainda não encontrou a maneira perfeita de tocá-la. McCready fala também que ele praticamente plagiou tudo o que sabia sobre Stevie Ray Vaughan e mesmo assim não ficou bom. Imagina se tivesse ficado. A letra ficou a cargo de Eddie Vedder e retrata bem o Grunge. Fala de problemas sociais, sobre pessoas que moram nas ruas e o preconceito que elas sofrem.
Para fechar a trinca dos singles comerciais, o mais comercial de todos, Jeremy. Posso afirmar isso pelo sucesso que seu videoclipe fez e faz desde que foi lançado em 92. A saudosa MTV, passava exaustivamente na sua programação. O clipe ganhou quatro MTV Vídeo Music Awards em 93. Jeremy é uma história verídica de um menino que cometeu suicídio em plena sala de aula. Ela foi criada após Eddie ler a pequena notícia em um jornal. Ali ele decidiu que coisas desse tipo aconteciam frequentemente e tinha que fazer algo para que as pessoas começassem a pensar a respeito. Hoje o conceitual clipe de Jeremy quase não é mais exibido, sob a alegação que o videoclipe poderia estimular jovens a cometerem esse tipo de atrocidade.
Poderia escrever páginas e páginas sobre o álbum, até agora falei apenas de três músicas, apenas três. Mas para não ficar cansativo vou escrever brevemente o que acho relevante e curioso. E como diria o outro: vamos começar do começo. E o começo é Once. Três fatos curiosos sobre ela. O primeiro e que Alive, Once e Footsteps (essa última entrou no disco, Lost Dog) fazem parte de uma miniópera que é intitulada de Mamasan. Alive fala do filho que não é filho – Vedder. Once fala sobre a revolta que essa informação trouxe para esse garoto o transformando em um assassino, descontando toda a sua fúria no mundo – ficção ou o que realmente Vedder queria fazer naquele momento – e Footstep, finaliza a trilogia com a prisão e depois a morte desse adolescente. A segunda curiosidade é que a introdução de Once e o instrumental após o final de Release – última música do disco – se completam em um verdadeiro inicio e fim. E a última curiosidade é exatamente sobre Release. Única música composta por todos os integrantes. Mas para quem já a escutou, principalmente ao vivo, percebe a emoção com que Vedder canta. Vendo a tradução percebemos que ele a escreveu para o seu verdadeiro pai. Aquele que sua mãe lhe conta em Alive.
Pra quem pensou que tinha acabado por aqui, mero engano meus caros. Parafraseando o Zagalo: vocês vão ter que me engolir… só mais um pouquinho e é por um bom motivo, acreditem.
O disco é digno de uma banda que vem atravessando gerações e que juntamente com o U2, Metallica e Red Hot Chilli Peppers completa o grupo de bandas acima de 20 anos com maior relevância dentro do rock internacional e que ainda estão em atividade.
Vou falar da música que é a mais marcante pra mim nesse álbum, Black. Ela com toda a certeza é a minha balada rock ’n roll predileta de todos os tempos. Eddie conseguiu sintetizar nessa balada o verdadeiro significado de tomar um toco, ou um fora como dizem hoje em dia. Para se ter uma ideia do significado dessa música, ele vetou a gravadora de lançar Black como o quarto single comercial do disco. A gravadora falava que Black era maior que Alive e que Jeremy e que a faixa iria alavancar o grupo a nível de super banda. Ele, avesso à popularidade, falou que não queria macular o verdadeiro significado que ela tinha, transformando-a em algo comercial, banalizando seu significado. Recomendo vocês escutarem a versão do Acústico MTV (chamado de Unplugged na MTV Americana) de 92, onde no final ele, do nada, sem fazer parte da letra oficial ou do script, emenda um: We, we, we, we, we belong together! Together! Ou. Nós, nós, nós, nós, nós deveríamos ficar juntos! Juntos! Totalmente sensacional e arrepiante. Tentei descobrir quem é a mulher por trás da letra, mas ele é totalmente vago quando fala sobre ela.
Bom galera é só isso ou tudo isso…rs. Me desculpem por não ter feito algo menor, mais objetivo, mas quando falo de PJ me empolgo e aí já viu. Espero que apesar de tudo tenham gostado e pra quem ainda não conhece o álbum ou todas as suas músicas, escutem, é uma bela obra. Pra mim, a melhor banda que o Grunge de Seattle já produziu. Um abraço a todos e quem sabe se for bem aceita, volto para contar A História – de algum outro – Disco.
Não deixem de assistir o documentário DVD PJ TWENTY dirigido por Cameron Crowe que conta os 20 anos de história do Pearl Jam.
Para quem quiser saber mais sobre o Grunge e Seattle podem procurar pelo filme chamado Single – Vida de Solteiro, também dirigido por Cameron Crowe que retrata “a Seattle” do ínicio dos anos 90 e do grunge. Várias bandas aparecem no filme com destaque para o Alice in Chains. Vocês podem assistir também o documentário em forma de série que o Foo Fighters fez para a HBO, chamado Sonic Highways, que percorreu oito cidades com fortes influências na música norte americana. O sétimo episódio fala de Seattle, sobre grunge e acima de tudo sobre Nirvana e Kurt Cobain.
Faixas do Disco
1 – Once
2 – Even Flow
3 – Alive
4 – Why Go
5 – Black
6 – Jeremy
7 – Oceans
8 – Porch
9 – Garden
10 – Deep
11 – Release
Ouça aqui o álbum Ten completo!
Assista ao polêmico clip da faixa Jeremy.
Confira aqui o trailer do documentário PJ Twenty.
Um abraço a todos e até a próxima!